Caros amigos e amigas, este blog é um meio que encontrei de compartilhar artigos, textos, reflexões bíblicas sobre a vida e os desafios de se por em prática aquilo que cremos. Boa leitura!
domingo, 25 de outubro de 2009
Lutando com Deus
por Ed René Kivitz
Jacó lutou com Deus no Vale de Jaboque. Disse a Deus "não te deixarei ir até que me abençoes". Literalmente, saiu no tapa com Deus, e levou a pior: foi ferido no nervo da coxa e passou o resto da vida mancando. Mas foi abençoado, e nesse sentido se deu bem. Seu nome deixou de ser Jacó, que quer dizer "aquele que age traiçoeiramente", e passou a se chamar Israel, "aquele que luta com Deus".
A pergunta por trás dessa história é por que um homem tem que lutar com Deus para ser abençoado? Estaria Deus se recusando a abençoar? Teria Deus má vontade em fazer o bem? Seria o caso de Deus não ser tão generoso quanto queremos acreditar? Será que as bençãos de Deus nós as conquistamos às custas de muito esforço, através de vigílias de oração, correntes de fé, jejuns, sacrifícios com ofertas financeiras, penitências, e tantas outras expressões próprias das religiões? Seria a nossa parte "tomar posse" das bençãos e a parte de Deus dificultar ao máximo o acesso aos seus favores para que somente os muito perseverantes os alcancem? Precisamos mesmo reivindicar o que é nosso? Enfim, por que a Bíblia diz que Jacó lutou com Deus até ser abençoado por Ele?
A luta com Deus não se justitifica pela necessidade de convencer Deus a abençoar. A luta com Deus não visa a mudar o coração de Deus em relação a nós e nossas necessidades e desejos. Lutamos com Deus porque queremos ser abençoados em nossos termos. Lutamos com Deus porque não queremos permitir que Ele transforme nossos corações e mentes. Lutamos com Deus porque nos recusamos a mudar. Lutamos com Deus porque queremos os favores de Deus e ao mesmo tempo queremos permanecer as mesmas pessoas que sempre fomos, agarradas aos mesmos vícios, padrões de pensamento, idéias fixas, comportamentos maléficos e sentimentos mesquinhos. Lutamos com Deus como quem diz "anda logo, responda a minha oração, atenda os meus anseios e não se meta na minha vida". Lutamos com Deus porque queremos impor sobre Ele nossa vontade, em vez de nos submetermos à sua vontade, que é sempre boa, perfeita e agradável.
O evangelho não é um caminho de conquista de bençãos. O evangelho é um convite à intimidade com Deus, numa caminhada onde nossos corações e mentes vão sendo transformados de modo a nos ocuparmos tanto com o reino de Deus, a justiça de Deus e a glória de Deus, que nem nos damos conta que as coisas que desejamos Deus no-las concede como expressão de seu cuidado paterno amoroso e fiel.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Alegria "fora de hora"
por Ed René Kivitz
Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma. (Tiago 1.24)
Tiago, irmão de Jesus, escreveu uma carta aos cristãos que estavam sofrendo perseguição. Eles haviam sido expulsos de Jerusalém e deixado para trás seus bens, familiares e amigos. Estavam começando vida nova em outro lugar, e precisavam construir novos relacionamentos, redefinir sua carreira profissional e ainda por cima se defender dos ataques daqueles que se opunham à sua fé em Jesus Cristo.
Um dos conselhos de Tiago para aqueles cristãos em situação tão adversa foi que deveriam receber com alegria as tribulações e provações que a vida colocava diante deles. Tiago justificou seu conselho apresentando três conseqüências das tribulações.
As tribulações provam a nossa fé, isto é, revelam a qualidade dos alicerces onde construímos nossas vidas. Outra maneira de dizer isso é que as tribulações nos mostram quem de fato somos. Muitas pessoas vivem iludidas em relação a si mesmas, e por esta razão constroem suas vidas em alicerces falsos - e vice-versa. Cedo ou tarde estes alicerces são desmascarados e tudo o que está sobre eles pode ruir, como por exemplo: auto-estima, esperança, prazer de viver, relacionamentos, sonhos de futuro, carreira profissional. As situações da vida que confrontam nossos alicerces existenciais são de fato oportunidades extraordinárias para nos reinventarmos, tanto substituindo o que identificamos como inadequado, quanto no desenvolvimento do que identificamos frágil.
As tribulações produzem perseverança, isto é, nos fortalecem para enfrentar a vida. O ditado popular diz que "Deus dá o frio conforme o cobertor". Acredito nisso. Acredito que o exercício de viver nos coloca diante de desafios proporcionais à maturidade. Uma é a dificuldade da criança, outra, do adolescente, e outra, dos adultos que já não acreditam em Papai Noel e já deixaram a prepotência juvenil de lado. As dificuldades que enfrentamos no caminho nos ajudam a encarar a vida e continuar andando rumo ao futuro desejado. À medida que vamos encarando e superando as tribulações, vamos perdendo o medo de cara feia, até que a vida mostra sua face mais terrível e se surpreende com nossa capacidade de superá-la.
