por Timoteo B. da Luz
O Corínthians tinha acabado de sofrer o empate aos 47 minutos do segundo tempo.
Lástima maior foi o que descobri naquele início de noite de domingo.
Naquela tarde, enquanto eu assistia ao futebol, Rute estava na cozinha lavando lentamente – mais do que o normal - a louça do almoço. Entrei reclamando do final do jogo e percebi que ela estava chorando.
Perguntei o que havia acontecido e ela me ignorou. Tentei novamente dizendo que não poderia ajudar em nada “até que resolvesse abrir a boca”.
Então veio a explosão, que assumiu proporções gigantescas em meio à manifestação de tanta dor. Minha esposa, que sempre me pareceu tão frágil, deixou-me paralisado com o que ouvi, enquanto a luz do sol desaparecia lá fora.
- "Você nunca faz nada, nunca sente nada, nunca percebe nada!" Aquele homem do meu trabalho que tem ligado aqui, eu tenho pensado nele mais do que deveria. Mas você está sempre muito ocupado com o seu trabalho, seus amigos, a sua coleção de miniaturas e o seu futebol. Agora você vem dizer que não pode fazer nada? Você nunca faz nada!
Enquanto suas palavras queimavam em mim como brasas, lembrei-me de que, há tempos, não via um sorriso no rosto dela. Nos acampamentos, quando jovens, o seu sorriso era o mais contagiante de toda a turma. Foi uma das coisas que me conquistou.
Como uma luz que subitamente invade um quarto escuro, veio à minha mente um pensamento: Quanta insensibilidade! O meu pecado e a minha omissão roubaram o brilho da vida da minha esposa! Haverá perdão para mim?
No domingo seguinte, veio a resposta de Deus. Era o domingo de Páscoa e a mensagem foi sobre a ruína e a restauração de Judá. Poderia haver restauração para o nosso casamento que estava em ruínas? Diz o texto que o rei Josias renovou a aliança com Deus e celebrou a Páscoa.
Em II Reis 23 está escrito que “nunca foi celebrada, em Judá, uma Páscoa como aquela”.
Sentados à mesa da cozinha naquele final de domingo, Rute e eu renovamos diante de Deus a nossa aliança e celebramos, pela primeira vez, a nossa Páscoa em família. E para nós, também, nunca houve uma Páscoa como aquela. Ficou marcada como o início da restauração do nosso casamento.
* Ficção baseada em fatos reais.
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