Caros amigos e amigas, este blog é um meio que encontrei de compartilhar artigos, textos, reflexões bíblicas sobre a vida e os desafios de se por em prática aquilo que cremos. Boa leitura!
terça-feira, 28 de julho de 2009
Conquistando respeito
Por Rick Warren
Para alcançar sucesso no trabalho é indispensável boa reputação. Estudo recente revelou que a diferença entre os melhores profissionais de vendas e os de desempenho médio, não está no seu talento, mas na reputação. As pessoas têm mais confiança naqueles que atingem as maiores performances em vendas, cuja produtividade é, em parte, reflexo da confiança que conquistaram.
Ninguém gosta de fazer negócios com quem não respeita. A Bíblia ensina: “A boa reputação vale mais que grandes riquezas” (Provérbios 22.1). Em outras palavras, a confiabilidade que as pessoas lhe atribuem é mais importante do que o valor do seu salário.
Um erro comum que se comete é pensar que reputação é apenas questão de imagem, ou seja, a forma como os outros a percebem, baseado em fatores externos. Sendo assim, elas se preocupam com questões como: “Como está minha aparência?”, ou, “Será que eu disse a coisa certa?” A construção de uma reputação duradoura, entretanto, requer que o foco se concentre sobre o caráter (o que não é visto, o que é interno) e não na imagem (o que é visível exteriormente). É preciso conquistar o respeito.
Os livros de Provérbios e Salmos na Bíblia dão algumas dicas sobre como conquistar o respeito dos outros:
. Pela integridade. Nos negócios, ganhamos respeito ao longo do tempo, pela demonstração da consistência entre o que falamos e o que fazemos. Não é algo que se possa comprar ou simplesmente conceder a alguém. “Quem anda com integridade anda com segurança, mas quem segue veredas tortuosas será descoberto”(Provérbios 10.9).
. Pela humildade. Quando as pessoas percebem humildade disposição para por de lado metas e interesses pessoais a fim de encarar os outros como mais importantes do que nós mesmos elas se tornam mais desejosas de trabalhar conosco.“O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra” (Provérbios 29.23).
. Pela confiança. Ao ver que cumprimos nossa palavra e nossos compromissos, mesmo quando são inconvenientes ou nos custam caro, conquistamos respeito. “Aquele que mantém a sua palavra mesmo quando é prejudicado... nunca será abalado” (Salmos 14.2-5).
. Pelas prioridades estabelecidas. Empregados, colegas de trabalho, clientes e fornecedores nos respeitam quando têm confiança que os propósitos e metas que estabelecemos foram cuidadosamente avaliados. “Quem procura o bem será respeitado...” (Provérbios 11.27).
. Pela generosidade. A pessoa que pensa nos outros e considera sinceramente suas necessidades merece o respeito deles. “Reparte generosamente com os pobres; a sua justiça dura para sempre; seu poder será exaltado em honra” (Salmos 112.9).
. Por colocar Deus em primeiro lugar em sua vida. A quem você serve, seja no trabalho ou na vida pessoal? Qual é o fundamento para o que você faz e as decisões que toma? Sua resposta a estas perguntas afetará grandemente a medida de respeito que receberá dos outros. “Então você terá o favor de Deus e dos homens, e boa reputação. Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e Ele endireitará as suas veredas” (Provérbios 3.4-6).
domingo, 19 de julho de 2009
O que acontece quando Deus não responde? Parte II
por Philip Yancey
Ao estudar cada um dos contextos que contém as promessas, aprendi alguns fatos que me ajudaram a entender o problema. O assunto como um todo é ainda misterioso e levemente confuso, mas minha amargura com relação às orações não respondidas se dissipou à medida que fui compreendendo alguns fatores por detrás do papel da oração na vida cristã.
1. As declarações de Jesus, tomadas ao pé da letra, são irrealizáveis, de modo que precisamos buscar um significado por trás delas. Por que são irrealizáveis? Porque as pessoas oram com pedidos contraditórios, e Deus não pode responder a ambos.
Durante a guerra civil norte-americana homens piedosos de ambos os lados, como Abraham Lincoln, Stonewall Jackson e Robert E. Lee, oraram todos intensa e constantemente pela vitória, mas norte e sul não poderiam vencer simultaneamente.
Se a Universidade Oral Roberts e o Wheaton College (ambas organizações cristãs) se enfrentam no basquete, ambos os times podem orar pedindo a vitória, mas posso garantir que um time não terá seu pedido atendido.
Há uma ilustração ainda mais contundente: Jesus não recebeu o que pediu no Getsêmani. Ele pediu a Deus que, por favor, encontrasse uma alternativa para poupá-lo da dor, se fosse da vontade dele (Lc 22:42). Esse fato é quase sempre ignorado no ensino cristão acerca da oração. Nosso modelo para toda a vida, o Homem perfeito com a fé perfeita e que nos ensinou a orar, foi morto, embora tivesse pedido a Deus, seu Pai, que o poupasse! Obviamente, algumas orações são recusadas, não importa quão cheios de fé estejamos.
