sábado, 4 de fevereiro de 2012

Eu ri


Por Luiz Leite

Em sua criteriosa busca pela verdade os cientistas honestos prosseguirão incansáveis, esmiuçando a matéria até descobrir a face de Deus. A pergunta é se encontrarão um rosto que ri de alegria, como um pai que festeja ao ser encontrado por uma criança.

A minha reação foi tão automática quanto espontânea... Uma risada gostosa levou meus músculos faciais todos a uma sessão exaustiva de aérobica... nenhum sequer foi poupado. No final estávamos, eu e eles, esgotados, desfrutando de uma sensação prazerosa de bem estar, coisa que só uma deliciosa gargalhada poderia proporcionar.

É interessante, mas até uma risada pra ser gostosa de fato, tem que ser original... se forçada, não vale! Pior, nos faz sentir ridículos! A risada é um enigma ainda pouco compreendido. Uma coisa é certa, creio, proporciona benefícios terapêuticos ainda por descobrir. Para mim funciona como, quando ao abrir das janelas de uma casa abafada, recebemos uma lufada de vento fresco, refrigerando todo o ambiente. É mais ou menos por aí. Neuróticos de toda linha podem se deliciar com a metáfora; aos psicopatas, entretanto, fica vedado o significado da mesma, pois, não conseguem lidar com tais coisas. Mas a razão de tão agradável gargalhada foi a matéria de capa da Revista Época, edição de março/09. Uma capa simples, mas criativa, no melhor estilo lúdico, traz a frase: “A fé que faz bem à saúde - Novos estudos revelam que nosso cérebro nasceu programado para acreditar em Deus - e isso nos ajuda a viver mais e melhor.” Ao ler a frase pensei comigo: “Pronto! agora ninguém mais nos segura... acabamos de inventar a roda!” Faltei rolar no chão. A matéria, assinada por Letícia Sorg, diz:

“Cientistas de diferentes áreas se debruçaram sobre a questão nos últimos anos e chegaram a conclusões surpreendentes. Não só a fé parece estar programada em nosso cérebro, como teria benefícios para a saúde.”

Como o propósito da matéria não era construir um tratado sobre fé e religião, é óbvio que acaba descambando para a direção pretendida, que é investigar o fenômeno religioso pelas lentes dos achados mais recentes das neurociências. Os neurocientistas estão redescobrindo o continente da fé com milhares de anos de atraso.

A matéria revela “novidades” que, para os que mantêm um relacionamento com Deus não passam de rudimentos já bastante conhecidos por qualquer pessoa que esteja dando os seus primeiros passos na eletrizante estrada da fé. As conclusões dos estudos revelam que a fé em Deus reduz a ansiedade, ajuda a lidar melhor com os erros, dá equilíbrio diante dos problemas e etc. Um professor da Universidade de Toronto revela ao mundo uma preciosa pérola. Diz o psicólogo:

“Suspeitamos que a crença religiosa protege contra a ansiedade porque dá um sentido para as pessoas. Ajuda-as a saber como agir e, com isso, reduz a incerteza e o estresse.” “Suspeitamos...” kkkkkkkkk;

Perdoem-me a gargalhada, mas essa foi hilária. Não parou por aí. Continuei rindo na medida em que lia o texto. As risadas, entretanto, em nenhum momento beiraram o deboche. Simplesmente me alegrava com a constatação, pela ciência, de que a espiritualidade consistente é mesmo fonte inesgotável de benefícios. “A influência da crença em Deus na redução do estresse já é quase um consenso entre os médicos”, diz a matéria, amparando-se na avaliação do Dr. Marcelo Saad, doutor em reabilitação. Diz mais o Dr Saad: “As doenças relacionadas ao estresse, especialmente as cardiovasculares, como a hipertensão, o infarto do miocárdio e o derrame, parecem ser as que mais se beneficiam dos efeitos de uma espiritualidade bem desenvolvida.” Agora, para terminar, as pesquisas apontam para a necessidade de congregar!! Segundo as conclusões a que chegaram, a fé, para que seja eficaz, deve ser engajada. A ciência confirmando a verdade bíblica? Pois é o que parece. Neste ponto os estudos afirmam que “o apoio social é algo extremamente valioso para a saúde física, inclusive para a sobrevivência e a longevidade”. Um sociólogo e professor da Universidade do Texas, Robert Hummer, que acompanha um grupo de pessoas desde 1992 para tentar esclarecer a relação entre a religião e a saúde, entre outras coisas, diz, segundo a pesquisa, que quem nunca praticou uma religião tem um risco duas vezes maior de morrer nos próximos oito anos do que alguém que a pratica uma vez por semana. Em sua criteriosa busca pela verdade os cientistas honestos (há os picaretas que forçam os dados e mascaram fatos para os propósitos unicamente mercantilistas de segmentos altamente prostituídos como o da indústria farmacêutica) prosseguirão incansáveis, esmiuçando a matéria até descobrir a face de Deus, ambição já ventilada pelo celebrado físico Stephen Hawking. A pergunta é se encontrarão um rosto que ri de alegria, como um pai que festeja ao ser encontrado por uma criança brincando de esconde-esconde, ou um riso de ironia como resposta a arrogância do coração do homem. “Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a minha mão, e não houve quem desse atenção; antes desprezastes todo o meu conselho, e não fizestes caso da minha repreensão; também eu me rirei no dia da vossa calamidade; zombarei, quando sobrevier o vosso terror...” (prov 1.24-26) Lembrei da frase de Jastrow que admite uma possibilidade que seria um pesadelo para os ateus. Esse pesadelo seria o desconcerto dos cientistas quando por fim se virem forçados a concordar com o fato de que os vestígios deixados no cenário vão conduzir diretamente ao Criador que por séculos insistiram em negar. Disse o astrônomo: “Para o cientista que viveu pela fé no poder da razão, a história termina como um pesadelo. Ele escalou a montanha da ignorância; está prestes a conquistar o pico mais alto; e, quando chega á última pedra, é cumprimentado por um bando de teólogos que estavam sentados ali há séculos”. Aguardemos a pós-história onde teremos todas as perguntas respondidas e todos os conflitos solucionados! Apesar de agnóstico, e pelo que parece, agnosticismo moderado, o que no fundo não passa de uma espécie de ateismo inseguro, Jastrow desconfia que os homens e mulheres de fé tem de fato um segredo que as lentes da ciencias ainda não conseguiram captar. Graças aos estudos recentes da neurociência as primeiras camadas do grande “mistério” estão começando vir à luz. Tomara que tenham tempo para reavaliar suas convicções!

Luiz Leite
Escritor, conferencista, administrador de empresas e psicanalista. Preside a International Fellowship Network e pastoreia a Igreja Vida com Cristo, em Belo Horizonte(MG)

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