Caros amigos e amigas, este blog é um meio que encontrei de compartilhar artigos, textos, reflexões bíblicas sobre a vida e os desafios de se por em prática aquilo que cremos. Boa leitura!
sábado, 26 de novembro de 2011
O que fazer com os conflitos
Rick Warren
Conflitos acontecem. Não tente ignorá-los.
Conflitos acontecem no trabalho, na escola, em casa e até mesmo na igreja! Muitas pessoas tentam ignorar os que surgem, na esperança de que a situação simplesmente vá embora. Mas isso não ocorre.
Quando os conflitos surgem, você tem de lidar com eles de frente. Se você tem um conflito com alguém no seu trabalho, na sua casa ou na sua escola, enfrente-o rapidamente. É um grande erro pensar: “Vou ignorar tudo e esperar que se resolva.” Posso, por experiência própria, dizer que não é assim. Ignorar conflitos não levam você a lugar nenhum.
Efésios 4:26-27 recomenda: “Se você tiver raiva, não deixe que sua raiva lhe leve ao pecado e não fique bravo o dia todo.” Não dê ao diabo uma chance.
Algumas pessoas ficam surpreendidas quando lêem esse versículo pela primeira vez.
Elas perguntam: “Em algum momento é certo um cristão sentir raiva?” Sim. Como eu sei que um cristão pode ficar bravo? Alguma vez Jesus ficou com raiva? Sim. Alguma vez Jesus pecou? Não. Evidentemente, haverá momentos em que a raiva será apropriada.
O versículo diz: se você sentir raiva, não deixe que ela o leve ao pecado. Existe uma raiva que pode levar você ao pecado e existe uma raiva que não vai levá-lo ao pecado. Como reconhecer a diferença?
QUAL É O TIPO DE RAIVA ERRADA?
A raiva errada é aquela que não se dissolve rapidamente. Resolva-a rapidamente. Não fique bravo o dia inteiro. A tradução de Phillips diz: “Nunca vá dormir com raiva.” Isso pode manter muitos de nós acordados algumas vezes... Se você diz: “Em nosso casamento nunca vamos dormir com raiva”, então deve resolver seus problemas um pouco mais rápido.
Não deixe a raiva em espera. Quando não se lida com a raiva, ela se transforma em ressentimento e depois em rancor. Rancor é sempre um pecado. Ressentimento é sempre um pecado.
Essas emoções são sempre erradas. Raiva é uma resposta apropriada a algo. Se você ama, você deve sentir raiva algumas vezes. Fico com raiva quando vejo pessoas estragando suas vidas com algo que não compensa. Fico com raiva quando vejo pessoas caminhando para algo que sabem que é errado e que vai destruí-las. Quando você se importa com as pessoas, algumas vezes a raiva é a resposta correta.
Mas a Bíblia diz que devemos lidar com isso de forma rápida. Se eu guardo a minha raiva, o meu estômago marca o placar. Como descobrir que isso é verdade? Está tudo interligado. Úlcera escondida. Você tem uma dor nas costas, uma dor no pescoço ou qualquer dor em outro lugar. A Bíblia diz: lide com ela rapidamente. Não deixe a raiva em espera. Resolva seus conflitos o mais rápido possível.
Muito do estresse são somente conflitos que nunca foram trabalhados. Em vez de enfrentar o problema, você simplesmente permite que ele o irrite dia após dia até que se sinta totalmente estressado. Qual é a solução? Como lidar rapidamente com o conflito?
Vou lhe dizer, mas você não vai gostar. A solução para resolver conflitos se resume em uma palavra: confrontação. É isso mesmo. Se você quer resolver esse conflito, deve confrontá-lo. Você não tem de confrontar a raiva. Na verdade, não deve confrontá-la. Amorosamente, vá à pessoa e fale a verdade em amor; lide com o problema rapidamente.
Poucos de nós gostamos de ser confrontados. As poucas pessoas que gostam são os criadores de caso.
Os criadores de caso adoram ser confrontados. Eles amam ir às pessoas e dizer: “Você está estranhando tudo!” Essa é a diversão deles. Mas as pessoas normais não gostam de confrontação.
Quando você tiver de confrontar algo, qual a melhor maneira de fazê-lo? Tiago 1:19 nos diz que as leis para um confronto são: todos devem ser pacientes ao ouvir, vagarosos para falar e lentos para se irarem. Essas são as três leis. Se você cumprir a primeira e a segunda lei, a terceira virá no automático. Se você é rápido para ouvir e vagaroso para falar, será lento para se irar. Alguém já chamou a atenção para o fato de que Deus nos deu duas orelhas e uma única boca. Devemos ouvir duas vezes mais do que falamos.
