segunda-feira, 29 de junho de 2009

Existe um Deus que se IMPORTA?


por Tim Stafford
■ Dúvida:
A fé despedaçada, como os ossos quebrados, pode voltar fortalecida.

Minhas dúvidas sobre Deus aparecem, na maioria das vezes, em meio às multidões. Fico calado e observo as levas de gente passando por mim. Cada pessoa tem o próprio rumo e os próprios pensamentos. Cada uma delas, eu penso, não está nem aí com a minha crença de que há um Deus que se importa. Sinto-me sozinho e insignificante, estarrecido diante da democracia da incredulidade. Quem sou eu para dizer que meu raciocínio faz mais sentido que o deles? Eles parecem tão sólidos e seguros em seus negócios; como eu poderia convencê-los de um Deus que os ama? Eles não estão sequer interessados. Pergunto-me se o louco não sou eu.

Você se sente desconfortável por saber que eu, que deveria ser um cristão resoluto e confiável, tenho dúvidas? Que tem havido noites quando literalmente grito com Deus, implorando por algum sinal de que ele seja real? Houve tempo em que eu me sentia ameaçado se um cristão me falasse de seus questionamentos mais profundos. Se outros tão bons quanto eu estavam pensando em abandonar o navio, não estaria eu apenas me enganando por continuar crendo?

Eu, além disso, achava que as dúvidas eram o pior perigo para um cristão. Não penso assim agora. As dúvidas são coisa séria. As vezes conduzem à rejeição de Deus. Mas com maior freqüência, creio que, se confrontadas honestamente, podem conduzir a uma fé ainda mais forte.

Há coisas que me preocupam mais.

Preocupa-me quando alguém está conscientemente desobedecendo a Deus e racionalizando sua desobediência. Nada destruirá a fé mais rápido.

Preocupa-me quando alguém sustenta uma fachada de fé vibrante, enquanto as dúvidas e a solidão espreitam por trás.

Preocupa-me quando um cristão não consegue se relacionar com outros cristãos, em vez disso exibe uma lista interminável de como foi enganado, maltratado ou sofreu abuso.

Preocupa-me quando alguém está encontrando uma fé "nova e mais madura" que dispensa coisas como conhecer a Bíblia, a oração e a adoração com outros cristãos. Um indivíduo pode abandonar essas coisas por algum tempo, mas não gosto de ouvi-lo dizer que encontrou uma condição nova e melhor sem elas.

Mas e as dúvidas? Elas têm seu lugar, na Bíblia pelo menos. Das perguntas inflamadas de Jó ao "mostre-me" confuso e obstinado de Tomé, as dúvidas são tratadas com franqueza. Os que duvidam são corajosos o suficiente para fazer as perguntas; gente piedosa que sabe todas as respostas e faz rapidamente calar os questionadores parecem suscitar mais a ira de Deus.

Quando você está duvidando da existência de Deus, pode ajudar a definir o que está sendo colocado em dúvida. Analise seu problema antes de procurar pela solução. Mas busque as respostas. Os muros da fé cristã não são tão finos que você fará um buraco neles se empurrar com muita força. Se perguntar honestamente, encontrará respostas — embora nem sempre as respostas que gostaria. "Busque e você encontrará", Jesus prometeu. "Bata e a porta se abrirá". Essa foi uma pro¬messa aos discípulos. Eles haviam escolhido segui-lo. Tendo feito isso, ouviram do próprio Jesus, que criou a terra, a pro¬messa de que não permaneceriam confusos para sempre, desde que estivessem dispostos a buscar e a pedir.

Dúvidas solitárias são, creio, as mais comuns. É difícil crer no amor de Deus quando não há pessoas a sua volta que o amam. É necessária uma força incomum para atra¬vessar por um período assim sem dúvidas graves. Somos feitos para experimentar o amor de Deus através de pessoas, bem como através do próprio Deus.

Mas se você está sozinho, certifique-se de que seja esse o foco de suas dúvidas. Não saia por uma tangente filosófica sobre os que sofrem na Índia. Fale com Deus sobre a realidade da amizade humana, e peça que ele comece a lhe mostrar como fazer um bom amigo. Peça também que ele mostre um propósito para sua solidão, alguma maneira pela qual você possa crescer através dela. Não vai acontecer da noite para o dia, mas com um sentimento de direção suas dúvidas sobre Deus se dissiparão. Ele se tornará seu aliado na cura da solidão, em vez de seu adversário.

