domingo, 31 de janeiro de 2010

Gestão e felicidade

Por Ed René Kivitz

Nosso mestre Ariovaldo Ramos está nos ensinando a respeito da felicidade. Sua tese é que a Bíblia não define felicidade, mas descreve o tipo de gente que é feliz. Ao analisar o Salmo 1, disse que "feliz é aquele que sabe onde está o verdadeiro prazer", a saber, na meditação na Lei do Senhor, isto é, a Lei do Amor, pois toda a Lei se resume em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo. Aqueles que entram na dinâmica do amor se distinguem dos rebeldes, dos escarnecedores e dos ímpios, isto é, se submetem a Deus e seu jeito de fazer as coisas, em detrimento de se associarem com aqueles que desejam construir um mundo sem Deus.

O mundo sem Deus é um mundo estressado e estressante, onde o homem tenta desesperadamente resgatar o paraíso às custas de suas próprias forças e às expensas de tudo e todos. O mundo com Deus (ou de Deus) é um mundo descrito em linguagem orgânica, viva, através das imagens "árvore, folhagens, frutos, fontes de águas, vento". Na dinâmica do amor, a vida tem balanço, obedece ciclos onde cada coisa acontece a seu tempo.

Esta visão conduz à afirmação de que "nada no universo frutifica o tempo todo", o que confronta dramaticamente o espírito moderno de busca frenética de resultados. A árvore plantada junto aos ribeiros de águas dá seu fruto na estação certa. Não se promete fruto todo dia e toda hora. O que se promete é uma folhagem viçosa, isto é vitalidade da árvore, ou se preferir, uma árvore que sempre dará fruto na época de dar fruto. Enquanto a economia humana está baseada em fazer para garantir resultados, a economia divina está baseada em ser para garantir vitalidade. A convicção é que "todo ser vivo frutifica", em contraposição à falsa afirmação de que "todo ser ativo produz o tempo todo".

O que isso tem a ver com felicidade? O que isso tem a ver com gestão? E o que gestão e felicidade tem a ver com isso? Compreendo que felicidade, aqui, significa satisfação: ver o fruto do seu trabalho e ficar satisfeito, dizer ao final: "Isso é muito bom, isso é suficiente". Aqueles que compreendem que nada no universo frutifica o tempo todo, terão paciência no tempo de arar a terra, aguardar a chuva, semear na estiagem, e esperar as flores e frutos. Ao final, apesar das lágrimas dos processos, voltarão com alegria, trazendo sua colheita abundante. Aqueles que quiserem frutificar o tempo todo se arremessarão freneticamente no ativismo, levarão a terra à exaustão, atropelarão pessoas, precipitarão processos, e ao final ficarão frustrados e desiludidos a se perguntar o porque do fracasso após tanto trabalho. Por esta razão, acredito que felicidade e gestão têm tudo a ver com isso.

O segredo não é trabalhar sem tréguas esperando resultados diários e imediatos. O segredo é trabalhar em sintonia com a dinâmica do amor e os ciclos da vida, garantindo que as árvores estejam plantadas junto às correntes de águas e zelando para que cada árvore tenha sua folhagem brilhando de vitalidade, na certeza de que no tempo certo, darão seu fruto. O difícil é saber, no contexto da gestão e operação, onde estão as correntes das águas.

© 2005 Ed René Kivitz

domingo, 24 de janeiro de 2010

Sofreram por que eram maus?

Reflexão bíblica sobre o sofrimento humano

por Harold Segura

1. A dor da tragedia

Passa o tempo e a dor pelo acontecido com o terremoto de Haiti segue aumentando. Diante do desconcerto do mundo inteiro seguem crescendo as estatísticas das milhares de pessoas mortas e nessa medida se anuncia que o pior ainda está por vir. Nos próximos dias, a tragédia mostrará novos rostos económicos, políticos, sociais e dezenas mais de problemas que nos fazem temer pelas pessoas que ficaram vivas. Nos faz doer os mortos e nos preocupam os vivos.