Finalmente, as tribulações nos fazem pessoas maduras e íntegras, sem falta de nada. Atravessar tempos difíceis exige de nós a descoberta e o desenvolvimento de recursos interiores. As tribulações nos tiram todos os pontos externos de apoio: nos sentimos solitários, incompreendidos e injustiçados; perdemos posição, status e privilégios, além de dinheiro e conforto; e descobrimos que as bases onde escorávamos nossa identidade e as fontes de onde tirávamos forças para viver eram falsas ou insuficientes. Nesse momento, olhamos para dentro e para o alto. E descobrimos uma fé mais amadurecida, que nos aproxima mais de Deus, e recebemos a coragem de continuar vivendo. Estranhamente, vamos percebendo que precisávamos de bem menos do que imaginávamos para a nossa felicidade, até que surpresos, nos deparamos com a sensação de que muito embora o mundo lá fora esteja em convulsão, o mundo de dentro do coração, está em paz e serenidade. Quando chegamos nesse ponto de integridade (integralidade) é que passamos a desfrutar dos poucos recursos, dos amigos raros e das pequenas alegrias do dia-a-dia como suficientes para a felicidade. Aí sim, somos homens e mulheres de verdade. Construídos na forja das tribulações. Livres das ilusões. Prontos para viver, dar e construir.
________________________________________
Fonte: Igreja Batista de Água Branca
Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma. (Tiago 1.24)
Tiago, irmão de Jesus, escreveu uma carta aos cristãos que estavam sofrendo perseguição. Eles haviam sido expulsos de Jerusalém e deixado para trás seus bens, familiares e amigos. Estavam começando vida nova em outro lugar, e precisavam construir novos relacionamentos, redefinir sua carreira profissional e ainda por cima se defender dos ataques daqueles que se opunham à sua fé em Jesus Cristo.
Um dos conselhos de Tiago para aqueles cristãos em situação tão adversa foi que deveriam receber com alegria as tribulações e provações que a vida colocava diante deles. Tiago justificou seu conselho apresentando três conseqüências das tribulações.
As tribulações provam a nossa fé, isto é, revelam a qualidade dos alicerces onde construímos nossas vidas. Outra maneira de dizer isso é que as tribulações nos mostram quem de fato somos. Muitas pessoas vivem iludidas em relação a si mesmas, e por esta razão constroem suas vidas em alicerces falsos - e vice-versa. Cedo ou tarde estes alicerces são desmascarados e tudo o que está sobre eles pode ruir, como por exemplo: auto-estima, esperança, prazer de viver, relacionamentos, sonhos de futuro, carreira profissional. As situações da vida que confrontam nossos alicerces existenciais são de fato oportunidades extraordinárias para nos reinventarmos, tanto substituindo o que identificamos como inadequado, quanto no desenvolvimento do que identificamos frágil.
As tribulações produzem perseverança, isto é, nos fortalecem para enfrentar a vida. O ditado popular diz que "Deus dá o frio conforme o cobertor". Acredito nisso. Acredito que o exercício de viver nos coloca diante de desafios proporcionais à maturidade. Uma é a dificuldade da criança, outra, do adolescente, e outra, dos adultos que já não acreditam em Papai Noel e já deixaram a prepotência juvenil de lado. As dificuldades que enfrentamos no caminho nos ajudam a encarar a vida e continuar andando rumo ao futuro desejado. À medida que vamos encarando e superando as tribulações, vamos perdendo o medo de cara feia, até que a vida mostra sua face mais terrível e se surpreende com nossa capacidade de superá-la.
Finalmente, as tribulações nos fazem pessoas maduras e íntegras, sem falta de nada. Atravessar tempos difíceis exige de nós a descoberta e o desenvolvimento de recursos interiores. As tribulações nos tiram todos os pontos externos de apoio: nos sentimos solitários, incompreendidos e injustiçados; perdemos posição, status e privilégios, além de dinheiro e conforto; e descobrimos que as bases onde escorávamos nossa identidade e as fontes de onde tirávamos forças para viver eram falsas ou insuficientes. Nesse momento, olhamos para dentro e para o alto. E descobrimos uma fé mais amadurecida, que nos aproxima mais de Deus, e recebemos a coragem de continuar vivendo. Estranhamente, vamos percebendo que precisávamos de bem menos do que imaginávamos para a nossa felicidade, até que surpresos, nos deparamos com a sensação de que muito embora o mundo lá fora esteja em convulsão, o mundo de dentro do coração, está em paz e serenidade. Quando chegamos nesse ponto de integridade (integralidade) é que passamos a desfrutar dos poucos recursos, dos amigos raros e das pequenas alegrias do dia-a-dia como suficientes para a felicidade. Aí sim, somos homens e mulheres de verdade. Construídos na forja das tribulações. Livres das ilusões. Prontos para viver, dar e construir.