E isso é tudo o que Deus pediu a você.
sábado, 19 de novembro de 2011
A idolatria do consumo
Por Carlos Queiroz
O espaço urbano trouxe consigo a embalagem e o lixo dos produtos de mercado.
A habitação dos seres humanos em comunidades urbanas é um processo irreversível. Intensificado a partir da Revolução Industrial do século 18, o fenômeno da urbanização logo se mostrou irreversível – 80% da população brasileira, por exemplo, vive nas cidades. E, no espaço urbano, a vida vai se tornado atrativa e ao mesmo tempo complexa. As cidades modernas são um encanto tecnológico: aviões cruzam os céus acima de monumentais blocos de apartamentos; trens e metrôs atravessam trilhos em alta velocidade, enquanto os shoppings, templos suntuosos do consumo, viraram espaços de convivência que exercem uma atração irresistível.
Ao mesmo tempo, o espaço urbano trouxe consigo a embalagem e o lixo dos produtos de mercado. O mundo urbanizado aglutinou e incrementou a violência, acentuando a miséria e popularizando a fome. As metrópoles concentraram a riqueza e criaram novos atores sociais. A criminalidade, fenômeno decorrente das desigualdades e da cegueira social, é um câncer que cresce sem controle nos grandes e pequenos espaços urbanos, acuando seus habitantes e criando guetos impenetráveis ao poder público. E, neste mesmo espaço, homens e mulheres buscam viver com dignidade, mas são impedidos pelos poderes e potestades deste século.
A urbis vai acentuando o individualismo. Na era do narcisismo e da exaltação do ego, cada indivíduo busca uma maneira de existir sem que outros seres humanos lhe perturbem. A automatização cada vez mais distancia possíveis diálogos. Por outro lado, as relações estão fundamentadas na competitividade e no lucro. A própria forma de organização da vida urbana está submetida a regras de produção e consumo. Desse modo, a sociedade urbana divide-se entre os que produzem e possuem poder de compra de um lado; e de outro, aqueles que vivem à margem do sistema econômico. Toda tecnologia é validada, desde que a serviço do capital, para impor a ideologia do consumo.
Nenhum outro contexto mostra de maneira mais clara a divisão entre ricos e pobres que as cidades. E estes lados opostos nem sempre são geográficos. No lado dos abastados, encontramos ruas e avenidas bem pavimentadas, ótimos hospitais e as melhores escolas, bem como casas suntuosas e condomínios exclusivos. Já na banda pobre, encontramos aglomerados habitacionais sem o mínimo de saneamento, becos e ruelas de difícil acesso, escolas abandonadas e postos de saúde sucateados. Nas periferias, homens, mulheres e crianças sobrevivem muitas vezes em condições de carência total. O lado dos excluídos, ou, melhor, os sem lado algum – os “sem eira nem beira” –, estão à margem, à beira: à margem dos direitos, à margem da educação, à margem do trabalho, à margem da dignidade. À beira da fome.
No entanto, esses são seres que parecem mais humanos que os habitantes das zonas douradas. Vivem à margem da competitividade, mas beirando a solidariedade. À margem da acumulação, mas beirando a partilha. À margem do lucro, beiram a gratuidade. À margem do individualismo, mas perto da fraternidade. A ideologia de consumo reboca consigo seus ídolos por meio das religiões organizadas, trazendo de volta deuses que, na natureza essencial, são não-deuses. Só existe um Deus. A idolatria é qualquer sistema, seja econômico, político ou religioso, que nos desvia de Deus e consequentemente nos distancia da fraternidade e do amor entre as pessoas. Enquanto Deus propicia vida para todos, os ídolos geram destruição, violência e morte.
O ídolo de consumo requer que seus adoradores produzam e produzam, saqueando irresponsavelmente a natureza. O ídolo de mercado exige o sacrifício dos que não consomem seus produtos – os pobres, os considerados subumanos pelos devotos da religião materialista de mercado.
E a Igreja no mundo urbano, aquela que atua na mesma ambiência desse consumo desenfreado? Ela corre o risco de ser “mundanizada”, ou seja, de cair na tentação de se organizar segundo os dogmas da sociedade urbanizada: a crença no poder da tecnologia, na capacidade produtiva, na maior valorização nos resultados sacrificando sua fidelidade ao Evangelho e pondo em risco sua integridade de expressar a natureza singular do povo de Deus. Por outro lado, a Igreja pode renovar sua aliança com o Evangelho de Jesus Cristo e os valores do seu Reino – e orar para que esse Reino venha através de suas comunidades de fé. Seu Reino é de justiça e paz.
