domingo, 10 de julho de 2016

É MELHOR COM DEUS AO LADO


Por João Helder Diniz

"Então Moisés lhe declarou: “Se não fores conosco, não nos envies. Como se saberá que eu e o teu povo podemos contar com o teu favor, se não nos acompanhares? Que mais poderá distinguir a mim e a teu povo de todos os demais povos da face da terra?””
‭‭Êxodo‬ ‭33:15-16‬ ‭

Deus chamou Moises e disse que era hora de levantar acampamento, pois o povo de Israel já estava muito tempo acampado próximo ao Monte Orebe. Mas Moises faz um pedido a Deus: "se não fores conosco não nos envie!"

Deus também nos chama para sairmos da nossa zona de conforto e buscarmos trilhar novos caminhos mesmo que seja no deserto, assim como Moises.

O importante nessa caminhada é que Ele esteja ao nosso lado. Não importam as dificuldades, frustrações e desafios que enfrentaremos nesta jornada. O que conta é que o Cristo caminhe conosco, ajudando-nos a tomar nossa cruz e assim continuar a segui-Lo.

Caminhando lado a lado com Cristo, podemos apresentar nossas orações e súplicas, não porque merecemos, mas pela sua bondade, conforme diz o texto bíblico:

“Não te fazemos pedidos por sermos justos, mas por causa da tua grande misericórdia.”
‭‭Daniel‬ ‭9:18‬b NVI‬‬

Caminhar com Cristo é crer que ele estará do nosso lado, e por isso descançamos.
“Pois nós, os que cremos, é que entramos naquele descanso.”
‭‭Hebreus‬ ‭4:3‬ ‭NVI‬‬.

Assim aprendemos que fé não é ter poder para mudar os acontecimentos, mas descansar que Deus caminha conosco, mesmo que seja no vale da sombra da morte.

Que possamos encontrar alivio e descanso ao lado de Cristo.

Amem!

João

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Nada me faz falta!


Por João Helder Diniz

“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.” ‭‭Filipenses‬ ‭4:6-7‬ ‭NVI

Em tempos difíceis como os dias de hoje é muito difícil não andar ansioso com alguma coisa. Mesmo confiando nesta palavra que Deus nos dá, não tem como não perder o sono com as contas a pagar, as dívidas que se acumulam, e a falta de perspectiva para resolver os problemas no curto prazo.

Talvez o que Jesus quer nos dizer é que não importam as dificuldades, Ele pode preencher o nosso coração e mente com uma paz de espírito que não é possível explicar aos olhos humanos. Basta apresentarmos nossos problemas a Deus em oração, choro e gratidão. Com certeza, Ele controlará nossa ansiedade, nos dando tranquilidade e sabedoria para enfrentarmos os problemas que nos cercam.

Um dia desses, eu ouvi uma versão do Salmo 23:1 que nunca mais saiu da minha mente. "Se o Senhor é o meu Pastor, então nada me faz falta".

Que estejamos em paz, não porque não temos problemas, mas porque Jesus Cristo tem cuidado de nós!

João

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Atravessando desertos e tempestades


Por João Helder Diniz

Na vida nem tudo é um mar de rosas. Há fases na nossa vida quando pensamos que tudo está contra nós. Nada dá certo. E aí vem as perguntas sem respostas: Por que isso está acontecendo comigo? O que foi que eu fiz? Por que Deus não me responde? Porque Ele permite que eu esteja passando por isso? São perguntas difíceis de responder e se não queremos nos enganar com respostas fáceis ou promessas vazias, temos que admitir que passaremos por esta vida e muitas destas perguntas ficarão sem respostas.

O pior é enfrentar esse deserto, depois de estarmos vivendo uma época em que tudo parecia ir bem. Nossa família com saúde, Deus abençoando os negócios ou o emprego, nossa vida prosperando. E de repente, como aconteceu com Jó, tudo se desmorona! Sem muitas explicações, algo não previsto acontece e muda tudo.