À dor da tragédia se soma também a dor das declarações concedidas por alguns líderes cristãos como o do Tele-evangelista Pat Robertson, que afirmou que o terremoto é uma forma de juizo divino pelas práticas satânicas dos haitianos, ou a do Bispo Católico Jose Ignacio Munilla, de San Sebastián, Espanha, que com evidente falta de sensibilidade cristã disse que havia males piores que o que havia sucedido em Haiti. Também houveram as declarações racistas do cônsul geral do Haiti em São Paulo, George Samuel Antoine que sem saber que estava sendo gravado pela equipe do SBT, disse que a culpa do terremoto que destruiu o Haiti foi do Vodu, religião da origem africana popular naquele país. “Acho que de, tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo... O africano em si tem uma maldição” e afirma que a catástrofe, que vitimou centena de milhares de haitianos, foi boa para o Consulado "A desgraça de lá está sendo uma boa pra gente aqui, fica conhecido”, afirmou o representante do país no Brasil. “Todo lugar que tem africano lá tá f...", completa. Alguns simples exemplos dos muitos que se poderiam citar sobre como se responde à dor e à tragédia com explicações teológicas / religiosas ausentes da solidariedade cristã.

Diante de nossa dor inexplicada e das explicações atrevidas, surge a necessidade de buscar na Bíblia e na teológia cristã respostas que dêem testemunho do caráter amoroso de Deus e seu rosto solidário. Com esse fim, meditaremos no texto de Lucas 13:1-5. Este é um texto que, ainda que não resolva todas nossas dúvidas acerca do porquê do sofrimento humano, nos aproxima de algumas premissas bíblicas para compreender a realidade do mal na existência humana.

2. O que nos diz o texto bíblico? (Lucas 13:1-5 – versão na linguagem de hoje)

1 Naquela mesma ocasião algumas pessoas chegaram e começaram a comentar com Jesus como Pilatos havia mandado matar vários galileus, no momento em que eles ofereciam sacrifícios a Deus.

2 Então Jesus disse: - Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus?

3 De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.

4 E lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre caiu em cima deles. Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém?

5 De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.

3. Compreendendo o texto bíblico

- o texto menciona dois eventos diferentes: a tragédia sucedida a um grupo de galileus nas mãos de Pilatos (evento citado pelos interlocutores de Jesus) e um grupo de 18 pessoas que morreram na caida de uma torre (episodio mencionado por Jesus)

- Os dados sobre estes dois episodios não são precisos. Os historiadores propõem algumas conjecturas:

a) O episodio de Pilatos tem a ver com a construção de um aqueduto com o qual o governante propunha melhorar o abastecimento de água. Os Galileus, devido os protestos sociais, alegaram que a construção estava bem, porém reclamaram que se financiara com dinheiro do templo. Pilatos, então, ordenou a seus soldados que se misturasse com a multidão e ao sinal combinado, dispersasse a multidão com as armas que levavam. Foi feito assim, porem se aplicou mais violência do que havia sido combinado e houveram muitas mortes.

b) Com respeito à Torre de Siloé, se sugere que eram trabalhadores de Pilatos no odiado aqueduto. Nesse caso, eram pessoas que ganhavam dinheiro proveniente das ofertas do templo (“dinheiro de Deus”). Quando aconteceu o acidente da torre, as pessoas interpretaram que era um castigo justo de Deus, devido eles haverem aceitado trabalhar neste projeto.

- O problema de fundo é a mentalidade judia predominante naquela época. Eles criam que existia uma relação direta entre pecado e sofrimento. Poblema que um supõe que deveria ter sido resolvido depois com o que está escrito no livro de Jó. Porém não se resolveu; essa mentalidade se manteve até o tempo de Jesus: quem sofre é porque está em pecado? (Jó 4:7; João 9:1-2)

- O versículo 5 aponta para um anúncio profético da destruição de Jerusalém (de fato aconteceu no ano 70 D.C.). Jesús sabia que se a situação nacional não melhorasse, todos iam sofrer uma catástrofe nacional. Quer dizer, mesmo que o sofrimento não é causa direta do pecado, a desordem pecaminosa de uma pessoa ou de uma nação nos expõe a consequências catastróficas.

4. Apropriação do texto para os dias atuais

- se vamos falar de gente má, então devemos incluir a todos. A presuposição teológica das pessoas que estavam falando com Jesús é que os que sofreram a tragedia ocasionada por Pilatos eram maus. Por causa de suas maldades, receberam o sofrimento. Jesús altera essa lógica e propõe outra: eles não sofreram por que eram pecadores. Ele acrescenta que se vamos falar de gente má, então devemos incluir a todos, os que morreram e os que não morreram. Em outras palavras, temos aqui a primeira afirmação teológica derivada do texto: o sofrimento não é um juizo divino originado devido ao pecado dos seres humano. Não se pode acusar a uma pessoa como má (pedadora e culpavel) por que está sofrendo. Neste sentido, pedadores somos todos nós.