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Fonte: Igreja Batista de Água Branca
domingo, 11 de outubro de 2009
Hora de esperar
por Sherry Funk
Se eu for fazer uma lista das coisas que eu menos gosto de fazer, eu tenho certeza que esperar estaria entre cinco primeiras. Não há nada que eu goste menos do que permanecer naquele lugar agonizante onde eu olho para minhas esperanças e desejos de frente, perguntando como, quando e se Deus vai permitir que as coisas aconteçam.
“Por quê as coisas simplesmente não acontecem para mim?” Eu me vejo geralmente murmurando, cansada de esperar, de tentar me apegar à esperança pelos meses, anos afora, enquanto várias questões continuam sem resposta. Eu anseio por uma ruptura em minha tediosa profissão que faz pouco para acender uma centelha de vida em meu coração. Eu luto para encontrar um propósito significativo onde eu possa centrar minha vida. Eu questiono quando Deus vai finalmente trazer o homem certo na minha vida, para amar e ser amada. Eu olho interiormente para todas as curas, crescimentos e libertações que eu já experimentei e desejo que Deus opere ao meu tempo, em vez do dele.
Muitas vezes eu implorei que Deus finalmente descesse do céu e movesse, falasse, agisse, brilhasse uma luz no meu caminho. Mas na maior parte das vezes em que me achego a ele com minhas questões e inquietações, ele não revela nada instantaneamente. Sim, ele traz esperança, renova minha fé, e me dá força para prosseguir.
Mas naquela mansa e discreta voz, ele também me diz aquelas palavras que eu já ouvi repetidas vezes… minha filha, espere.
E então eu espero. E com o passar dos anos, eu finalmente compreendi que são nessas temporadas de espera e de estar diante dele, entregando meu coração a ele, é que ele realiza suas maiores obras. É no deserto, no ermo, na quietude que Deus pode restaurar a esperança e a visão e escavar meu caráter. É nessa espera que eu passo a conhecer
Deus mais intimamente e a finalmente percebê-lo em minha vida.
Aqui estão algumas coisas que eu estou aprendendo ao permanecer caminhando durante meu próprio tempo de espera.
Não tente viver sozinho
Houve um tempo em que eu me debatia pela vida por conta própria, assustada e decidida a não deixar ninguém entrar nela. Apesar de eu almejar ter relações significativas mais que qualquer outra coisa, eu estava com medo de ser rejeitada. Até que eu me tornei uma garota conhecida por nunca admitir uma necessidade, nunca compartilhava com ninguém meus problemas. Se eu tinha lágrimas a derramar, eu chorava atrás de uma porta fechada. Se haviam dores e medos para serem tratados, eu esperava até que ninguém mais estivesse a minha volta. Eu era a pessoa para quem todos chegavam com problemas, mas que raramente deixaria que elas vissem as feridas do meu coração.
Deus não me deixou permanecer ali, mas foi uma longa, vagarosa, e dolorosa jornada aprender que nós não fomos destinados a viver sozinhos, e que Deus de fato designou suas mais poderosas obras para serem realizadas dentro de um contexto social. Se for crescimento, liberdade, maturidade, integridade, e restauração, aquilo que nós estamos atrás – então as pessoas, as pessoas certas, serão uma dos maiores instrumentos que Deus usará.
Agora, semanalmente eu me encontro com um pequeno grupo de mulheres da minha igreja, e quase sempre eu saio maravilhada com o que Deus faz quando nos tornamos reais umas para as outras. Dúvida, confusão, solidão, questionamentos, vitórias, sofrimento, alegria, doença, decepção – toda semana nós tornamos essas coisas notórias, nós oramos juntas, reenfatizamos a verdade umas às outras, nós chamamos as pessoas para compartilhar dons, e nisso vemos Deus se revelando. E ao fazermos isso, nossa confiança de que Deus está trabalhando é restaurada.
Eu não sei como eu aguentei tanto tempo vivendo por mim mesma. Mas agora, eu vejo que o tempo gastado esperando que Deus mova as coisas, nunca é desperdício se nós ficarmos vitalmente conectados com pessoas que nos ajudam a não perder visão de quem Deus é e o que ele está fazendo.
Olhe para o que Deus já fez
Eu mantenho regularmente um diário desde que eu tinha 12 anos, e de tempos em tempos quando Deus parece silencioso e parece que nada está acontecendo, eu pego um ou dois volumes dos meus bagunçados rabiscos e permito-me ser transportada ao passado. Está tudo lá – minha adolescência desajeitada, colégio, escolha da carreira, alegrias e preocupações com alguns relacionamentos românticos, viagens pelo mundo, eu achando meu lugar no Corpo de Cristo, trabalhando em um orfanato na África, me mudando algumas vezes, comprando minha primeira casa, acelerando os passos da fé. Eu leio, rio, e sacudo minha cabeça, e algumas vezes ao fazer isso, a fé entra novamente em meu coração.