Jó viveu essa situação a tal ponto que ele pergunta porque deveria continuar vivendo, se ele não tinha resposta nem solução para a tragédia que caiu sobre ele.

“Por que se dá vida àquele cujo caminho é oculto e a quem Deus fechou as saídas? O que eu temia veio sobre mim; o que eu receava me aconteceu. Não tenho paz, nem tranquilidade, nem descanso; somente inquietação”. (Jó‬ ‭3:23, 25-26‬ ‭NVI‬‬)

Por mais que achemos que o normal e desejável é uma vida tranquila, abençoada e próspera, temos que admitir que as provações e dificuldades são mais comuns do que imaginamos. Todos nós atravessamos desertos e tempestades. É a fase mais difícil de nossas vidas, onde nossa fé é posta à prova e duvidamos se Deus está conosco, se Ele ainda age, e se Ele de fato se importa com o que nos aflige.

Na Bíblia, vamos encontrar vários personagens que atravessaram desertos e tempestades. Eu gosto muito da história de Moisés. Um líder que durante dois terços da sua vida, viveu em desertos. Primeiro, quando fugiu do Egito, com medo do Faraó, depois de haver matado um soldado egípcio. Você pode imaginar o desafio para Moisés ter que se adaptar à vida dura e simples do deserto, depois de ter vivido o luxo dos palácios do Egito? Não deve ter sido fácil para ele ter que dormir em tendas, cuidar das cabras, e enfrentar os perigos do deserto. Mas Deus usou tanto o tempo no Egito, onde Moisés aprendeu sobre liderança, ciência e estratégias de guerra, quanto o tempo no deserto, onde desenvolveu a capacidade de resistir e superar as condições mais difíceis, e assim o preparou para uma tarefa muito maior no futuro.

Muitos anos depois, Paulo também nos conta que Deus usa as experiências em nossas vidas, seja na bonança ou na privação, para fortalecer nossa capacidade de resistir aos dias maus e de glorificar a Deus em qualquer tempo.

“Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece. ” (‭‭Filipenses‬ ‭4:12-13‬ ‭NVI‬‬)

A segunda vez que Moisés enfrentou o deserto foi atendendo ao chamado de Deus para conduzir seu povo, da escravidão do Egito à liberdade nas terras que manam leite e mel. Não foi uma tarefa fácil, tampouco ele se sentia preparado. Mas Deus usou as experiências anteriores, tanto no Egito quanto no deserto, para prepara-lo para o maior desafio da sua vida.

Mais do que a preparação prévia, Moisés sabia que somente poderia ser bem-sucedido, se Deus estivesse com ele, acompanhando-o em toda a jornada e ele conhecesse o propósito de Deus em tudo o que iria acontecer.

“Disse Moisés ao Senhor: “Tu me ordenaste: ‘Conduza este povo’, mas não me permites saber quem enviarás comigo. Disseste: ‘Eu o conheço pelo nome e de você tenho me agradado’. Se me vês com agrado, revela-me os teus propósitos, para que eu te conheça e continue sendo aceito por ti. Lembra-te de que esta nação é o teu povo”. Respondeu o Senhor: “Eu mesmo o acompanharei e lhe darei descanso”. (‭‭Êxodo‬ ‭33:12-14 NVI)

Deus esteve com Moisés durante toda a travessia do deserto, por longos 40 anos, atendendo seus pedidos e intercessão pelo povo, porque o conhecia e se agradou dele.