Paulo teve um problema semelhante, fruto de uma indis¬posição física que ele chamou de seu "espinho na carne" (v. 2Co 12:7-9). A despeito de três apelos a Deus para que lhe extinguisse a dor, a oração de Paulo não foi atendida.
Concluo, portanto, que o que Jesus disse não pode ser aplicado a todas as orações o
tempo todo.
2. Cada uma das declarações extremas de Jesus sobre a oração foram dirigidas a um grupo específico de pessoas: os discípulos. Durante seu tempo na terra, Jesus selecionou doze homens para levar adiante seu ministério depois da ascensão. Eles foram pessoas especiais, com dons especiais dados por Deus (eles eram tão seletos que quando a igreja decidiu quais textos seriam incluídos no Novo Testamento, ela incluiu os escritos pelos discípulos quase automaticamente).
Não seria o caso de que Jesus deu aos discípulos certos direitos e privilégios com respeito à oração que não se aplicam a todos os cristãos igualmente? Afinal, qual de nós pode repetir os milagres de Pedro ou os textos inspirados de João?
Os escritores do evangelho não dizem explicitamente "esses mandamentos aplicam-se apenas aos discípulos", mas nos dizem, em cada caso, que Jesus estava conversando com os doze discípulos, e não com uma grande multidão.
Francamente, não sei quanto devo levar adiante este argumento. Porém talvez ele ajudasse a explicar a abrangente natureza das promessas de Jesus. Talvez ele estivesse investindo seus discípulos com um dom específico de ousadia e de percepção da vontade de Deus. Eram homens maduros que haviam passado três anos aprendendo diretamente com Jesus; há boas chances de que eles teriam uma boa idéa de quais orações fariam avançar o propósito de Deus sobre a terra e quais seriam meros caprichos (do tipo "ajude nosso time a vencer").
É interessante que em passagens como l João 5:14, 15, escrevendo para um grupo grande, João diz cuidadosamente que "se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve". Essa frase "segundo a sua vontade" é uma verdade fundamental.
3. Uma vez que foi Jesus quem fez as afirmações abrangentes sobre oração, fiz questão de observar com cuidado o tipo de orações que ele fez. Um tipo em particular me surpreendeu. Eu sempre havia visto as orações como um ato determinado por mim e também concentrado em mim, o agente da oração. Mas as orações de Jesus mostraram que o verdadeiro foco está no Pai, aquele a quem ele orava. Ele usava a oração como um período de comunhão com o Pai, para renovar-se na vontade de Deus, para pedir forças. Ele também a usava para agradecer a Deus pelo mundo e para mencionar seus amigos que tinham necessidades. Era uma conversa, não uma lista de compras.
Charlie Shedd chama a oração de "um diálogo interior com seu melhor amigo". Comecei a perceber que eu a via como uma varinha mágica que eu podia mover a fim de levar Deus a fazer o que eu queria. No entanto, não estou no comando da oração. Deus está.
Muitas pessoas compartilham do conceito errado que eu já tive sobre a oração. Por exemplo, Mark Twain, que se sentiu incomodado pela oração não respondida, expressou o dilema em Huckleberry Finn. Huck aprendeu uma lição da srta. Watson em oração.
"Ela me disse para orar todos os dias, e que tudo que pedis¬se eu receberia. Mas não foi bem assim. Eu tentei. Uma vez ganhei uma linha de pescar, mas sem anzóis. Não servia para nada sem anzóis. Tentei orar por anzóis três ou quatro vezes, mas não funcionou. Chegou o dia em que pedi à srta. Watson que tentasse por mim, mas ela disse que eu era um tolo. E nunca disse por quê. Não consegui fazer funcionar de jeito nenhum.
Sentei uma vez lá na floresta e matutei muito sobre a coisa. Digo a mim mesmo: 'Se o sujeito pode conseguir qualquer coisa que pedir na oração, por que o diácono Winn não recebe de volta o dinheiro que perdeu na carne de porco? Por que a viúva não recupera sua caixinha de rapé prateada que foi roubada? Por que a srta. Watson não engorda?' Não, digo a mim mesmo, essa é uma roubada".
É obvio que Huck queria um gênio da garrafa que realizas¬se seus desejos, não um Deus que fosse Senhor de sua vida. A fé, para ele, era uma ginástica mental a fim de conseguir o que queria. Porém a fé deve ser colocada em Deus, confiando em seu amor e sua disposição em responder com sabedoria.
Quando li as Escrituras examinando as orações, não pude evitar a constatação de que os pedidos são uma pequena parte da oração. Algumas delas são de adoração, de arrependimento, outras de louvor. Os salmos, por exemplo, são uma série de orações em forma de poesia. Leia-os todos, e você percebe¬rá quão poucos deles são essencialmente pedidos.
As orações pedidos são simplesmente isso: pedidos. A oração não é uma máquina automática que cospe a recompensa apropriada. E um clamor a um Pai amoroso para que se relacione conosco.
O motivo da oração não pode ser "o que posso ganhar?". Isso é mágica. Ele tem de ser: "Deus, creio que essa é a tua vontade, mas ela está além do meu poder. Podes me ajudar?". Na oração do Pai Nosso, Jesus expressou-o da seguinte maneira: "venha o teu reino, seja feita a tua vontade".