É tão fácil perder a perspectiva em um longo período de espera, mas olhar para trás e ver a fidelidade de Deus me dá a coragem que eu preciso para continuar persistindo. Se ele já me trouxe até aqui, por quê eu deveria duvidar de que ele continuará me guiando no futuro? Por quê eu deveria pensar que ele não terminará aquilo que ele começou? Eu sou como os israelitas que vagaram no deserto, que esqueceram tão depressa como Deus os conduziu para fora do Egito e pelo Mar Vermelho, lhes dando maná para comer e água para beber, salvando-os de seus inimigos. Mas eu não quero perder de vista tudo que ele já fez, embora a próxima coisa pareça tão longe.
Pense naquilo que te traz vida
Há alguns anos, eu fiz uma lista de tudo o que queria fazer antes de morrer – uma lista que vai desde pular de pára-quedas até escrever um romance, de adotar um bebê africano até aprender a pilotar uma moto, e até ir a um show da Broadway em Nova Iorque. Eu olhei para a lista outro dia, e fiquei agradavelmente surpresa com quantos artigos eu já havia marcado. Como a leitura de meus diários, minha lista me mantém em contato com quem eu sou no âmago, minha personalidade sem igual e interessante, as paixões que me fazem viver, os medos e desafios que eu amaria superar.
Eu descobri que mesmo em espera e ansiedade, nossos corações podem ser avivados e crescer. Todos os dias nós podemos buscar alegria, crescimento, e oportunidades de viver verdadeiramente. É por isso que hoje eu dou um intervalo no trabalho e vou jogar tênis com uma amiga, depois fazemos um piquenique no parque e escutamos os sons das fontes. É por isso que eu e meus sobrinhos tiramos uma soneca quando estamos assistindo desenhos, comemos uma porção de besteiras e rimos a noite toda. É por isso que eu escrevo e viajo, e tanto remodelar meus móveis – porque essas coisas, na sua pequenez, dão vida ao meu coração. E contanto que haja vida em meu coração, eu sei que eu posso me manter esperando e confiando, aguardando o dia em que Deus trará respostas às perguntas mais profundas contra as quais eu estou lutando.
Aprenda a descansar
“Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus” (Sl 46.10). Eu nem posso contar quantas vezes esse versículo me fez parar em meu trajeto, e descobrir que todos os meus esforços e todos os livros de auto-ajuda do mundo não poderiam falar sobre o tipo de mudança permanente que eu almejava ver em minha vida. E isso retoma Deus dizendo aquelas simples palavras para eu entender, de novo, que, em vez de dar dez passos para me tornar uma mulher de ouro, em vez de me cobrar mais sobre aquilo que eu devo fazer, Deus está me convidando a descansar. Ele está me chamando para um relacionamento com ele, me convidando a conhecer seu coração e seu caráter. Ele está falando comigo do seu amor, do seu prazer por mim, do desejo dele de sentar comigo para e conversar.
Eu sou tão boa em deixar a armadilha da ocupação me consumir, a trabalhar incansavelmente todas as áreas da minha vida com que eu não estou satisfeita. Mas é só quando eu volto atrás de todo meu esforço, e finalmente descanso, que minha alma sedenta fica realmente satisfeita, então são restabelecidas aquela paz e equilíbrio ao meu agitado espírito.
“Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus”. Tudo bem Jesus, eu vou descansar.
Sim, o tempo de espera é difícil. Mas nossas raízes vão fundo ao esperamos e confiarmos em Deus. Assim, se você está esperando por orientação em uma decisão séria, ou esperando que um coração quebrado seja curado, ou esperando por um amor, ou esperando que um caminho se abra na carreira, saiba que Jesus deseja caminhar com você, aqui e agora.
“A vida ressurreta que você recebeu de Deus não é uma vida medrosa, direcionada ao túmulo. É aventurosamente prometedora, cumprimentando Deus como um filho, ‘Qual a próxima, Papai?’” (Romans 8, The Message).
Prometedora. Esperançosa. Confiante. Agora, é por isso que eu quero ser conhecida em meu tempo de espera.
Se eu for fazer uma lista das coisas que eu menos gosto de fazer, eu tenho certeza que esperar estaria entre cinco primeiras. Não há nada que eu goste menos do que permanecer naquele lugar agonizante onde eu olho para minhas esperanças e desejos de frente, perguntando como, quando e se Deus vai permitir que as coisas aconteçam.