"Como se saberá que eu e o teu povo podemos contar com o teu favor, se não nos acompanhares? Que mais poderá distinguir a mim e a teu povo de todos os demais povos da face da terra? ” O Senhor disse a Moisés: “Farei o que me pede, porque tenho me agradado de você e o conheço pelo nome”. ” ‭‭ (Êxodo‬ ‭33:16-17‬ ‭NVI‬‬)

Nos desertos que atravessamos em nossas vidas, creio que a nossa oração não deve ser para que Deus nos livre do deserto, mas para que Ele nos acompanhe durante as fases difíceis que enfrentamos e que revele o seu propósito. A travessia pode ser longa, penosa, podendo até por em dúvida a confiança que iremos supera-la. São nestas circunstâncias que precisamos nos aproximar de Deus e pedir que Ele nos acompanhe e nos dê o descanso ("Eu mesmo o acompanharei e lhe darei descanso”).

Não é fácil descansar em Deus quando estamos enfrentando uma fase difícil nas nossas vidas, quando uma tempestade se abate sobre nosso frágil barquinho. Por mais que conheçamos a promessa que Ele estará conosco, as dúvidas, medos e ansiedades nos dominam. Isso também aconteceu com os discípulos de Jesus, mesmo eles estando ao seu lado.

“Certo dia Jesus disse aos seus discípulos: “Vamos para o outro lado do lago”. Eles entraram num barco e partiram. Enquanto navegavam, ele adormeceu. Abateu-se sobre o lago um forte vendaval, de modo que o barco estava sendo inundado, e eles corriam grande perigo. Os discípulos foram acordá-lo, clamando: “Mestre, Mestre, vamos morrer! ” Ele se levantou e repreendeu o vento e a violência das águas; tudo se acalmou e ficou tranquilo. “Onde está a sua fé? ”, perguntou ele aos seus discípulos. Amedrontados e admirados, eles perguntaram uns aos outros: “Quem é este que até aos ventos e às águas dá ordens, e eles lhe obedecem? ”” (‭‭Lucas‬ ‭8:22-25‬ ‭NVI‬‬)

A pergunta de Jesus: "onde está a sua fé?" não foi porque os discípulos não conseguiram acalmar a tempestade, mas porque eles não estavam dormindo e descansando como Jesus. A promessa de Jesus é estar conosco, acalmar nossos corações e nos dá a paz, quando enfrentamos tempestades em nossas vidas.

“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. (‭‭Filipenses‬ ‭4:6-7 NVI‬‬)

Ter fé em Deus, não é ter o poder de acalmar a tempestade, mas é confiar que mesmo em meio às dificuldades Ele nos acompanha e assim podemos descansar em Jesus. É ter a convicção que as tristezas desta vida não se comparam às alegrias que estão por vir.
Quando confiamos que Deus nos acompanha nos desertos e tempestades, aprendemos que nosso caráter está sendo trabalhado e sairemos melhor do que quando entramos e assim nossa esperança se fortalece naquele que nos capacita.

“Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança.” (Romanos‬ ‭5:3-4‬ ‭NVI‬‬)

Que Deus fortaleça nossa fé para que possamos ver aquilo que nossos olhos não alcançam e assim tenhamos paz com Deus.

João Helder Diniz é Diretor Nacional da Visão Mundial Brasil.

sábado, 19 de outubro de 2013

OFICINA VAZIA

Por Marina Silva

Na varanda do quintal tenho a pequena oficina em que faço minhas joias, com sementes que os amigos trazem da floresta. Em silencioso trabalho, vou polindo também pensamentos, palavras, sentimentos e decisões. Nas vésperas de grandes momentos da política de que participo, encontro nesse trabalho inspiração e calma. Comparo-o à gravidez, quando precisamos de tranquilidade em meio a grandes esforços.

Às vezes, não há tempo para o artesanato, apenas o breve olhar saudoso para a oficina ao sair na pressa de viagens e reuniões. Resta o consolo do caderno onde desenho, num avião ou numa sala de espera, colares que um dia fabricarei.

Em dias mais agitados, nem mesmo o caderno. O tempo é semente preciosa e rara.

Mas consegui --em madrugadas de oração-- ver que há, instalado na alma, um dispositivo da fé que nos dá "calma no olho do furacão" e a esperança de que tudo sairá conforme uma vontade superior à nossa.

