por Sherry Funk
Se eu for fazer uma lista das coisas que eu menos gosto de fazer, eu tenho certeza que esperar estaria entre cinco primeiras. Não há nada que eu goste menos do que permanecer naquele lugar agonizante onde eu olho para minhas esperanças e desejos de frente, perguntando como, quando e se Deus vai permitir que as coisas aconteçam.
“Por quê as coisas simplesmente não acontecem para mim?” Eu me vejo geralmente murmurando, cansada de esperar, de tentar me apegar à esperança pelos meses, anos afora, enquanto várias questões continuam sem resposta. Eu anseio por uma ruptura em minha tediosa profissão que faz pouco para acender uma centelha de vida em meu coração. Eu luto para encontrar um propósito significativo onde eu possa centrar minha vida. Eu questiono quando Deus vai finalmente trazer o homem certo na minha vida, para amar e ser amada. Eu olho interiormente para todas as curas, crescimentos e libertações que eu já experimentei e desejo que Deus opere ao meu tempo, em vez do dele.
Muitas vezes eu implorei que Deus finalmente descesse do céu e movesse, falasse, agisse, brilhasse uma luz no meu caminho. Mas na maior parte das vezes em que me achego a ele com minhas questões e inquietações, ele não revela nada instantaneamente. Sim, ele traz esperança, renova minha fé, e me dá força para prosseguir.
Mas naquela mansa e discreta voz, ele também me diz aquelas palavras que eu já ouvi repetidas vezes… minha filha, espere.
E então eu espero. E com o passar dos anos, eu finalmente compreendi que são nessas temporadas de espera e de estar diante dele, entregando meu coração a ele, é que ele realiza suas maiores obras. É no deserto, no ermo, na quietude que Deus pode restaurar a esperança e a visão e escavar meu caráter. É nessa espera que eu passo a conhecer
Deus mais intimamente e a finalmente percebê-lo em minha vida.
Aqui estão algumas coisas que eu estou aprendendo ao permanecer caminhando durante meu próprio tempo de espera.
Não tente viver sozinho
Houve um tempo em que eu me debatia pela vida por conta própria, assustada e decidida a não deixar ninguém entrar nela. Apesar de eu almejar ter relações significativas mais que qualquer outra coisa, eu estava com medo de ser rejeitada. Até que eu me tornei uma garota conhecida por nunca admitir uma necessidade, nunca compartilhava com ninguém meus problemas. Se eu tinha lágrimas a derramar, eu chorava atrás de uma porta fechada. Se haviam dores e medos para serem tratados, eu esperava até que ninguém mais estivesse a minha volta. Eu era a pessoa para quem todos chegavam com problemas, mas que raramente deixaria que elas vissem as feridas do meu coração.
Deus não me deixou permanecer ali, mas foi uma longa, vagarosa, e dolorosa jornada aprender que nós não fomos destinados a viver sozinhos, e que Deus de fato designou suas mais poderosas obras para serem realizadas dentro de um contexto social. Se for crescimento, liberdade, maturidade, integridade, e restauração, aquilo que nós estamos atrás – então as pessoas, as pessoas certas, serão uma dos maiores instrumentos que Deus usará.
Agora, semanalmente eu me encontro com um pequeno grupo de mulheres da minha igreja, e quase sempre eu saio maravilhada com o que Deus faz quando nos tornamos reais umas para as outras. Dúvida, confusão, solidão, questionamentos, vitórias, sofrimento, alegria, doença, decepção – toda semana nós tornamos essas coisas notórias, nós oramos juntas, reenfatizamos a verdade umas às outras, nós chamamos as pessoas para compartilhar dons, e nisso vemos Deus se revelando. E ao fazermos isso, nossa confiança de que Deus está trabalhando é restaurada.
Eu não sei como eu aguentei tanto tempo vivendo por mim mesma. Mas agora, eu vejo que o tempo gastado esperando que Deus mova as coisas, nunca é desperdício se nós ficarmos vitalmente conectados com pessoas que nos ajudam a não perder visão de quem Deus é e o que ele está fazendo.
Olhe para o que Deus já fez
Eu mantenho regularmente um diário desde que eu tinha 12 anos, e de tempos em tempos quando Deus parece silencioso e parece que nada está acontecendo, eu pego um ou dois volumes dos meus bagunçados rabiscos e permito-me ser transportada ao passado. Está tudo lá – minha adolescência desajeitada, colégio, escolha da carreira, alegrias e preocupações com alguns relacionamentos românticos, viagens pelo mundo, eu achando meu lugar no Corpo de Cristo, trabalhando em um orfanato na África, me mudando algumas vezes, comprando minha primeira casa, acelerando os passos da fé. Eu leio, rio, e sacudo minha cabeça, e algumas vezes ao fazer isso, a fé entra novamente em meu coração.