“Por quê as coisas simplesmente não acontecem para mim?” Eu me vejo geralmente murmurando, cansada de esperar, de tentar me apegar à esperança pelos meses, anos afora, enquanto várias questões continuam sem resposta. Eu anseio por uma ruptura em minha tediosa profissão que faz pouco para acender uma centelha de vida em meu coração. Eu luto para encontrar um propósito significativo onde eu possa centrar minha vida. Eu questiono quando Deus vai finalmente trazer o homem certo na minha vida, para amar e ser amada. Eu olho interiormente para todas as curas, crescimentos e libertações que eu já experimentei e desejo que Deus opere ao meu tempo, em vez do dele.
Muitas vezes eu implorei que Deus finalmente descesse do céu e movesse, falasse, agisse, brilhasse uma luz no meu caminho. Mas na maior parte das vezes em que me achego a ele com minhas questões e inquietações, ele não revela nada instantaneamente. Sim, ele traz esperança, renova minha fé, e me dá força para prosseguir.
Mas naquela mansa e discreta voz, ele também me diz aquelas palavras que eu já ouvi repetidas vezes… minha filha, espere.
E então eu espero. E com o passar dos anos, eu finalmente compreendi que são nessas temporadas de espera e de estar diante dele, entregando meu coração a ele, é que ele realiza suas maiores obras. É no deserto, no ermo, na quietude que Deus pode restaurar a esperança e a visão e escavar meu caráter. É nessa espera que eu passo a conhecer
Deus mais intimamente e a finalmente percebê-lo em minha vida.
Aqui estão algumas coisas que eu estou aprendendo ao permanecer caminhando durante meu próprio tempo de espera.
Não tente viver sozinho
Houve um tempo em que eu me debatia pela vida por conta própria, assustada e decidida a não deixar ninguém entrar nela. Apesar de eu almejar ter relações significativas mais que qualquer outra coisa, eu estava com medo de ser rejeitada. Até que eu me tornei uma garota conhecida por nunca admitir uma necessidade, nunca compartilhava com ninguém meus problemas. Se eu tinha lágrimas a derramar, eu chorava atrás de uma porta fechada. Se haviam dores e medos para serem tratados, eu esperava até que ninguém mais estivesse a minha volta. Eu era a pessoa para quem todos chegavam com problemas, mas que raramente deixaria que elas vissem as feridas do meu coração.
Deus não me deixou permanecer ali, mas foi uma longa, vagarosa, e dolorosa jornada aprender que nós não fomos destinados a viver sozinhos, e que Deus de fato designou suas mais poderosas obras para serem realizadas dentro de um contexto social. Se for crescimento, liberdade, maturidade, integridade, e restauração, aquilo que nós estamos atrás – então as pessoas, as pessoas certas, serão uma dos maiores instrumentos que Deus usará.
Agora, semanalmente eu me encontro com um pequeno grupo de mulheres da minha igreja, e quase sempre eu saio maravilhada com o que Deus faz quando nos tornamos reais umas para as outras. Dúvida, confusão, solidão, questionamentos, vitórias, sofrimento, alegria, doença, decepção – toda semana nós tornamos essas coisas notórias, nós oramos juntas, reenfatizamos a verdade umas às outras, nós chamamos as pessoas para compartilhar dons, e nisso vemos Deus se revelando. E ao fazermos isso, nossa confiança de que Deus está trabalhando é restaurada.
Eu não sei como eu aguentei tanto tempo vivendo por mim mesma. Mas agora, eu vejo que o tempo gastado esperando que Deus mova as coisas, nunca é desperdício se nós ficarmos vitalmente conectados com pessoas que nos ajudam a não perder visão de quem Deus é e o que ele está fazendo.
Olhe para o que Deus já fez
Eu mantenho regularmente um diário desde que eu tinha 12 anos, e de tempos em tempos quando Deus parece silencioso e parece que nada está acontecendo, eu pego um ou dois volumes dos meus bagunçados rabiscos e permito-me ser transportada ao passado. Está tudo lá – minha adolescência desajeitada, colégio, escolha da carreira, alegrias e preocupações com alguns relacionamentos românticos, viagens pelo mundo, eu achando meu lugar no Corpo de Cristo, trabalhando em um orfanato na África, me mudando algumas vezes, comprando minha primeira casa, acelerando os passos da fé. Eu leio, rio, e sacudo minha cabeça, e algumas vezes ao fazer isso, a fé entra novamente em meu coração.
É tão fácil perder a perspectiva em um longo período de espera, mas olhar para trás e ver a fidelidade de Deus me dá a coragem que eu preciso para continuar persistindo. Se ele já me trouxe até aqui, por quê eu deveria duvidar de que ele continuará me guiando no futuro? Por quê eu deveria pensar que ele não terminará aquilo que ele começou? Eu sou como os israelitas que vagaram no deserto, que esqueceram tão depressa como Deus os conduziu para fora do Egito e pelo Mar Vermelho, lhes dando maná para comer e água para beber, salvando-os de seus inimigos. Mas eu não quero perder de vista tudo que ele já fez, embora a próxima coisa pareça tão longe.