Essa conformidade exige condições. A primeira é a consciência tranquila de ter feito tudo o que estava em nossa capacidade de acreditar criando, não só cumprindo as regras, mas dedicando alma e coração.

Numa régua nos medimos. O chefe do governo sabe se faz tudo pelo direito republicano dos cidadãos ou só propaganda para manter o poder. O líder da oposição sabe se defende o bem do país ou torce por erros do governo para tirar votos. O empresário sabe se produz responsabilidade socioambiental ou só transforma prejuízo público em lucro privado. O magistrado sabe se busca justiça ou formalidades que condenam inocentes e absolvem culpados.

Por isso, a ética é base da sustentabilidade, espaço público e íntimo em que cada um encontra sua verdade e a segue ou a trai, ocultando-a sob uma consciência opaca.

Agora, revendo anotações para um artigo, acho desenhos e poemas em velhas páginas. Ergo os olhos para a oficina vazia. Nada lamento. Versos feitos noutro tempo de difícil transição política voltam hoje, quando espero justiça de mãos dadas com milhares de idealistas que superam boicotes e empecilhos para dar ao Brasil chance de uma nova escolha. Possa a poesia, que o tempo há de polir, encher o espaço entre esperança e realidade:

Sei não ser a firme voz que clama no deserto/ Mas estou perto para expandir seu eco/ Sei não ter coragem de morrer pelos amigos,/ Mas guardo-os em recôndito abrigo/ Sei não ter a doce força de amar inimigos,/ Mas não me vingo ou imponho castigo/ Sei não ser sempre aceito o fruto de minha ação/ Mas o exponho ao crivo d'outra razão.

Voz, coragem, força, aceitação/ Tem fonte no mesmo espírito/ Origem no mesmo verbo/ Lugar onde me inspiro/ E a semelhança preservo/ Na comunhão com meu próximo/ No Logos que em mim carrego.

[Publicado na Folha de S.Paulo, 27 de setembro 2013 - A2]

sábado, 28 de setembro de 2013

O que nos torna humanos

Por Ed René Kivitz

Publicado em 19 de Abril de 2012

"o que nos torna humanos não está na nossa mente, mas no nosso coração..."
Henry Nouwen foi um sacerdote católico, de origem holandesa. Ensinou nas Universidades de Harvard e de Yale, escreveu 40 livros, publicados em 20 idiomas, com mais de 20 milhões de cópias vendidas. Mas seu maior legado foi deixado pelo seu trabalho na comunidade Daybreak, nos arredores de Toronto, no Canadá, onde Nouwen desenvolveu suas atividades pastorais por oito anos.

De acordo com seus relatos, a coisa mais importante que Nouwen fazia na Daybreak era cuidar de Adam.
“Adam é um homem de 25 anos de idade”, disse Nouwen, “que não consegue falar, não consegue vestir-se, nem tirar a roupa, não pode andar sozinho, não pode comer sem ajuda. Ele não chora nem ri. Apenas às vezes faz contato com os olhos. As costas são deformadas.
Os movimentos dos braços e das pernas são distorcidos. Ele sofre de severa epilepsia e, apesar de pesada medicação, raros dias se passam sem ataques do grande mal. Às vezes, quando fica subitamente rígido, emite um gemido imenso. Em algumas ocasiões já vi uma grande lágrima rolar por sua face. Levo cerca de hora e meia para acordar Adam, dar-lhe medicação, carregá-lo até ao seu banho, lavá-lo, barbeá-lo, escovar seus dentes, levá-lo à cozinha, dar-lhe o café da manhã, colocá-lo na sua cadeira de rodas e levá-lo até ao lugar onde passa a maior parte do dia com exercícios terapêuticos”.

Philip Yancey, jornalista e escritor, conta que jamais esqueceu o dia em que acompanhou a rotina de Nouwen na Daybreak. Seu relato começa com uma confissão corajosa. “Devo admitir que tive uma dúvida passageira quanto a ser aquele o melhor emprego da sua vida”, diz Yancey. “Eu ouvira Henri Nouwen falar e lera muitos dos seus livros. Ele tinha muita coisa a oferecer. Outra pessoa não poderia assumir a tarefa servil de cuidar de Adam?”.

“Quando cautelosamente mencionei o assunto com o próprio Nouwen”, diz Yancey, “ele me informou que eu interpretara de todo erradamente o que estava acontecendo”. Veja como Nouwen encarava seu relacionamento com Adam.

“Não estou desistindo de nada. Sou eu, não o Adam, quem recebe os principais benefícios de nossa amizade. As horas passadas com
Adam deram-me uma paz interior tão satisfatória que fez com que a maioria de suas outras tarefas intelectuais parecessem enfadonhas e superficiais por contraste. No começo, quando me assentava com esse homem-criança desamparado, percebia como a busca do sucesso na academia e no ministério cristão era obsessiva e marcada pela rivalidade e pela competição. Adam me ensinou que o que nos torna humanos não está na nossa mente, mas no nosso coração, não é a nossa capacidade de pensar, mas a nossa capacidade de amar“.

Fonte: Ed René Kivitz

domingo, 11 de agosto de 2013

PAI NOSSO E PÃO NOSSO

Por Carlos Queiroz

Postado em 30 de março de 2013

A falta de pão na mesa do pobre é um problema decorrente da falta de espiritualidade no altar dos cristãos

A oração do Pai Nosso é, ao mesmo tempo, a oração do “pão nosso de cada dia”. O pedido por esse pão não é um apelo para o suprimento material. Jesus Cristo já havia ensinado aos seus discípulos a não se preocuparem com o alimento. Também já se conhecia a ideia de que Deus dá o pão aos seus amados enquanto eles dormem, de acordo com o Salmo 126. Conforme Jesus Cristo, a natureza se encarrega de suprir a carência das aves dos céus e dos lírios do campo; se Deus assim supre os pequenos animais e os vegetais, há, então, suprimento suficiente para todas as pessoas do planeta.

Como sabemos, o problema da falta de alimento para muitos não se deve à superpopulação ou à falta de solos aráveis. A monocultura, a exploração do semelhante e a concentração de renda, entre outros fatores, geram a fome e a miséria que têm vilipendiado tanta gente. Portanto, na oração do Pai Nosso, o pedido não é pelo pão – e sim, pela prática da socialização do pão. O alimento é um direito de todos os seres humanos. Quando uma minoria detém a maior parte dos bens, outras pessoas irão padecer necessidade.

O problema da desnutrição, para muitos, está na má utilização dos recursos naturais, quando se visa apenas ao lucro e ao acúmulo de capital, o que também leva à degradação do meio ambiente. Logo, o Pai Nosso não é uma prece para ser meramente repetida em nossas liturgias; ela é a oração sobre a ética da propriedade e dos bens. Para Jesus Cristo, vale mais uma vida eticamente correta do que a oração corretamente pronunciada.

Há muitos cristãos orando o Pai Nosso sem, contudo, expressar o reconhecimento – muito menos, o arrependimento – de que estão pondo muitas pessoas sob o castigo da fome e da morte. E é por causa de nosso egoísmo, revelado quando comemos muito e deixamos outros com fome, que há muitos doentes e mortos em nosso meio. Não discernir essa realidade significa comer e beber juízo para si, conforme I Coríntios 11.23-27.

Para muitos de nós, o Pai Nosso pode ser compartilhado e dividido; mas o pão, esse não – é exclusivamente “meu”. Ele é o ídolo que só na reza ou na burocracia religiosa pertence ao outro. O máximo que fazemos é uma doação filantrópica de nossas sobras. E, se damos a sobra, apenas denunciamos o nosso contexto de injustiça. É hipocrisia doar a sobra como se fosse um ato de misericórdia. A misericórdia se evidencia pela doação daquilo que nos faz falta.