É tão fácil perder a perspectiva em um longo período de espera, mas olhar para trás e ver a fidelidade de Deus me dá a coragem que eu preciso para continuar persistindo. Se ele já me trouxe até aqui, por quê eu deveria duvidar de que ele continuará me guiando no futuro? Por quê eu deveria pensar que ele não terminará aquilo que ele começou? Eu sou como os israelitas que vagaram no deserto, que esqueceram tão depressa como Deus os conduziu para fora do Egito e pelo Mar Vermelho, lhes dando maná para comer e água para beber, salvando-os de seus inimigos. Mas eu não quero perder de vista tudo que ele já fez, embora a próxima coisa pareça tão longe.
Pense naquilo que te traz vida
Há alguns anos, eu fiz uma lista de tudo o que queria fazer antes de morrer – uma lista que vai desde pular de pára-quedas até escrever um romance, de adotar um bebê africano até aprender a pilotar uma moto, e até ir a um show da Broadway em Nova Iorque. Eu olhei para a lista outro dia, e fiquei agradavelmente surpresa com quantos artigos eu já havia marcado. Como a leitura de meus diários, minha lista me mantém em contato com quem eu sou no âmago, minha personalidade sem igual e interessante, as paixões que me fazem viver, os medos e desafios que eu amaria superar.
Eu descobri que mesmo em espera e ansiedade, nossos corações podem ser avivados e crescer. Todos os dias nós podemos buscar alegria, crescimento, e oportunidades de viver verdadeiramente. É por isso que hoje eu dou um intervalo no trabalho e vou jogar tênis com uma amiga, depois fazemos um piquenique no parque e escutamos os sons das fontes. É por isso que eu e meus sobrinhos tiramos uma soneca quando estamos assistindo desenhos, comemos uma porção de besteiras e rimos a noite toda. É por isso que eu escrevo e viajo, e tanto remodelar meus móveis – porque essas coisas, na sua pequenez, dão vida ao meu coração. E contanto que haja vida em meu coração, eu sei que eu posso me manter esperando e confiando, aguardando o dia em que Deus trará respostas às perguntas mais profundas contra as quais eu estou lutando.
Aprenda a descansar
“Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus” (Sl 46.10). Eu nem posso contar quantas vezes esse versículo me fez parar em meu trajeto, e descobrir que todos os meus esforços e todos os livros de auto-ajuda do mundo não poderiam falar sobre o tipo de mudança permanente que eu almejava ver em minha vida. E isso retoma Deus dizendo aquelas simples palavras para eu entender, de novo, que, em vez de dar dez passos para me tornar uma mulher de ouro, em vez de me cobrar mais sobre aquilo que eu devo fazer, Deus está me convidando a descansar. Ele está me chamando para um relacionamento com ele, me convidando a conhecer seu coração e seu caráter. Ele está falando comigo do seu amor, do seu prazer por mim, do desejo dele de sentar comigo para e conversar.
Eu sou tão boa em deixar a armadilha da ocupação me consumir, a trabalhar incansavelmente todas as áreas da minha vida com que eu não estou satisfeita. Mas é só quando eu volto atrás de todo meu esforço, e finalmente descanso, que minha alma sedenta fica realmente satisfeita, então são restabelecidas aquela paz e equilíbrio ao meu agitado espírito.
“Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus”. Tudo bem Jesus, eu vou descansar.
Sim, o tempo de espera é difícil. Mas nossas raízes vão fundo ao esperamos e confiarmos em Deus. Assim, se você está esperando por orientação em uma decisão séria, ou esperando que um coração quebrado seja curado, ou esperando por um amor, ou esperando que um caminho se abra na carreira, saiba que Jesus deseja caminhar com você, aqui e agora.
“A vida ressurreta que você recebeu de Deus não é uma vida medrosa, direcionada ao túmulo. É aventurosamente prometedora, cumprimentando Deus como um filho, ‘Qual a próxima, Papai?’” (Romans 8, The Message).
Prometedora. Esperançosa. Confiante. Agora, é por isso que eu quero ser conhecida em meu tempo de espera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário