domingo, 31 de março de 2013

RESSURREIÇÃO – A VITÓRIA DA VIDA

Por Robinson Cavalcanti

Apesar do ceticismo, da indiferença, da rejeição ou da repressão de tantas pessoas, nações e Estados, hoje comemoramos o dia mais importante da história da humanidade, e, em particular, o dia mais importante da história da Igreja: a universal assembleia dos remidos, o Povo de Deus, da nova e eterna aliança. Mais do que a superação da Páscoa Judaica, como prenúncio e anúncio da Nova Páscoa que haveria de vir, com a Ceia do Senhor ou Eucaristia, como memorial e sacramento, alimento espiritual para a jornada da fé, nós celebramos hoje o feito único da Ressurreição.

Ressurreição é vida de novo, e vida para sempre. Ressurreição é vitória sobre a morte, mas, também, vitória sobre o pecado e sobre satanás. Ressurreição é a reabertura das portas para a eternidade. Porque Ele ressuscitou, nós também ressuscitaremos no último dia, e reinaremos com Ele eternamente na Nova Jerusalém.

Ressurreição é a afirmação clara da singularidade, do caráter único de Jesus Cristo, Filho do Pai, segunda pessoa da Santíssima Trindade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, caminho, verdade e vida; único Senhor e único Salvador, que recebemos de Graça pela Fé, mediante a ação do Espírito Santo.

Ressurreição é afirmar a singularidade, o caráter único das Sagradas Escrituras, Palavra de Deus, que nos trouxe as profecias messiânicas e nos narra a vida, as palavras, os gestos, os ensinos, os exemplos, a paixão, a morte e a ressurreição do Messias.

Ressurreição é afirmar a singularidade, o caráter único da Igreja, como portadora dessa mensagem.

Temos sido alimentados espiritualmente no Tempo da Quaresma, e, particularmente durante a Semana Santa, com os seus ricos ensinamentos e a sua reapropriação por nós, fortalecendo a nossa fé e a nossa esperança.

Que haja um desdobramento de santidade, de maturidade, de compromisso, de exercício de dons e vocações na missão para a qual cada um de nós foi chamado. Não somente emoções e palavras, mas atos concretos.

Verdadeiramente o Senhor Ressuscitou. Aleluia!

João Pessoa (PB), 03 de abril de 2010,
Anno Domini.
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano

domingo, 24 de março de 2013

Pela misericórdia de Deus


Philip Yancey

O escritor Brennan Manning, que dirige retiros espirituais várias vezes ao ano, me disse que nenhuma pessoa que seguiu seu regime para um retiro silencioso deixou de ouvir a Deus. Intrigado e cético, me inscrevi para um destes retiros com duração de cinco dias. Cada participante se encontra uma hora por dia com Brennan, que nos dava suas indicações sobre meditação e o trabalho espiritual. Também nos encontrávamos juntos para um culto diário, quando Brenann falava. Além disso, éramos livres para gastar nosso tempo como quiséssemos, com apenas uma exigência: duas horas de oração por dia.

Duvido que eu tenha dedicado mais de 30 minutos consecutivos em algum tempo em minha vida. No primeiro dia, fui até a um canto de uma campina e me encostei numa árvore. Tinha levado a indicação de Brennan para aquele dia e um caderno para registrar meus pensamentos. Por quanto tempo eu ficaria acordado?
Para minha felicidade, um bando de 147 alces (e eu tinha todo o tempo do mundo para contá-los) passeava pelo campo onde eu estava. Ver um alce é interessante; ver 147 em seu habitat natural é fascinante. Logo, no entanto, aprendi que olhar 147 alces por duas horas é muito chato. Eles afundavam suas cabeças e pastavam. Eles levantavam suas cabeças em conjunto e olhavam uma gralha estridente. Abaixavam as cabeças de novo e pastavam. Por duas horas nada mais aconteceu. Nenhum leão da montanha atacou; nenhum búfalo lutou entre si. Todos os alces se curvavam e pastavam.

Depois de algum tempo, a calma da cena começou a me incomodar. Os alces não tinham notado a minha presença. Fui envolvido em seu meio, fazendo parte do seu ritmo. Não mais pensei no trabalho que me esperava em casa, nos compromissos diante de mim e nem na leitura que Brennam me pedia. Meu corpo relaxou. No silêncio de chumbo, minha mente se aquietou.

Como escreveu Meister Eckhart, para aquietar a mente nada é mais poderoso, mais profundo, mas impressionante e perfeito que a oração. Um alce não tem trabalho para aquietar a mente; ele se dá por contente por estar num campo o dia todo com seus colegas alces, pastando. Quem ama não acha trabalhoso ir ao encontro do amado. Oro por um tipo de atenção assim absorvida diante de Deus.