Pense naquilo que te traz vida
Há alguns anos, eu fiz uma lista de tudo o que queria fazer antes de morrer – uma lista que vai desde pular de pára-quedas até escrever um romance, de adotar um bebê africano até aprender a pilotar uma moto, e até ir a um show da Broadway em Nova Iorque. Eu olhei para a lista outro dia, e fiquei agradavelmente surpresa com quantos artigos eu já havia marcado. Como a leitura de meus diários, minha lista me mantém em contato com quem eu sou no âmago, minha personalidade sem igual e interessante, as paixões que me fazem viver, os medos e desafios que eu amaria superar.
Eu descobri que mesmo em espera e ansiedade, nossos corações podem ser avivados e crescer. Todos os dias nós podemos buscar alegria, crescimento, e oportunidades de viver verdadeiramente. É por isso que hoje eu dou um intervalo no trabalho e vou jogar tênis com uma amiga, depois fazemos um piquenique no parque e escutamos os sons das fontes. É por isso que eu e meus sobrinhos tiramos uma soneca quando estamos assistindo desenhos, comemos uma porção de besteiras e rimos a noite toda. É por isso que eu escrevo e viajo, e tanto remodelar meus móveis – porque essas coisas, na sua pequenez, dão vida ao meu coração. E contanto que haja vida em meu coração, eu sei que eu posso me manter esperando e confiando, aguardando o dia em que Deus trará respostas às perguntas mais profundas contra as quais eu estou lutando.
Aprenda a descansar
“Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus” (Sl 46.10). Eu nem posso contar quantas vezes esse versículo me fez parar em meu trajeto, e descobrir que todos os meus esforços e todos os livros de auto-ajuda do mundo não poderiam falar sobre o tipo de mudança permanente que eu almejava ver em minha vida. E isso retoma Deus dizendo aquelas simples palavras para eu entender, de novo, que, em vez de dar dez passos para me tornar uma mulher de ouro, em vez de me cobrar mais sobre aquilo que eu devo fazer, Deus está me convidando a descansar. Ele está me chamando para um relacionamento com ele, me convidando a conhecer seu coração e seu caráter. Ele está falando comigo do seu amor, do seu prazer por mim, do desejo dele de sentar comigo para e conversar.
Eu sou tão boa em deixar a armadilha da ocupação me consumir, a trabalhar incansavelmente todas as áreas da minha vida com que eu não estou satisfeita. Mas é só quando eu volto atrás de todo meu esforço, e finalmente descanso, que minha alma sedenta fica realmente satisfeita, então são restabelecidas aquela paz e equilíbrio ao meu agitado espírito.
“Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus”. Tudo bem Jesus, eu vou descansar.
Sim, o tempo de espera é difícil. Mas nossas raízes vão fundo ao esperamos e confiarmos em Deus. Assim, se você está esperando por orientação em uma decisão séria, ou esperando que um coração quebrado seja curado, ou esperando por um amor, ou esperando que um caminho se abra na carreira, saiba que Jesus deseja caminhar com você, aqui e agora.
“A vida ressurreta que você recebeu de Deus não é uma vida medrosa, direcionada ao túmulo. É aventurosamente prometedora, cumprimentando Deus como um filho, ‘Qual a próxima, Papai?’” (Romans 8, The Message).
Prometedora. Esperançosa. Confiante. Agora, é por isso que eu quero ser conhecida em meu tempo de espera.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
A Cura da Doença
por Gordon Dalbey e Mike Genung
Que esperança podemos ter para alguma mudança no quadro dramático da situação da família e do homem hoje (descrita no artigo A Doença dos Homens)? Existe “bálsamo em Gileade? ou não há lá médico?” (Jr 8.22).
Temos, sim, uma grande promessa na Palavra de Deus. De fato, exatamente no ponto em que as Escrituras mudaram o foco dos mandamentos e da lei de Moisés para a obra de Jesus, Deus mostrou que pretende curar a grande enfermidade da humanidade:
“...ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml 4.5, 6).
A desintegração de relacionamentos entre pais e filhos neste mundo reflete a quebra de contato entre a humanidade e Deus. É por isso que a restauração do relacionamento com o Pai constitui, na realidade, o foco principal do poder redentor de Deus neste mundo. Jesus veio para revelar o Pai e para reconciliar com ele a humanidade (Jo 14.8-13). E em nenhum lugar a necessidade por essa reconciliação é mais profundamente sentida do que na falta que o homem sente de um pai.
Nenhuma dor fere o coração do homem mais profundamente do que o abandono emocional e/ou físico do pai. Para os homens, a ferida do pai é uma maldição mortal.