- se é que vamos falar da origem do sofrimento, então vamos às raízes. A raiz, ja dissemos, não é a culpabilidade pecaminosa do que sofre. Jesús aprofunda na raiz e aponta que o sofrimento tem também uma origem humana. Neste caso, Jesús usa a expressão: “se não se arrependerem” (13:3,5) para demonstrar que existem tragedias que podemos evitar quando mudamos de atitude e modificamos certos atos. Como podemos negar que muitas das tragedias mal chamadas de naturais tem uma razão política, ou no fundo provém de uma injustiça histórica? Nada de graça é a alusão à Pilatos no inicio do texto. Jesus não sai em defesa do governante para dizer que ele não é culpado. O povo sabia que por mãos de Pilatos se haviam produzidos muitos sofrimentos. O mesmo Jesus ia estar nas mãos de Pilatos alguns anos depois. De modo que, o elemento político surge aqui com muita claridade. Elemento que explica grande parte das tragedias dos povos mais pobres.

- se vamos falar de soluções, então tenhamos em conta que todos podemos participar delas. Muitos males são possíveis de evitar. Certamente, hoje os especialistas na atenção às emergencias fazem a diferença entre “desastres naturais” e “fenômenos naturais”. Os desastres não são naturais, pois são os fenômemos que os produzem. Em muitos casos, existem fenômenos naturais que não causam tantos desastres quando são feitas as devidas precauções. Em fim, o que se pode afirmar aqui é fato que muitas tragedias (não todas) podem ser evitadas quando se tomam certas decisões a tempo, incluídas as decisões políticas e a prática da justiça social. En nosso texto, Jesus chama a atenção sobre algumas mudanças que poderiam evitar acontecimentos ainda mais tristes e lamentaveis. Ele faz um chamado para fazer algo a tempo de evitar piores tragedias.

- se é que realmente nos interessa o sofrimento das pessoas, façamos algo por elas. O sofrimento humano não serve somente para animadas conversas teológicas ou filosóficas. Estas, ainda que tem o seu valor, não são em si a resposta cristã. O cristão diante do sofrimento não deve discutir sobre o sofrimento, mas atuar com solidariedade e compaixão cristã.

As pessoas que vieram a Jesus chegaram com uma grande inquietação conceitual; Jesús mudou o tom das conversas para transforma-la num convite à ação e à mudança. Quando uma parte da humanidade sofre, nós, como seguidores de Jesus, não somente nos perguntamos porque elas sofrem, mas principalmente atuamos para aliviar o sofrimento e trabalhar a favor de um mundo mais justo e equitativo... onde Pilatos não sacrifique mais gente e onde todos possamos mudar para evitar tragedias futuras.

5. Uma oração por Haiti (Irmão Alois, Igreja da Reconciliação, Taizé. Janeiro 2010)

Deus, nossa esperança,

te confiamos as vítimas do terremoto no Haití

desconcertados pelo imcompreensível sofrimento de inocentes,

te pedimos que inspires os corações daqueles que buscam aportar a ajuda tão indispensável.

Conhecemos a fé profunda do povo haitiano.

Assiste aos que morrem, fortifica aos que estão abatidos,

Consola os que choram,

Derrama teu Espírito de compaixão sobre este povo tão sofrido.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

‘Vou orar por você’ - Como dizer isto – e realmente orar – da forma como você gostaria.



por Michele Cushatt

Sentei-me à mesa, de frente para minha amiga Susan, olhando no fundo de seus olhos repletos de profunda tristeza e fiquei pensando em como eu poderia ajudá-la. Sua situação era algo fora do meu alcance: ela havia sofrido inesperadas críticas por parte de antigos amigos que freqüentavam a congregação que seu marido pastoreava. Eu não tinha palavras para consertar os erros dos outros e nem para diminuir a dor no coração dela. “Sinto muito”, tentei dizer simplesmente. Susan me olhou e pediu que eu orasse por ela. Sem poder oferecer nada mais, prometi me unir a ela no seu projeto de tornar as segundas-feiras o dia de jejum e oração por ela e sua igreja. Mas, após sair do nosso encontro e voltar à minha rotina maluca, será que eu realmente poderia manter minha promessa?

Entrando no interior… – Muitas vezes, quando encontro alguém com uma necessidade iminente, ofereço a rápida frase “Você está nas minhas orações” sem mesmo pensar se vou manter minha palavra. Orar realmente consistiria em falar com Deus sobre a situação durante o meu dia ocupado, sem que seja apenas cumprir mais um item de minha lista de tarefas. Mas a responsabilidade de orar por outras pessoas merece séria atenção, como indicam os inúmeros exemplos bíblicos.

Moisés falava com Deus regularmente da parte dos israelitas, por causa de seu pecado (Números 21:7). Ester pediu que seu povo jejuasse três dias antes que ela enfrentasse o rei (Ester 4:15-16). Paulo pediu aos membros da igreja primitiva que orassem por seu ministério (Efésios 6:19-20). E Jesus passou a maior parte de seu longo tempo de oração intercedendo apaixonadamente por nós (João 17).

Intercessão vem das palavras latinas inter (entre) e cedere (ir) – ou seja, uma intervenção ou mediação entre duas partes com o objetivo de reconciliar as diferenças. A chave para a intervenção espiritual é a oração. No livro Tudo para ele, Oswald Chambers chama a oração intercessória de “o ministério do interior” e “o real trabalho de sua vida como alma que já foi salva”. Portanto, precisamos ir além de nossas boas intenções e fazer com que a intercessão seja parte vital de nossa vida na comunidade cristã.

Levantando-se na brecha – Deus nos convida a participar de seu cuidado com seus filhos, mas temos de nos aproximar dele por parte dos outros. Durante a vida do profeta Ezequiel, Deus ansiava por mostrar misericórdia a seu povo através de um intercessor: “Procurei entre eles um homem que erguesse um muro e se pusesse na brecha diante de mim e em favor desta terra, para que eu não a destruísse…” (Ezequiel 22:30). Minha amiga descreve este tipo de oração na brecha como “estender a mão acolhedora para um amigo machucado enquanto seguro minha outra mão na mão firme de Deus. Você faz uma conexão vital”.

Apesar de minhas orações alcançarem Deus, sem levar em conta seu tamanho ou eloqüência (Mateus 7:7-12; Apocalipse 5:8), elas precisam ir além de simples conversas ou discursos de minha parte, para que sejam conexões a tantos que precisam.

Há algumas semanas, uma amiga perdeu a mãe. Uma mulher grávida que freqüenta meu grupo de estudo bíblico foi abandonada pelo marido. E na semana passada, o marido de outra amiga apontou uma arma para ela. Para estas necessidades, minhas orações parecem ser apenas comparáveis a uma situação onde a casa de meus vizinhos está em chamas e chego com uma garrafa de água para ajudar. Não dou o devido valor à necessidade por não responder ao real significado do problema.

Deus criou a intercessão primeiramente para que pudéssemos responder ao grande problema com uma solução suficiente. Por reconhecer que as chamas de nossa natureza pecadora nos consumiam, ele enviou Jesus, Deus encarnado. Cristo nos ofereceu uma conexão vital: uma de suas mãos estendida a nós e a outra segurando firmemente nossa salvação. Ele não nos deu uma garrafa de água: ele abriu os portais de rios de água viva. E sua intercessão por nós continua: “… Cristo Jesus que morreu, e mais; que ressuscitou e está a direita de Deus, e também intercede por nós” (Romanos 8:34).
Posicionados com um objetivo – Sei que as orações intercessórias de Cristo são eficientes, mas me questiono se as minhas farão alguma diferença. A Bíblia está repleta de exemplos de situações assim e de orações intercessórias transformadoras. Os amigos de Jó obtiveram perdão de Deus depois que Jó orou por eles (Jó 42:8-10). Lázaro ressuscitou da morte quando Jesus pediu aos céus (João 11:41-42). E as portas da prisão se abriram depois que Paulo e Silas louvaram e oraram (Atos 16:25-26).

Ainda assim, todos nós já sentimos muitas vezes que nossas orações foram em vão. Nosso ente querido faleceu, o conflito nunca foi resolvido, a enfermidade permaneceu. Clamei a Deus repetidamente para restaurar a saúde de minha amiga Kate que vive com câncer no pâncreas há quatro anos. Apesar de ter se sentido quase “normal” nos últimos meses, esta semana me telefonou para dizer que os médicos lhe contaram que seu oásis de saúde está secando. Enquanto chorava com ela, muitas questões internas surgiram: Será que preciso orar com mais força? Será que Deus está ouvindo? Qual o objetivo das minhas orações?