A Bíblia é clara quanto ao fato de que Deus responde às orações, mesmo aquelas que não são respondidas do modo como gostaríamos que fossem. Ele considera cuidadosamente os pedidos mais absurdos e egoístas. Quando crianças pedem coisas tolas a pais sábios — coisas como "posso ficar acordado para assistir àquele programa bem tarde da noite?" ou "você vai me deixar dirigir, mesmo eu tendo só doze anos?" — nem sempre conseguem o que querem. Com frequência os pais sabem julgar o que é bom para seus filhos.
Para mim não é tão impressionante que Deus se recuse a atender a alguns de nossos pedidos. O impressionante é que sejamos ouvidos! Todas as orações acabam na caixa de entra¬da de Deus. Nosso papel é enchê-lo de pedidos, e então entregar-lhe a confiança que aceita as respostas dele.
Ao estudar cada um dos contextos que contém as promessas, aprendi alguns fatos que me ajudaram a entender o problema. O assunto como um todo é ainda misterioso e levemente confuso, mas minha amargura com relação às orações não respondidas se dissipou à medida que fui compreendendo alguns fatores por detrás do papel da oração na vida cristã.
1. As declarações de Jesus, tomadas ao pé da letra, são irrealizáveis, de modo que precisamos buscar um significado por trás delas. Por que são irrealizáveis? Porque as pessoas oram com pedidos contraditórios, e Deus não pode responder a ambos.
Durante a guerra civil norte-americana homens piedosos de ambos os lados, como Abraham Lincoln, Stonewall Jackson e Robert E. Lee, oraram todos intensa e constantemente pela vitória, mas norte e sul não poderiam vencer simultaneamente.
Se a Universidade Oral Roberts e o Wheaton College (ambas organizações cristãs) se enfrentam no basquete, ambos os times podem orar pedindo a vitória, mas posso garantir que um time não terá seu pedido atendido.
Há uma ilustração ainda mais contundente: Jesus não recebeu o que pediu no Getsêmani. Ele pediu a Deus que, por favor, encontrasse uma alternativa para poupá-lo da dor, se fosse da vontade dele (Lc 22:42). Esse fato é quase sempre ignorado no ensino cristão acerca da oração. Nosso modelo para toda a vida, o Homem perfeito com a fé perfeita e que nos ensinou a orar, foi morto, embora tivesse pedido a Deus, seu Pai, que o poupasse! Obviamente, algumas orações são recusadas, não importa quão cheios de fé estejamos.
Paulo teve um problema semelhante, fruto de uma indis¬posição física que ele chamou de seu "espinho na carne" (v. 2Co 12:7-9). A despeito de três apelos a Deus para que lhe extinguisse a dor, a oração de Paulo não foi atendida.
Concluo, portanto, que o que Jesus disse não pode ser aplicado a todas as orações o
tempo todo.
2. Cada uma das declarações extremas de Jesus sobre a oração foram dirigidas a um grupo específico de pessoas: os discípulos. Durante seu tempo na terra, Jesus selecionou doze homens para levar adiante seu ministério depois da ascensão. Eles foram pessoas especiais, com dons especiais dados por Deus (eles eram tão seletos que quando a igreja decidiu quais textos seriam incluídos no Novo Testamento, ela incluiu os escritos pelos discípulos quase automaticamente).
Não seria o caso de que Jesus deu aos discípulos certos direitos e privilégios com respeito à oração que não se aplicam a todos os cristãos igualmente? Afinal, qual de nós pode repetir os milagres de Pedro ou os textos inspirados de João?
Os escritores do evangelho não dizem explicitamente "esses mandamentos aplicam-se apenas aos discípulos", mas nos dizem, em cada caso, que Jesus estava conversando com os doze discípulos, e não com uma grande multidão.
Francamente, não sei quanto devo levar adiante este argumento. Porém talvez ele ajudasse a explicar a abrangente natureza das promessas de Jesus. Talvez ele estivesse investindo seus discípulos com um dom específico de ousadia e de percepção da vontade de Deus. Eram homens maduros que haviam passado três anos aprendendo diretamente com Jesus; há boas chances de que eles teriam uma boa idéa de quais orações fariam avançar o propósito de Deus sobre a terra e quais seriam meros caprichos (do tipo "ajude nosso time a vencer").
É interessante que em passagens como l João 5:14, 15, escrevendo para um grupo grande, João diz cuidadosamente que "se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve". Essa frase "segundo a sua vontade" é uma verdade fundamental.
3. Uma vez que foi Jesus quem fez as afirmações abrangentes sobre oração, fiz questão de observar com cuidado o tipo de orações que ele fez. Um tipo em particular me surpreendeu. Eu sempre havia visto as orações como um ato determinado por mim e também concentrado em mim, o agente da oração. Mas as orações de Jesus mostraram que o verdadeiro foco está no Pai, aquele a quem ele orava. Ele usava a oração como um período de comunhão com o Pai, para renovar-se na vontade de Deus, para pedir forças. Ele também a usava para agradecer a Deus pelo mundo e para mencionar seus amigos que tinham necessidades. Era uma conversa, não uma lista de compras.