A oração ensinada por Jesus fala de “Pai nosso” e de “pão nosso”. Ora, pão é um bem material; logo, pode ser acumulado ou socializado. Na sociedade de consumo, ele é a materialização do ídolo que só os consumidores possuem. Por isso, a crise de fome no mundo é uma questão básica de idolatria ao bem de consumo. E a crise econômica é a desarmonia dos ídolos sem neurônios. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e os seus adoradores. Cabe à Igreja a tarefa de se converter a Deus e resistir ao sincretismo materialista da religião de mercado.
sábado, 12 de novembro de 2011
Alegria "fora de hora"
Por Ed René Kivitz
Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma. (Tiago 1.2-4)
Tiago, irmão de Jesus, escreveu uma carta aos cristãos que estavam sofrendo perseguição. Eles haviam sido expulsos de Jerusalém e deixado para trás seus bens, familiares e amigos. Estavam começando vida nova em outro lugar, e precisavam construir novos relacionamentos, redefinir sua carreira profissional e ainda por cima se defender dos ataques daqueles que se opunham à sua fé em Jesus Cristo.
Um dos conselhos de Tiago para aqueles cristãos em situação tão adversa foi que deveriam receber com alegria as tribulações e provações que a vida colocava diante deles. Tiago justificou seu conselho apresentando três conseqüências das tribulações.
As tribulações provam a nossa fé, isto é, revelam a qualidade dos alicerces onde construímos nossas vidas. Outra maneira de dizer isso é que as tribulações nos mostram quem de fato somos. Muitas pessoas vivem iludidas em relação a si mesmas, e por esta razão constroem suas vidas em alicerces falsos - e vice-versa. Cedo ou tarde estes alicerces são desmascarados e tudo o que está sobre eles pode ruir, como por exemplo: auto-estima, esperança, prazer de viver, relacionamentos, sonhos de futuro, carreira profissional. As situações da vida que confrontam nossos alicerces existenciais são de fato oportunidades extraordinárias para nos reinventarmos, tanto substituindo o que identificamos como inadequado, quanto no desenvolvimento do que identificamos frágil.
As tribulações produzem perseverança, isto é, nos fortalecem para enfrentar a vida. O ditado popular diz que "Deus dá o frio conforme o cobertor". Acredito nisso. Acredito que o exercício de viver nos coloca diante de desafios proporcionais à maturidade. Uma é a dificuldade da criança, outra, do adolescente, e outra, dos adultos que já não acreditam em Papai Noel e já deixaram a prepotência juvenil de lado. As dificuldades que enfrentamos no caminho nos ajudam a encarar a vida e continuar andando rumo ao futuro desejado. À medida que vamos encarando e superando as tribulações, vamos perdendo o medo de cara feia, até que a vida mostra sua face mais terrível e se surpreende com nossa capacidade de superá-la.
Finalmente, as tribulações nos fazem pessoas maduras e íntegras, sem falta de nada. Atravessar tempos difíceis exige de nós a descoberta e o desenvolvimento de recursos interiores. As tribulações nos tiram todos os pontos externos de apoio: nos sentimos solitários, incompreendidos e injustiçados; perdemos posição, status e privilégios, além de dinheiro e conforto; e descobrimos que as bases onde escorávamos nossa identidade e as fontes de onde tirávamos forças para viver eram falsas ou insuficientes. Nesse momento, olhamos para dentro e para o alto. E descobrimos uma fé mais amadurecida, que nos aproxima mais de Deus, e recebemos a coragem de continuar vivendo. Estranhamente, vamos percebendo que precisávamos de bem menos do que imaginávamos para a nossa felicidade, até que surpresos, nos deparamos com a sensação de que muito embora o mundo lá fora esteja em convulsão, o mundo de dentro do coração, está em paz e serenidade. Quando chegamos nesse ponto de integridade (integralidade) é que passamos a desfrutar dos poucos recursos, dos amigos raros e das pequenas alegrias do dia-a-dia como suficientes para a felicidade. Aí sim, somos homens e mulheres de verdade. Construídos na forja das tribulações. Livres das ilusões. Prontos para viver, dar e construir.
sábado, 5 de novembro de 2011
Quem São os Vencedores Felizes de Hoje?
Por Tais Machado
Daniel Cohen é um economista, também professor da École Normale Supérieure, vice-presidente da École d’Économie de Paris e editorialista do jornal Le Monde. Mas, o que mais me impressiona é sua capacidade de falar sobre temas não tão simples, mas com uma linguagem apetitosa. Você o lê e compreende conceitos não tão básicos com certa facilidade, até fica com a sensação de que entende de economia.