A tortuosa jornada da enfermidade era familiar para C.S. Lewis, já que sua esposa Joy sofreu com um câncer, conforme relatado no filme Terra das sombras, baseado na relação do casal. Em resposta a este casamento de alegria e dor, a personagem de Lewis comenta: “Oro porque não posso evitar: a necessidade flui em mim. Não muda Deus, mas me transforma.”

Talvez o objetivo da oração seja mais um posicionamento do que uma petição. A oração me move, deixo de ser o centro para que Deus e os outros sejam o centro. Tenho orado diariamente por Kate, e passei a enxergar minhas prioridades e meus conflitos relacionais através das lentes de seu câncer. Agora sou grata por estar fisicamente capacitada a ter uma agenda de compromissos em vez de me sentir sufocada com o estresse diário. Procuro refletir a Graça de Deus aos desconhecidos e sua paciência em relação a meus amados. A intercessão me libertou de ficar absorvida em mim mesma (Gálatas 6:2; Mateus 5:44-45), e me libertou de minha tristeza para que eu pudesse me engajar no ministério.

Faça parte desta experiência – Seguir o exemplo do ministério de Jesus tem um preço. A intercessão que ele fez em nosso favor, posicionando-se entre nós e nossas necessidades, foi algo que consumiu sua própria vida. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida pelos seus amigos”, proclamou Jesus (João 15:13). E, apesar de nossa oração intercessória não ser comparada à oração dele, ela requer sacrifício, que neguemos a nós mesmos, que mudemos nossos hábitos e doemos nosso tempo para levar diante de Deus as necessidades dos outros.

Quando optei por separar as segundas-feiras para orar e jejuar pelas questões de Susan e por sua igreja, não tinha idéia do que estava por vir. Gosto de fazer pelo menos três refeições ao dia. Mas, quando saí de minha zona de conforto, mudei meus compromissos das segundas-feiras e aceitei o desconforto da fome ao me ajoelhar diante de Deus em oração, me descobri inserida no meio da crise de Susan, chorando suas perdas, vivendo sua sensação de impotência, sentindo a dor de suas feridas profundas de decepção e traição.

No entanto, este envolvimento com a vida de Susan através da intercessão, apesar de sacrificial, trouxe também um bônus: tornei-me intimamente conectada com Deus. Enquanto estendia uma de minhas mãos para Susan, estendia a outra mão para que Deus nos fortalecesse. E testemunhei a atuação de Deus no meio da crise: vi sua preocupação, senti sua presença e acreditei em seus propósitos.

Também descobri a motivação para a questão sacrificial, arriscada e muitas vezes exaustiva da intercessão: o amor de Deus (Romanos 8:34, 9:1). Philip Yancey, em seu livro Oração: ela faz alguma diferença?, explica o efeito do amor: “Quando oro por outra pessoa, estou orando para que Deus abra meus olhos para que eu veja aquela pessoa como Deus a vê e então entrar no canal amoroso que Deus já direciona para aquela pessoa. Algo acontece quando oro por outros desta maneira. Levá-los à presença de Deus transforma minhas atitudes em relação a eles e afeta profundamente nosso relacionamento.”

Aprender a amar uns aos outros da maneira que Deus nos ama nos leva a fazer coisas que nunca havíamos considerado. Quando não temos habilidade, nosso coração se enche de bondade. Somos cheios de compaixão quando gostaríamos de ficar omissos. Somos libertos de nossas agendas lotadas quando percebemos que um amigo, ou até um inimigo, precisa de nossa intercessão. E se tememos não ter amor suficiente para esta tarefa, podemos clamar ao Autor do amor para derramar sobre nós amor direto de seu coração para o nosso, conforme nos abrimos para este apaixonante ministério de nos levantarmos em oração na brecha.

Michele Cushatt é professora bíblica, escritora e conferencista. Mora com sua família no Colorado, Estados Unidos.

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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Uma Oração....

por Jack Riemer

Não podemos, ó Deus, pedir-Te simplesmente que acabes com a guerra;
pois sabemos que fizeste o mundo
De maneira que o homem pode encontrar seu próprio caminho para a paz
Dentro de si e com seu vizinho.

Não podemos, ó Deus, pedir-Te simplesmente que acabes com a inanição;
Pois já nos deste recursos
Suficientes para alimentar o mundo todo
Se o utilizarmos com sabedoria.

Não podemos, ó Deus, pedir-Te simplesmente
para acabar com o preconceito,
Pois já nos deste olhos
Para vermos o bem em todos os homens,
Bastando usá-los corretamente.