Charlie Shedd chama a oração de "um diálogo interior com seu melhor amigo". Comecei a perceber que eu a via como uma varinha mágica que eu podia mover a fim de levar Deus a fazer o que eu queria. No entanto, não estou no comando da oração. Deus está.
Muitas pessoas compartilham do conceito errado que eu já tive sobre a oração. Por exemplo, Mark Twain, que se sentiu incomodado pela oração não respondida, expressou o dilema em Huckleberry Finn. Huck aprendeu uma lição da srta. Watson em oração.
"Ela me disse para orar todos os dias, e que tudo que pedis¬se eu receberia. Mas não foi bem assim. Eu tentei. Uma vez ganhei uma linha de pescar, mas sem anzóis. Não servia para nada sem anzóis. Tentei orar por anzóis três ou quatro vezes, mas não funcionou. Chegou o dia em que pedi à srta. Watson que tentasse por mim, mas ela disse que eu era um tolo. E nunca disse por quê. Não consegui fazer funcionar de jeito nenhum.
Sentei uma vez lá na floresta e matutei muito sobre a coisa. Digo a mim mesmo: 'Se o sujeito pode conseguir qualquer coisa que pedir na oração, por que o diácono Winn não recebe de volta o dinheiro que perdeu na carne de porco? Por que a viúva não recupera sua caixinha de rapé prateada que foi roubada? Por que a srta. Watson não engorda?' Não, digo a mim mesmo, essa é uma roubada".
É obvio que Huck queria um gênio da garrafa que realizas¬se seus desejos, não um Deus que fosse Senhor de sua vida. A fé, para ele, era uma ginástica mental a fim de conseguir o que queria. Porém a fé deve ser colocada em Deus, confiando em seu amor e sua disposição em responder com sabedoria.
Quando li as Escrituras examinando as orações, não pude evitar a constatação de que os pedidos são uma pequena parte da oração. Algumas delas são de adoração, de arrependimento, outras de louvor. Os salmos, por exemplo, são uma série de orações em forma de poesia. Leia-os todos, e você percebe¬rá quão poucos deles são essencialmente pedidos.
As orações pedidos são simplesmente isso: pedidos. A oração não é uma máquina automática que cospe a recompensa apropriada. E um clamor a um Pai amoroso para que se relacione conosco.
O motivo da oração não pode ser "o que posso ganhar?". Isso é mágica. Ele tem de ser: "Deus, creio que essa é a tua vontade, mas ela está além do meu poder. Podes me ajudar?". Na oração do Pai Nosso, Jesus expressou-o da seguinte maneira: "venha o teu reino, seja feita a tua vontade".
A Bíblia é clara quanto ao fato de que Deus responde às orações, mesmo aquelas que não são respondidas do modo como gostaríamos que fossem. Ele considera cuidadosamente os pedidos mais absurdos e egoístas. Quando crianças pedem coisas tolas a pais sábios — coisas como "posso ficar acordado para assistir àquele programa bem tarde da noite?" ou "você vai me deixar dirigir, mesmo eu tendo só doze anos?" — nem sempre conseguem o que querem. Com frequência os pais sabem julgar o que é bom para seus filhos.
Para mim não é tão impressionante que Deus se recuse a atender a alguns de nossos pedidos. O impressionante é que sejamos ouvidos! Todas as orações acabam na caixa de entra¬da de Deus. Nosso papel é enchê-lo de pedidos, e então entregar-lhe a confiança que aceita as respostas dele.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Oração - O que acontece quando Deus não responde? Parte I
Philip Yancey
Sempre me disseram que a oração deveria ser uma con¬versa espontânea e natural entre mim e Deus. Porém, na maioria das vezes, na minha experiência, ela tem se torna¬do uma frustração a mais, em especial por causa de todas as minhas orações não respondidas.
Não sou o único com este problema. Na verdade, ele é maravilhosamente expressado num romance que está no currículo de leitura de muitas escolas de ensino médio e de faculdade nos Estados Unidos. Of human bondage (Da servi¬dão humana), de Somerset Maugham, é, na maior parte do texto, uma autobiografia. Ela inclui um incidente dramati¬zado que aconteceu a Maugham, do qual sua fé nunca se recuperou.
O personagem principal, Philip, havia descoberto o versí¬culo em Marcos que diz: "Qualquer coisa que vocês pedirem em meu nome, crendo, receberão". Ele lembrou imediatamen¬te de seu pé torto.
"Ele poderia jogar futebol. Seu coração saltou de entusiasmo enquanto se imaginava correndo mais rápido que todos os ou¬tros meninos. Depois do período de Páscoa havia atletismo, e ele poderia se inscrever para as corridas; ele se imaginou saltan¬do as barreiras. Seria esplêndido ser como todo o mundo, não se sentir observado com curiosidade pelos novos garotos que desconheciam sua deformidade, nem precisar de incríveis pre¬cauções para se banhar no verão, enquanto se despia, antes que pudesse esconder o pé dentro da água.