Recentemente foi publicado no Brasil mais um de seus bons livros, e esse, mais atualizado (escreveu no ano passado) – A Prosperidade do Vício. São artigos que nos convidam a uma reflexão mais profunda de nosso tempo.
Num dos capítulos ele questiona: “se a riqueza é um elemento importante do bem-estar, por que uma sociedade que enriquece parece fracassar em tornar seus membros mais felizes?”. E pondera: “Os franceses eram incomparavelmente mais ricos em 1975 do que em 1945, mas não eram mais felizes. Por que tanto desgosto? A resposta é simples. O bem-estar dos modernos não é proporcionado pelo nível de riqueza. Depende do seu crescimento, qualquer que seja o ponto de partida desta”. E salienta “um traço fundamental da sociedade moderna: seu apego ao crescimento”.
Interessante pensar a esse respeito no contexto brasileiro, com uma economia estável nos últimos anos e com perspectivas de crescimento maior. Os cidadãos estão mais vorazes? Apesar da tentativa do governo de conter a euforia consumista de fim de ano, com aumento de juros, a fim de que a inflação não aumente de forma avassaladora, ainda assim percebemos as pessoas animadas em consumir mais.
Voltando aos comentários do Cohen, “o consumo é como uma droga. O consumo cria uma dependência. O prazer que proporciona é efêmero, mas o desespero é imenso quando nos vemos privados dele”. Entretanto, considera pesquisas recentes que apontam que “90% dos mais ricos respondem que são ou muitos felizes ou o suficiente, enquanto apenas 65% dos mais pobres respondem que o são. Aqueles que têm uma vida financeira mais folgada são sempre majoritariamente muito felizes”. Como se explica isso? Nas palavras de Cohen trata-se de “um fenômeno simples e eterno: a inveja. Sentimos prazer em conquistar mais do que os outros. Marx já tinha feito essa observação: ‘Uma casa pode ser grande ou pequena, mas enquanto os vizinhos tiverem casas do mesmo tamanho isso não será um problema. Se alguém constrói um palácio do lado, essa casa se tornará minúscula’. Cada um tentará ultrapassar seus colegas ou amigos, aqueles que formam o ‘grupo de referência’ com o qual nos comparamos”.
Constata-se, assim, que mais do que acumular riquezas o que importa hoje é sentir-se superior ao próximo. Sente-se um vencedor quando se percebe na frente do outro, o esforço é ter e estar em vantagem em relação aos que o rodeiam. Parece que tudo o que importa é a competição nessa selva capitalista.
Pensar sobre o registro que Lucas faz no evangelho da história de Zaqueu me parece oportuno. Afinal, Zaqueu é um homem rico, em grande vantagem financeira em relação ao seu grupo de referência – seus irmãos judeus. Como chefe dos cobradores de impostos, não era bem quisto pelo seu próprio povo, contudo, preferiu ou agradou-se mais da opção de obter larga vantagem financeira, ainda que extorquindo seu próximo.
Talvez a sensação de ser um “vencedor” por suas conquistas até ali lhe bastavam.
Podia ser pequeno em estatura, mas era grande no poder que as riquezas lhe davam.
A curiosidade para saber quem era Jesus, para ver aquele que atraia multidões o fez subir numa árvore. E ali foi encontrado por Jesus. Depois desse encontro se tornou um novo homem, mudando radicalmente sua postura.
É interessante porque não temos detalhes da conversa que Jesus teve com ele enquanto ficou em sua casa. Mas vemos o efeito em sua vida. Espontaneamente ele diz: “Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais” (Lc 19.8). E como Jesus reage diante de tal atitude? “Jesus lhe disse: ‘Hoje houve salvação nesta casa! Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido’.” (Lc 19.9-10).
Ao que parece, segundo Jesus, a salvação se manifesta na vida das pessoas quando o arrependimento acontece, quando a consciência é ampliada, quando seus olhos interpretam a realidade de uma nova maneira, quando seu coração vê o que antes não via, quando o próximo não é mais seu competidor, mas alguém com quem você se torna solidário, te levando a doar, a devolver, a ajudar. Como diz Philip Yancey “Jesus me convida a abandonar o esforço competitivo. Convida-me a confiar na opinião de Deus a meu respeito, a única que vale afinal de contas”.
Jesus diz que sua vinda foi para buscar e salvar o perdido. Ele diz isso justamente para Zaqueu, cuja atitude prática evidenciava a descoberta de ter sido achado e salvo. Sim, precisamos ser salvos de nós mesmos.
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