Não podemos, ó Deus, pedir-Te simplesmente que acabes com o desespero,
Pois já nos deste o poder
De eliminar as favelas e distribuir esperança,
Se formos capazes de usar nosso poder com justiça.

Não podemos, ó Deus, pedir-Te simplesmente que acabes com a doença,
Pois já nos deste grandes inteligências
Para pesquisar e descobrir as curas,
Só nos faltando usá-las construtivamente.

Assim, em vez disso tudo nós Te pedimos, ó Deus,
Fortaleza, determinação e vontade,
Para fazermos e não apenas orarmos,
Para sermos e não simplesmente desejarmos.

(Jack Riemer, Likrat Shabbat)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

José

Por Ariovaldo Ramos

A maioria dos cristãos esqueceu-se de um grande personagem da bíblia: José, pai adotivo de Jesus de Nazaré.

Qual a importância dele?

1 - Jesus só pode cumprir a profecia de que seria filho de Davi, por ter sido adotado por José. (Mt 1.16; Lc 3.23)

E essa era a principal profecia que Jesus teria de cumprir, uma vez que no céu ele é apresentado como "a Raiz de Davi". (Ap 5.5)

Fica a pergunta: Maria foi escolhida porque era a melhor para tanto, ou porque estava prometida para o homem certo; ou ambos?

2 - Ele era um homem misericordioso, resolveu sair de cena de modo a não prejudicar Maria (Mt 1.19), porque, doutra forma, teria de dizer que não era o pai da criança.

Mesmo não entendendo o que estava acontecendo, ele não pôs em risco a vida do Filho de Deus. Conhecia a lei, porém, preferiu seguir o espírito da lei, que é amar ao próximo como a si mesmo.

3 - Ele era plenamente obediente ao Senhor. Ele não questionou quando recebeu a ordem do anjo, obedeceu plenamente (Mt 1.24).

Não há dúvida: esse homem foi escolhido a dedo.

4 - Além de ser profundamente respeitoso, ele compreendeu que estava diante do sagrado, e que aquela mulher era a mais especial das mulheres, ela carregava o ventre da mulher da criação, que recebera a promessa do filho que libertaria a humanidade (Mt 1.25; Gn 3.15).

O temor desse homem a Deus está estampado em cada reação e decisão sua. Deus, qual oleiro, forjou o caráter e a índole desse ser humano.

5 - Deus, através do anjo Gabriel, falou com Maria uma vez, depois, falou apenas com José: avisou-lhe para fugir para o Egito, outra profecia que deveria ser cumprida (Mt 2.13,15); e, também, quando era para voltar (Mt 2.20).

E foi por seu senso de responsabilidade que uma das profecias foi cumprida (Mt 2.23), porque ele temeu voltar para o lugar de onde tinha vindo, porque Arquelau reinava no lugar do Pai e era muito pior do que aquele. Imagino-o orando ao Pai sobre isso, e a resposta de Deus o levou para a Galiléia, mais propriamente para Nazaré (Mt 2.22,23).

6 - Ele adotou, de fato, o menino como o seu primogênito, porque, naquela época, o pai passava sua arte, no caso de José, a carpintaria, ao filho primogênito (Mc 6.3)

E Jesus, além de ser conhecido como carpinteiro, ofício que herdou de seu pai, era também conhecido como filho de José, deixando claro que José salvou Maria do estigma e Jesus do preconceito (Mt 13.55)

7 - Na época de Jesus, o pai era quem cuidava da educação do filho primogênito, não só lhe passava o seu ofício como lhe introduzia no conhecimento das sagradas escrituras. O menino de 12 anos fazendo perguntas aos mestres no templo deve muito a José (Lc 2.46).

Ele sentia a mesma aflição e a mesma maravilha que Maria (Mt 2.48)

Jesus não apenas foi adotado por José, também o adotou, foi assim que ele se apresentou aos discípulos de João que o seguiram (Jo 1.44).

Certamente, ao ser inquirido pelos que o abordaram acerca de seu nome, ele deve ter dito: Eu sou Jesus, filho de José, o que levou Filipe a apresentá-lo assim para Nataniel.

José foi o maior de todos os servos de Deus, porque a ele Deus confiou o seu próprio filho, e foi a ele que o filho de Deus chamou de pai.

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Ariovaldo Ramos é filósofo e teólogo, além de diretor acadêmico da Faculdade Latino-americana de Teologia Integral e presidente da Visão Mundial. Confira também as páginas de Ariovaldo Ramos:
www.lideranca.org/ramos
www.ariovaldoramos.com.br
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