Ele orou com toda a alma. Nenhuma dúvida o atacou. Ele estava confiante na Palavra de Deus. E na noite anterior ao dia em que deveria voltar para a escola ele foi para a cama tremendo de empolgação. O chão estava coberto de neve, e tia Louisa se permitira o luxo incomum de acender a lareira do quarto dela, mas no pequenino aposento de Philip estava tão frio que seus dedos adormeceram, e ele teve grande difi¬culdade para desabotoar o colarinho. Seus dentes batiam. Ocorreu-lhe a idéia de que devia fazer algo diferente do corri¬queiro para atrair a atenção de Deus; ele afastou o tapete que ficava em frente à cama, de modo a poder ajoelhar-se direta¬mente nas tábuas nuas, e então ocorreu-lhe que seu pijama era um conforto que poderia desagradar ao seu Criador, de modo que o despiu e fez suas orações nu.
Quando voltou para a cama, ele estava com tanto frio que por algum tempo não conseguiu dormir, mas quando o fez, foi de modo tão profun¬do que Mary Ann teve de sacudi-lo quando lhe trouxe sua água quente na manhã seguinte. Ela conversou com ele en¬quanto abria as cortinas, mas ele não respondeu; tinha lem¬brado que aquela era a manhã do milagre. Seu coração estava cheio de gratidão e de alegria. Seu primeiro impulso foi o de colocar a mão sobre o pé que agora estava são, mas fazer isto seria duvidar da bondade de Deus. Ele sabia que seu pé estava curado. Por fim ele decidiu, e com os dedos do pé direito to¬cou o esquerdo. E passou a mão sobre ele.
Ele desceu mancando exatamente no momento em que Mary Ann entrava na sala de jantar para a oração, e sentou-se para o café.
"Você está muito quieto esta manhã, Philip — disse a tia Louisa."
Quase todas as pessoas que conheço já tiveram uma expe¬riência semelhante a essa. A despeito das orações, os melho¬res amigos morrem em acidentes de carro; amigos e chefes se recusam a ver seu ponto de vista sobre certa decisão; você permanece preso a um pecado trivial.
O único sobrevivente de um acidente de avião escreve um artigo sobre como suas orações foram respondidas, mas e to¬dos os que não viveram para escrever?
Tenho lido as promessas específicas sobre oração na Bíblia e tentado seguir as instruções. Quis alívio para uma dor de garganta ou quis encontrar um texto importante que perdi, mas nada aconteceu em resposta a minhas orações. Então me pergunto: será que há alguém escutando? Tenho de admitir que essa experiência de orações não respondidas ajudou a des¬truir minha fé por algum tempo quando eu era adolescente. Se eu não podia contar com Deus, com quem poderia contar?
Escritores cínicos como Mark Twain e Bertrand Russell relacionam orações não respondidas como uma das principais razões por que nunca conseguiram engolir o cristianismo.
O problema central das orações não respondidas é que Jesus parece ter prometido que elas não existiriam. Ele poderia ter dito algo assim: "Senhoras e senhores, gostaria de apresentar-lhes o conceito de oração. Vocês sabem, naturalmente, que não se pode esperar que todos os humanos tenham sabedoria perfei¬ta, como Deus tem, então há limites quanto a quais de suas orações serão respondidas. As orações funcionarão exatamente como uma caixa de sugestões. Expressem claramente seus pe¬didos a Deus, e posso garantir que todas as solicitações serão cuidadosamente consideradas".
Eu poderia conviver facilmente com esse tipo de declara¬ção sobre a oração. Mas ouça o que Jesus realmente disse: "E tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão" (Mt 21:22, NVI).
"Também lhes digo que se dois de vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus" (Mt 18:19, NVI).
"O que vocês pedirem em meu nome, eu farei" (Jo 14:14, NVI).
Essas são apenas algumas das veementes declarações a res¬peito do assunto no Novo Testamento. Há muitas outras, como João 16:23-27 e Marcos 11:24. Se tiver interesse, verifique-as. Elas comprovam para mim que não posso fugir do problema dizendo: "Jesus não prometeu realmente que as orações seriam respondidas". Todas essas garantias são feitas em profusão, e em português claro. A Bíblia não é vaga nessa questão.
Qual é, portanto, a solução para esse problema de oração não respondida?
Se voce quer saber a resposta, aguarde a reflexão da próxima semana.
Sempre me disseram que a oração deveria ser uma con¬versa espontânea e natural entre mim e Deus. Porém, na maioria das vezes, na minha experiência, ela tem se torna¬do uma frustração a mais, em especial por causa de todas as minhas orações não respondidas.
Não sou o único com este problema. Na verdade, ele é maravilhosamente expressado num romance que está no currículo de leitura de muitas escolas de ensino médio e de faculdade nos Estados Unidos. Of human bondage (Da servi¬dão humana), de Somerset Maugham, é, na maior parte do texto, uma autobiografia. Ela inclui um incidente dramati¬zado que aconteceu a Maugham, do qual sua fé nunca se recuperou.
O personagem principal, Philip, havia descoberto o versí¬culo em Marcos que diz: "Qualquer coisa que vocês pedirem em meu nome, crendo, receberão". Ele lembrou imediatamen¬te de seu pé torto.