O Primeiro Passo
A palavra “integridade” vem de uma raiz que significa inteiro, como em números inteiros. O homem que se esconde e tenta encobrir sua ferida interior não é um homem de integridade. É apenas metade de um homem. Ele pode conhecer a verdade da Palavra de Deus, mas não a graça do coração do Pai.
O primeiro passo, então, para a cura é reconhecer sua verdadeira condição e a causa correspondente. De nada adiantará fazer parte de movimentos ou cursos para homens se esses tão-somente estabelecerem novas regras ou padrões mais elevados de comportamento. Essa geralmente é só mais uma maneira de esconder nossas feridas por trás de uma fachada religiosa que valoriza desempenho.
Infelizmente, a maior parte do ensinamento cristão para os homens hoje simplesmente nos mostra o que devemos fazer, as terríveis conseqüências se não o fizermos e, talvez, os maravilhosos benefícios se conseguirmos atingir o padrão. São exortações do tipo “dez princípios de hombridade santa” ou os “cinco padrões de masculinidade bíblica”. É mais fácil enfocar a prática do bem do que ser autêntico.
O homem que foge de sua ferida mortal e da necessidade do Salvador sempre acabará se tornando escravo da vergonha de não ter alcançado o padrão desejado. Sentindo abandono e frustração, procurará sua identidade no trabalho e, muitas vezes, nas mulheres, seja na mãe, na esposa ou em algum relacionamento superficial. Ficará vulnerável a uma porção de falsificações mundanas e até religiosas, que prometem calar a voz da vergonha e torná-lo, afinal, um “verdadeiro homem”.
Já a hombridade da Nova Aliança requer que enfrentemos os duros fatos de que não somos capazes de fazer o que Deus ordena e exige que clamemos a ele por livramento. Precisamos aprender a levar a nossa vergonha à cruz e não a encobri-la com tentativas de bom desempenho.
O caminho para a recuperação da hombridade perdida, então, é por meio da autenticidade, que tem uma grande relação com arrependimento. O que nos salvará não é a nova determinação de fazer “o que é certo”, mas o anseio de conhecer o verdadeiro Pai (Gl 5.1-6; Rm 7.18). Só autenticidade pode nos levar a ser homens da Nova Aliança – com a coragem de enfrentar a vergonha de nossa própria impotência e de entregá-la a Jesus para que ele a assuma totalmente.
Se nenhum pai humano é perfeito e todos nós carregamos as feridas que resultam dessa imperfeição, teremos de buscar a verdadeira filiação em Cristo para conhecermos o único Pai perfeito. Isso não é apenas uma questão de palavras ou de teoria. Precisamos aprender a nos relacionar de fato com o Pai, sentir sua aceitação, sua perseverança, sua disciplina e seus tratamentos até encontrarmos seu reconhecimento de que, de fato, algo novo está sendo gerado no nosso interior.
Aprendendo a Perdoar
Enfrentar a ferida inclui dois aspectos: o primeiro, já descrito acima, é reconhecer nossa doença, nossa incapacidade, nossa falta de hombridade. Isso nos leva à cruz, à obra consumada de Cristo, à filiação.
O segundo é entender que, embora a causa tenha sido a humanidade caída de nosso pai natural, ele, por sua vez, também sofreu as conseqüências de ter sido criado por um pai imperfeito, e precisa ser amado e perdoado. É diferente de defender o pai, que, muitas vezes, é uma reação natural do filho, mas pode significar um encobrimento da ferida. Se não enfrentarmos o fato de que realmente houve falhas, não abriremos o caminho para a cura, nem para mudanças em nossas próprias vidas. E o ciclo continuará para a próxima geração.
A promessa de Malaquias é que antes da consumação do dia do Senhor, haverá um ministério que tornará os corações dos pais aos filhos e dos filhos aos pais. Essa restauração pode acontecer em qualquer fase da nossa vida. Nunca é tarde demais para um pai voltar-se para seus filhos, ainda que sejam adultos. Nunca é tarde demais para um filho voltar-se para seu pai, ainda que este seja idoso. E jamais poderemos calcular os efeitos que tal restauração trará – não só para os membros imediatos da família envolvida.
Se virmos, de fato, a causa da doença, conseguiremos enxergar nosso pai ou nossos filhos não como inimigos, mas como vítimas, e Deus poderá encher nossos corações de verdadeira compaixão e perdão.
Outro aspecto que é importante ressaltar é que, ao enfrentarmos a ferida infligida pelo pai, jamais devemos culpá-lo pelo pecado em que porventura tenhamos caído na tentativa de compensar ou aliviar a dor. Não importa o que nos aconteceu no passado, precisamos assumir 100% da responsabilidade se recorremos à lascívia, se fomos omissos, ou se usamos qualquer outra forma errada de lidar com nossa ferida.
Encontrando Relacionamentos Saudáveis
Fomos feridos no nosso relacionamento com um homem, nosso pai; por isso, será em relacionamentos autênticos com ele ou com outros homens que o processo de cura começará a se processar.