Todo ídolo exige sacrifício. O ídolo de mercado, representado pela acumulação de propriedades e rendas, vive guardado no altar sagrado dos cofres bancários, venerado pelos seus adoradores, os mesmos que sacrificam os mais fracos e vulneráveis da sociedade.

No Brasil, o pão é de uma minoria. Mais de 32 milhões de pessoas passam fome, e 65 milhões de brasileiros alimentam-se de forma precária. O pão é um bem que pode ser acumulado ou socializado; por isso, a oração do Pai Nosso tem implicações econômicas, sociais e políticas. Orar ao Pai do céu pelo pão de cada dia é uma premissa contra a acumulação de bens.

O mundo seria diferente se todos os cristãos fizessem do Pai Nosso uma prática de justiça, solidariedade e socialização do pão. O Pai Nosso é a oração pelo pão de cada dia do outro. É a oração que muda a concepção fundiária e subverte a noção de renda ou posse dos bens. Portanto, é muito mais do que um jeito de orar – é, de fato, uma maneira de se viver.

O bem-aventurado pobre de espírito, citado em Mateus 5.3, vive motivado pela sensibilidade e pela compaixão, e tem prazer em socializar com outras pessoas tanto o Pão da Vida quanto o pão da terra. Além do mais, o bem-aventurado pobre de espírito é também feliz porque sente fome e sede de justiça. E essa sua fome, essa sua sede, são aguçadas diante da fome sofrida pelos injustiçados.

Não podemos mais admitir que nosso país – o maior em número de católicos e o segundo maior em número de protestantes – seja um dos países mais injustos do planeta. A falta de pão na mesa do pobre é um problema decorrente da falta de espiritualidade no altar dos cristãos. A carência de alimento passa a ser um sinal de nossa falta de espiritualidade à medida que o outro não o tem. Que o Pai do céu nos ajude a socializar o pão da terra.

sábado, 20 de julho de 2013

A Palavra de Deus

Por Ariovaldo Ramos

Certo dia um homem de meia idade procurou um pastor com a seguinte abordagem: - Preciso falar-lhe pastor sobre o meu casamento, na verdade, sobre a minha mulher.

Começou, então a descrever a sua esposa para o pastor; depois de duas horas e meia falando, sem parar, havia descrito algo perto de um monstro. Voltou-se ao pastor e perguntou: - Qual é a palavra de Deus para mim?

O pastor calmamente abriu as Escrituras e disse: A Bíblia diz: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela.” Ef 5.25

O homem ficou desconsolado, afinal ele havia descrito sua mulher como um monstro. A lógica dele lhe dizia: - Se eu amar essa mulher como Cristo amou a Igreja, aí sim que ela vai tornar a minha vida um inferno, vai se aproveitar dessa fragilidade.

Talvez estejamos tentados a dar razão ao homem, em questão; entretanto, o amor não nos torna frágeis, pelo contrário, faz de nós seres capazes de tudo suportar. E mais, ao amar aquela mulher, apesar de todos os defeitos que ele via nela, ele, de fato, estaria dando ao Espírito Santo as condições que Ele precisa para começar a transformação dela.

O amor é o ambiente onde o Espírito trabalha. E amar a quem devemos amar é compromisso que temos com o Espírito Santo.

Como ele pode ama-la com tudo o que está no coração dele? Em primeiro lugar ele deve confessar isso ao Senhor e pedir-lhe que mude isso; em segundo lugar ele deve começar a agir pela fé.

O que seria agir pela fé num caso destes? Significa tratar a esposa como a mulher amada. A medida que ele fosse obedecendo o Senhor, tratando a esposa a partir do compromisso de amar como Cristo, Deus, por sua graça, iria operando no seu sentimento.

A gente primeiro sai do barco para, depois, andar por sobre as águas. É preciso dar o passo da fé, da obediência. É assim que a Bíblia diz.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...