"Ele poderia jogar futebol. Seu coração saltou de entusiasmo enquanto se imaginava correndo mais rápido que todos os ou¬tros meninos. Depois do período de Páscoa havia atletismo, e ele poderia se inscrever para as corridas; ele se imaginou saltan¬do as barreiras. Seria esplêndido ser como todo o mundo, não se sentir observado com curiosidade pelos novos garotos que desconheciam sua deformidade, nem precisar de incríveis pre¬cauções para se banhar no verão, enquanto se despia, antes que pudesse esconder o pé dentro da água.
Ele orou com toda a alma. Nenhuma dúvida o atacou. Ele estava confiante na Palavra de Deus. E na noite anterior ao dia em que deveria voltar para a escola ele foi para a cama tremendo de empolgação. O chão estava coberto de neve, e tia Louisa se permitira o luxo incomum de acender a lareira do quarto dela, mas no pequenino aposento de Philip estava tão frio que seus dedos adormeceram, e ele teve grande difi¬culdade para desabotoar o colarinho. Seus dentes batiam. Ocorreu-lhe a idéia de que devia fazer algo diferente do corri¬queiro para atrair a atenção de Deus; ele afastou o tapete que ficava em frente à cama, de modo a poder ajoelhar-se direta¬mente nas tábuas nuas, e então ocorreu-lhe que seu pijama era um conforto que poderia desagradar ao seu Criador, de modo que o despiu e fez suas orações nu.
Quando voltou para a cama, ele estava com tanto frio que por algum tempo não conseguiu dormir, mas quando o fez, foi de modo tão profun¬do que Mary Ann teve de sacudi-lo quando lhe trouxe sua água quente na manhã seguinte. Ela conversou com ele en¬quanto abria as cortinas, mas ele não respondeu; tinha lem¬brado que aquela era a manhã do milagre. Seu coração estava cheio de gratidão e de alegria. Seu primeiro impulso foi o de colocar a mão sobre o pé que agora estava são, mas fazer isto seria duvidar da bondade de Deus. Ele sabia que seu pé estava curado. Por fim ele decidiu, e com os dedos do pé direito to¬cou o esquerdo. E passou a mão sobre ele.
Ele desceu mancando exatamente no momento em que Mary Ann entrava na sala de jantar para a oração, e sentou-se para o café.
"Você está muito quieto esta manhã, Philip — disse a tia Louisa."
Quase todas as pessoas que conheço já tiveram uma expe¬riência semelhante a essa. A despeito das orações, os melho¬res amigos morrem em acidentes de carro; amigos e chefes se recusam a ver seu ponto de vista sobre certa decisão; você permanece preso a um pecado trivial.
O único sobrevivente de um acidente de avião escreve um artigo sobre como suas orações foram respondidas, mas e to¬dos os que não viveram para escrever?
Tenho lido as promessas específicas sobre oração na Bíblia e tentado seguir as instruções. Quis alívio para uma dor de garganta ou quis encontrar um texto importante que perdi, mas nada aconteceu em resposta a minhas orações. Então me pergunto: será que há alguém escutando? Tenho de admitir que essa experiência de orações não respondidas ajudou a des¬truir minha fé por algum tempo quando eu era adolescente. Se eu não podia contar com Deus, com quem poderia contar?
Escritores cínicos como Mark Twain e Bertrand Russell relacionam orações não respondidas como uma das principais razões por que nunca conseguiram engolir o cristianismo.
O problema central das orações não respondidas é que Jesus parece ter prometido que elas não existiriam. Ele poderia ter dito algo assim: "Senhoras e senhores, gostaria de apresentar-lhes o conceito de oração. Vocês sabem, naturalmente, que não se pode esperar que todos os humanos tenham sabedoria perfei¬ta, como Deus tem, então há limites quanto a quais de suas orações serão respondidas. As orações funcionarão exatamente como uma caixa de sugestões. Expressem claramente seus pe¬didos a Deus, e posso garantir que todas as solicitações serão cuidadosamente consideradas".
Eu poderia conviver facilmente com esse tipo de declara¬ção sobre a oração. Mas ouça o que Jesus realmente disse: "E tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão" (Mt 21:22, NVI).
"Também lhes digo que se dois de vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus" (Mt 18:19, NVI).
"O que vocês pedirem em meu nome, eu farei" (Jo 14:14, NVI).
Essas são apenas algumas das veementes declarações a res¬peito do assunto no Novo Testamento. Há muitas outras, como João 16:23-27 e Marcos 11:24. Se tiver interesse, verifique-as. Elas comprovam para mim que não posso fugir do problema dizendo: "Jesus não prometeu realmente que as orações seriam respondidas". Todas essas garantias são feitas em profusão, e em português claro. A Bíblia não é vaga nessa questão.
Qual é, portanto, a solução para esse problema de oração não respondida?
Se voce quer saber a resposta, aguarde a reflexão da próxima semana.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Quando dois destinos se cruzam
por Ricardo Gondim
Há muito tempo, quando Jesus viveu na Palestina, fui testemunha do dia ensolarado quando ele desceu do barco, e mesmo procurando ir para casa, precisou alterar os planos. Aconteceu assim:
Um homem se jogou no chão, gritando. Dizem que era Jairo, um dos líderes daquele lugar esquecido do mundo. Contaram-me de sua fama. Era o rico que se vestia com linho fino.
