Por Sérgio Andrade (http://deaosergioandrade.com.br)
Publicado em on julho 9, 2012
Em geral, as pessoas não admitem, porém há uma enorme dificuldade entre a maioria delas para refletir com profundidade acerca de temas importantes, tais como nossas perdas, nosso luto e nossa saudade. Em diversas ocasiões, isto só acontece quando somos confrontados com o inesperado: a partida de alguém.
Ente tantos sentimentos, em condições como estas nada mais difícil que encarar do que a presença da saudade.
Para Pablo Neruda, poeta chileno, saudade “é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não embora. Saudade é amar um passado que ainda não passou. É recusar um presente que nos machuca. É não ver o futuro que nos convida…Saudade é sentir que existe o que não existe mais…Só uma pessoa no mundo não deseja sentir saudade: aquela que nunca amou. E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudade, passar pela vida e não viver”.
Com atenção, percebemos que ao escrever para Timóteo, o apóstolo Paulo abordou este tema com seu jovem aprendiz. Ele afirmou que trazia consigo lembranças daquelas que foram exemplos e educadoras para o iniciante pastor: “Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.” (2 Tm 1.5).
Neste contexto, Paulo nos indica que a saudade se evidencia como algo relevante quando vem acompanhada pelos aprendizados que recebemos daqueles que partiram. Fé, cuidado, lealdade e consagração são palavras e princípios presentes que indicam o legado que nutre e concede razão à saudade.
Percebemos ainda, nestas relações, que a saudade tem importância quando é abençoadora para aqueles que nos cercam. Isto ocorre quando nossas lembranças extrapolam o sentimentalismo e o infantilismo para reverberar as certezas que permaneceram apesar dos anos passados. “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” (2 Tm 2.1-2).
Finalmente, reconheçamos que a saudade bem vivida nos impulsiona para frente, pois com ela celebramos a vida e o futuro. Quem somos hoje deve ser resultado desta trajetória que começa com o outro, passa por nós e será perpetuada por aqueles que virão (2 Tm 3.14-17).
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