Dúvidas de crise são freqüentemente mais intensas. Em God and man at Yale (Deus e o homem em Yale), William F. Buckley disse que sempre que tinha dúvidas sobre Deus ele deitava até que elas passassem. Não se trata de uma receita ruim. As dúvidas muitas vezes, e particularmente as dúvidas de crise, são uma resposta a sentimentos poderosos de tristeza, reforçados pela fadiga. Elas passarão. É claro que crises podem e devem começar a suscitar perguntas que têm implicações duradouras. Mas não se iluda pensando que vai conseguir resolver o problema do sentido do universo numa noite sem sono. Você não tem capacidade para fazer isso. Reconheça que está em crise, faça as perguntas, mas guarde-as para mais tarde. Durma se puder. Procure um amigo que o console. Na maioria das vezes, o que você precisa é de uma oportunidade de expressar suas dúvidas, e elas se dissiparão. Se não for o caso, não tome decisões importantes. Espere para resolver suas questões depois, quando estiver descansado.

Creio que as dúvidas intelectuais sejam, de fato, as menos comuns. O motivo é que poucos de nós somos intelectuais. Mas muitos de nós gostaríamos de ser, e é difícil admitir que não podemos ter todas as respostas. Assim, elaboramos mui¬tas de nossas dúvidas sob a forma de perguntas intelectuais, em parte para manter distância da própria solidão e da nossa inadequação.

Há, no entanto, perguntas verdadeiramente boas a serem formuladas sobre a realidade de Jesus Cristo. Se Deus é bom, por que estaria disposto a enviar algumas pessoas para o inferno? Como podemos dizer que o cristianismo é melhor que o hinduísmo? Por que as pessoas sofrem? Se a dedicação de nossas vidas a Deus verdadeiramente nos faz novas criaturas, como os cristãos muitas vezes parecem não ser melhores do que os de¬mais? Como colocar nossa confiança em um livro tão desprovi¬do de valor científico como a Bíblia? Há muitas outras.

Se você está tendo dúvidas intelectuais, tente elucidá-las até o fim. Pergunte a pessoas que provavelmente tenham respostas, e a muitas delas — não se satisfaça com uma ou duas. Peça por material de leitura. Pode levar algum tempo, mas uma vez que você está tentando decidir se a vida como cristão tem algum significado, deve tratar-se de questão que mereça um estudo sério. Se não for o caso, se você já estiver satisfeito com a informação de segunda mão alojada na mente, então duvido que você esteja sendo verdadeiramente honesto em seus questionamentos. Se abandonar sua fé, terá enganado a si mesmo. Se a mantiver, também terá se enganado: essas mesmas perguntas podem voltar, ou sua fé pode se tornar superficial, temerosa de confrontar dúvidas difíceis e de escutar com honestidade as perguntas que os não-cristãos estão fazendo.

Se você perguntar com honestidade e estiver disposto a pedir a Deus por ajuda, penso que encontrará respostas que o satisfaçam. E o que acontece comigo o tempo todo.
Penso que a maioria das pessoas começa com o cristianismo e só gradualmente passa a conhecer Cristo. Somos primei¬ro atraídos por um grupo de pessoas, um modo de vida, um líder ou um amigo em que confiamos.

Mas de quem não posso me livrar, mesmo quando estou infeliz, é do homem conhecido como Jesus. Ele é impressionante. Quanto mais aprendo sobre ele, mais maravilhado fico. Ele é a resposta final a todas minhas dúvidas.

Você tem de ler sobre ele. Na verdade, não há outra maneira completamente confiável de saber sobre ele. Quatro panfletos dão registros razoavelmente detalhados de sua vida sobre a terra, quando seu caráter revestiu-se de um foco visível. Não é por acaso que o Novo Testamento começa com eles: Mateus, Marcos, Lucas e João. Eles são básicos.

O que encontro nestes quatro registros sobre Jesus? Encontro camada após camada de significado: simplicidade — posso entender o texto na primeira leitura e encontrar nele uma riqueza que a maior de todas as mentes jamais esgota. Encontro um retrato convincente do único Homem por quem eu pensaria em dar a vida.

Eu poderia falar sobre muitos aspectos de Jesus e sobre por que ele me atrai. Mas vou me limitar a dizer uma única coisa que sempre me impressiona a respeito dele. Jesus é o único homem completamente livre que eu jamais encontrei.

Eu quero muito ser livre. Não quero estar aprisionado a coisa alguma. Quero voar livre como um falcão planando no vento. Em Jesus encontro um modelo daquilo que quero me tornar.

A liberdade de Jesus fluía de sua identidade como Filho de Deus. Ele mantinha contato; ele se lembrava de quem era em relação a Deus. As pressões não podiam amoldá-lo, porque Deus não mudava em seu amor e em sua promessa de guardá-lo. Nem mesmo a morte poderia mudar quem ele era — e é.

Suas dúvidas podem, em muitas ocasiões, levá-lo a uma compreensão mais profunda de Deus, pois as respostas dele raramente serão do tipo que você estava esperando. Se suas convicções são superficiais, elas terão de ser tratadas com mais profundidade. Se o esqueleto de sua fé se curvou, os ossos talvez tenham de ser quebrados antes de voltar à posição nor¬mal. E vai doer. Mas não tenha medo: ossos quebrados ficam mais fortes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...