O seu desespero foi tão grande, que nos viramos espantados em sua direção. Todos queriam vê-lo de joelhos, naquela beira de praia enlameada. Jesus foi até Jairo, levantou-o pela mão e logo perguntou a razão de tanto desespero.
– Minha filha, minha filha. Foi só o que deu para ouvir.
– O que tem a menina? Perguntou Jesus com voz firme.
– Está morrendo, está morrendo! Por favor venha comigo, me ajude. Insistiu Jairo.
Jesus chamou os amigos, que sempre andavam com ele, para que o seguissem até a casa de Jairo. Depois de caminharmos uns oito quilômetros, uma pequena multidão de curiosos se juntou a nós.
Sem mais nem menos, uma mulher veio, abruptamente, querendo tocar nas costas de Jesus. Eu estava bem do seu lado. Ela era uma senhora de uns 35 anos, cabelos longos e brancos, com olheiras muito roxas, e bem magra.
Na hora em que essa mulher segurou na franja da roupa de Jesus, ele perguntou o que era aquilo; quem empurrava, quem segurava daquele jeito. Tremendo, a pobre mulher contou que uma vizinha lhe dissera que Jesus podia curar qualquer doença.
Jesus insistiu em saber que mal a afligia. Ela contou, muito envergonhada, que sofria de um pequeno sangramento vaginal, parecido com uma leve menstruação.
– Senhor, há doze anos sou impura e não posso chegar perto de ninguém. Há doze anos meu marido não me procura para o amor. Há doze anos não chego na porta da sinagoga. Mas eu cri. Pensei que se encostasse a minha mão impura no Senhor, ficaria curada.
Nesse instante, lembrei-me que não poderíamos demorar. A filha de Jairo agonizava e a mulher alongava a conversa . Essa história de tocar na orla do vestido e ficar sã soava como uma grande superstição. Afobei-me, solidário com a dor de Jairo. Jesus, porém, pareceu-me calmo, em total controle da situação.
-Realmente, mulher, senti vazar poder de mim na hora em que você me tocou. Vá em paz! Você está curada. A sua fé lhe salvou.
A conversa demorou demais, principalmente para Jairo. A sua ansiedade era visível; o suor ensopava a camisa de linho. Não dá para descrever o abatimento na hora que um amigo lhe contou que a filha tinha morrido. Jairo chorava convulsivamente, quando ouvimos um grito anônimo: “Não adianta, a menina já está morta; Jesus demorou demais”.
Revoltei-me com a pessoa que gritou. “Que falta de sensibilidade com o pai, e de respeito com Jesus”
– Vamos! Com esta única palavra, Jesus puxou Jairo pela mão.
Na porta da casa, notamos que muita gente havia chegado antes de nós. O que mais nos chamou a atenção, foi o espetáculo das choradeiras profissionais. Ainda hoje não sei quem as contratou. Que horror aquele pranto artificial.
- Minha filha, minha filha, ela morreu, choramingava a mulher de Jairo no corredor.
A cena era macabra e confusa. Choros se misturavam a conversas e ninguém entendia ninguém.
– Pedro, Tiago, João, venham comigo. Os outros esperam aqui do lado de fora. Jairo, traga a sua mulher. Não quero mais ninguém dentro do quarto, avisou Jesus.
Alguns anos depois, Tiago me contou que Jesus se aproximou da menina e ordenou com brandura: Talita cume! E a menina o obedeceu, como se despertasse de um cochilo. A algazarra que se fez na casa de Jairo foi tremenda, mas agora de alegria. Quando vimos a menina sorrindo, sã e salva, todos choramos emocionados.
Daquele dia aprendi algumas lições.
Jairo tinha uma filha de doze anos que não queria perder; a mulher, uma doença de doze anos que queria se livrar.
Jairo era rico; a mulher, pobre.
Jairo pediu o milagre do jeito certo, ajoelhado; a mulher simplesmente roubou a sua cura.
Jairo intercedia por uma filha, que sofria com uma enfermidade aguda; a mulher pedia por si, por uma doença crônica.
Jairo não podia esperar, mas foi obrigado a aguardar; a mulher, que já sofrera doze anos, tinha como esperar mais uma ou duas horas, contudo, foi prontamente atendida.
Jairo era um personagem público e viu o milagre no privado; a mulher sofria com um mal constrangedor e foi curada em plena praça. - Jesus respeita a realidade de cada um; o homem já tinha se exposto demais, agora precisava ser preservado; a mulher, que padecia de uma doença estigmatizante, necessitava ser resgatada em sua dignidade diante de todos.
Hoje entendo que não existem jeitos certos, rituais adequados ou preferidos por Deus. Ele age tão somente pela graça. Jesus, sempre surpreendente, maravilhou-me salvando duas pessoas que se cruzaram numa estrada, e eu nunca mais fui o mesmo.
Soli Deo Gloria
Se voce quer ler a historia original na Biblia, leia o livro de São Marcos 5:21-43
Há muito tempo, quando Jesus viveu na Palestina, fui testemunha do dia ensolarado quando ele desceu do barco, e mesmo procurando ir para casa, precisou alterar os planos. Aconteceu assim:
Um homem se jogou no chão, gritando. Dizem que era Jairo, um dos líderes daquele lugar esquecido do mundo. Contaram-me de sua fama. Era o rico que se vestia com linho fino.