Não voltei a ver os alces, por mais que procurasse nos campos e florestas. Nos dias seguintes, disse muitas palavras a Deus e me assentei em silêncio em sua presença. Fiz listas e vieram à minha mente muitas coisas que não teriam vindo se não tivesse me assentado no campo por horas naquele dia. A semana acabou se tornando uma espécie de checkup espiritual. Não ouvi nenhuma voz audível, mas no fim da semana concordei com Brennan: eu tinha ouvido a Deus.

Fiquei mais convencido de que Deus encontra formas de se comunicar com aqueles que o buscam de verdade, especialmente quando baixamos o volume do ruído ao nosso redor. Lembro-me de ter lido o relato de uma pessoa que interrompeu sua vida ocupada para gastar um pouco de tempo num mosteiro. O monge que mostrava a cela ao visitante lhe disse: “Espero que sua permanência o abençoe. Se você precisar de alguma coisa, diga-nos e nós lhe diremos como viver sem isto”.

Aprendemos a orar orando. Duas horas concentradas num dia me ensinaram muito. Para começar, preciso saber mais sobre Deus do que sobre mim mesmo quando estou orando. Geralmente vou a Deus com uma lista de compras, quando deveria ir com o desejo de gastar tempo com ele, discernir o que Ele quer de mim. Foi na campina dos alces que misteriosamente descobri que a resposta para minhas orações estava ao meu redor todo tempo. Nada mudou em meus sentidos, mas, através da oração, eu os abri para Deus. Como escreveu o poeta Rilke, quando cantamos ouvimos mais claramente.

Depois de um tempo com Deus, meus pedidos urgentes que pareciam tão importantes ganharam uma nova luz. Comecei a pedir, mas agora por causa da misericórdia de Deus. Embora minhas necessidades possam me levar à oração, é aí que me encontro com minha maior necessidade: um encontro com o próprio Deus. (Tradução de Israel Belo de Azevedo)

Philip Yancey é jornalista, teólogo e escritor.

sábado, 16 de março de 2013

Lapidando um diamante

Por: Josué Campanhã

Publicado em 27/12/07

Valter e Susana casaram-se. Eles tinham 21 anos de idade e uma cabeça cheia de sonhos. Os dois logo conseguiram comprar uma casa e Valter arranjou um bom emprego numa multinacional. Três anos depois do casamento, nasceu Suzane, uma linda garota de olhos azuis. Valter e Susana eram ativos na igreja. Trabalhavam com adolescentes, ajudavam na escola dominical e participavam de todas as atividades da igreja.

O tempo foi passando e o casamento parecia normal. Olhando de fora, faziam o tipo da família perfeita. A vida financeira estruturada, a vida profissional estabilizada, ativos na igreja, a filha já adolescente estudando normalmente, e a vida espiritual aparentemente boa.

Depois de completarem 20 anos de casamento tudo ruiu. Os dois cada vez mais irritados já não conseguiam conversar sem brigar. As conversas com a filha eram no mesmo tom, sempre um procurando rebaixar o outro. O esfriamento na vida espiritual e o afastamento das atividades da igreja chegaram num instante. Continuaram na igreja, mas como membros passivos e inertes.

O pastor foi logo procurado para se saber o que ele ou a igreja poderiam fazer pelo casal infeliz. Os que olhavam de fora não entendiam como um casamento aparentemente tão bem estruturado podia ter chegado a este estágio. Que final você daria para esta história?

O caso de Valter e Susana tem se repetido com mais freqüência a cada dia. Alguns casos chegam a um final feliz, pois o casal se quebranta diante do Senhor, deixa seu egoísmo e permite que Deus atue em suas vidas. Outros infelizmente têm um final triste, pois impera a insensibilidade espiritual, o ego e os defeitos do outro falam mais alto do que as virtudes vistas até o dia do casamento.

Ninguém chega à conclusão de que deve separar-se depois de uma briga. Isto é um longo processo de desgaste. É como um copo que vai enchendo e um dia transborda. São suas atitudes diárias que determinam se você está lapidando o seu conjugue como um diamante ou perfurando a vida do outro como uma broca afiada. A lapidação é uma obra de dedicação e arte. A perfuração é uma atitude de força e às vezes até brutalidade.

Lapidar um diamante na vida conjugal é chegar às bodas de ouro sabendo que você tem em sua casa um conjugue que é uma jóia preciosa, e que você contribuiu para isto. Além disto, conforme o casal lapida-se um ao outro, é a forma como os filhos serão lapidados. Se você deseja um tesouro em sua casa, lapide o diamante que Deus lhe deu e faça o mesmo com as pedras preciosas que são seus filhos. O final da sua história depende de você.
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