O seu desespero foi tão grande, que nos viramos espantados em sua direção. Todos queriam vê-lo de joelhos, naquela beira de praia enlameada. Jesus foi até Jairo, levantou-o pela mão e logo perguntou a razão de tanto desespero.
– Minha filha, minha filha. Foi só o que deu para ouvir.
– O que tem a menina? Perguntou Jesus com voz firme.
– Está morrendo, está morrendo! Por favor venha comigo, me ajude. Insistiu Jairo.
Jesus chamou os amigos, que sempre andavam com ele, para que o seguissem até a casa de Jairo. Depois de caminharmos uns oito quilômetros, uma pequena multidão de curiosos se juntou a nós.
Sem mais nem menos, uma mulher veio, abruptamente, querendo tocar nas costas de Jesus. Eu estava bem do seu lado. Ela era uma senhora de uns 35 anos, cabelos longos e brancos, com olheiras muito roxas, e bem magra.
Na hora em que essa mulher segurou na franja da roupa de Jesus, ele perguntou o que era aquilo; quem empurrava, quem segurava daquele jeito. Tremendo, a pobre mulher contou que uma vizinha lhe dissera que Jesus podia curar qualquer doença.
Jesus insistiu em saber que mal a afligia. Ela contou, muito envergonhada, que sofria de um pequeno sangramento vaginal, parecido com uma leve menstruação.
– Senhor, há doze anos sou impura e não posso chegar perto de ninguém. Há doze anos meu marido não me procura para o amor. Há doze anos não chego na porta da sinagoga. Mas eu cri. Pensei que se encostasse a minha mão impura no Senhor, ficaria curada.
Nesse instante, lembrei-me que não poderíamos demorar. A filha de Jairo agonizava e a mulher alongava a conversa . Essa história de tocar na orla do vestido e ficar sã soava como uma grande superstição. Afobei-me, solidário com a dor de Jairo. Jesus, porém, pareceu-me calmo, em total controle da situação.
-Realmente, mulher, senti vazar poder de mim na hora em que você me tocou. Vá em paz! Você está curada. A sua fé lhe salvou.
A conversa demorou demais, principalmente para Jairo. A sua ansiedade era visível; o suor ensopava a camisa de linho. Não dá para descrever o abatimento na hora que um amigo lhe contou que a filha tinha morrido. Jairo chorava convulsivamente, quando ouvimos um grito anônimo: “Não adianta, a menina já está morta; Jesus demorou demais”.
Revoltei-me com a pessoa que gritou. “Que falta de sensibilidade com o pai, e de respeito com Jesus”
– Vamos! Com esta única palavra, Jesus puxou Jairo pela mão.
Na porta da casa, notamos que muita gente havia chegado antes de nós. O que mais nos chamou a atenção, foi o espetáculo das choradeiras profissionais. Ainda hoje não sei quem as contratou. Que horror aquele pranto artificial.
- Minha filha, minha filha, ela morreu, choramingava a mulher de Jairo no corredor.
A cena era macabra e confusa. Choros se misturavam a conversas e ninguém entendia ninguém.
– Pedro, Tiago, João, venham comigo. Os outros esperam aqui do lado de fora. Jairo, traga a sua mulher. Não quero mais ninguém dentro do quarto, avisou Jesus.
Alguns anos depois, Tiago me contou que Jesus se aproximou da menina e ordenou com brandura: Talita cume! E a menina o obedeceu, como se despertasse de um cochilo. A algazarra que se fez na casa de Jairo foi tremenda, mas agora de alegria. Quando vimos a menina sorrindo, sã e salva, todos choramos emocionados.
Daquele dia aprendi algumas lições.
Jairo tinha uma filha de doze anos que não queria perder; a mulher, uma doença de doze anos que queria se livrar.
Jairo era rico; a mulher, pobre.
Jairo pediu o milagre do jeito certo, ajoelhado; a mulher simplesmente roubou a sua cura.
Jairo intercedia por uma filha, que sofria com uma enfermidade aguda; a mulher pedia por si, por uma doença crônica.
Jairo não podia esperar, mas foi obrigado a aguardar; a mulher, que já sofrera doze anos, tinha como esperar mais uma ou duas horas, contudo, foi prontamente atendida.
Jairo era um personagem público e viu o milagre no privado; a mulher sofria com um mal constrangedor e foi curada em plena praça. - Jesus respeita a realidade de cada um; o homem já tinha se exposto demais, agora precisava ser preservado; a mulher, que padecia de uma doença estigmatizante, necessitava ser resgatada em sua dignidade diante de todos.
Hoje entendo que não existem jeitos certos, rituais adequados ou preferidos por Deus. Ele age tão somente pela graça. Jesus, sempre surpreendente, maravilhou-me salvando duas pessoas que se cruzaram numa estrada, e eu nunca mais fui o mesmo.
Soli Deo Gloria
Se voce quer ler a historia original na Biblia, leia o livro de São Marcos 5:21-43
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