Alguns não têm mais um pai vivo; outros precisarão esperar com fé e perseverança para que o relacionamento com o pai seja curado. Porém, amor masculino puro, não sexual, não é encontrado exclusivamente com o pai. Quando nossos irmãos nos aceitam e nos amam, apesar de nossas falhas, inconscientemente estão respondendo à nossa pergunta (a grande pergunta): “Sim, você tem o que é necessário para ser um homem... você é importante, você tem valor, tem dons que me abençoam, sua amizade é prazerosa para mim”. Através do seu apoio e encorajamento, nossos irmãos transmitem-nos a bênção do amor e da força masculinos.
Davi, que já conhecia o amor e o carinho do relacionamento conjugal, expressou assim a importância de sua amizade com Jônatas: “Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres” (2 Sm 1.27).
Amor puro de homem para homem não tem as complicações sexuais ou o atrito emocional que surgem das diferenças entre homens e mulheres. Quando um outro irmão me desafia sobre um determinado assunto na minha vida, desde que não o faça com insultos ou intenções cruéis, eu posso recebê-lo sem dificuldades. Os homens compreendem os temores e inseguranças de outros homens, o que permite que abençoem uns aos outros de formas que seriam impossíveis para as mulheres.
Relacionamentos de homem para homem dentro da grande família de Deus podem ser de irmãos (de igual para igual), ou de pai para filho. Além do nosso novo relacionamento com Deus Pai, podemos experimentar relacionamentos saudáveis dentro da igreja e sermos curados na nossa hombridade doentia. Acima de tudo, podemos ainda ser pais verdadeiros para nossos filhos naturais e ver o ciclo satânico quebrado nas nossas famílias, e a promessa de Deus a Malaquias começar a ser cumprida antes do grande dia do Senhor.
Extraído e adaptado de:
“The Real Men’s Movement” e “Healing the Father-Wound”, por Gordon Dalbey, que podem ser encontrados no site: www.abbafather.com. Gordon Dalbey é pastor, conferencista e autor de vários livros em inglês sobre o assunto de Hombridade, como “Healing the Masculine Soul” (“Curando a Alma Masculina”) e “Fight Like a Man” (“Lute Como um Homem”). Foi um dos preletores no primeiro evento dos “Promise Keepers” que foi realizado em um estádio do Colorado, EUA, em 1992.
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Caros(as) amigos(as).
Aqui termino as reflexões sobre a identidade do homem e suas implicações para as relações consigo mesmo, com sua familia, esposa, filhos, e também com amigos. Espero que tenha sido útil à sua vida.
Que esperança podemos ter para alguma mudança no quadro dramático da situação da família e do homem hoje (descrita no artigo A Doença dos Homens)? Existe “bálsamo em Gileade? ou não há lá médico?” (Jr 8.22).
Temos, sim, uma grande promessa na Palavra de Deus. De fato, exatamente no ponto em que as Escrituras mudaram o foco dos mandamentos e da lei de Moisés para a obra de Jesus, Deus mostrou que pretende curar a grande enfermidade da humanidade:
“...ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml 4.5, 6).
A desintegração de relacionamentos entre pais e filhos neste mundo reflete a quebra de contato entre a humanidade e Deus. É por isso que a restauração do relacionamento com o Pai constitui, na realidade, o foco principal do poder redentor de Deus neste mundo. Jesus veio para revelar o Pai e para reconciliar com ele a humanidade (Jo 14.8-13). E em nenhum lugar a necessidade por essa reconciliação é mais profundamente sentida do que na falta que o homem sente de um pai.
Nenhuma dor fere o coração do homem mais profundamente do que o abandono emocional e/ou físico do pai. Para os homens, a ferida do pai é uma maldição mortal.
O Primeiro Passo
A palavra “integridade” vem de uma raiz que significa inteiro, como em números inteiros. O homem que se esconde e tenta encobrir sua ferida interior não é um homem de integridade. É apenas metade de um homem. Ele pode conhecer a verdade da Palavra de Deus, mas não a graça do coração do Pai.
O primeiro passo, então, para a cura é reconhecer sua verdadeira condição e a causa correspondente. De nada adiantará fazer parte de movimentos ou cursos para homens se esses tão-somente estabelecerem novas regras ou padrões mais elevados de comportamento. Essa geralmente é só mais uma maneira de esconder nossas feridas por trás de uma fachada religiosa que valoriza desempenho.
Infelizmente, a maior parte do ensinamento cristão para os homens hoje simplesmente nos mostra o que devemos fazer, as terríveis conseqüências se não o fizermos e, talvez, os maravilhosos benefícios se conseguirmos atingir o padrão. São exortações do tipo “dez princípios de hombridade santa” ou os “cinco padrões de masculinidade bíblica”. É mais fácil enfocar a prática do bem do que ser autêntico.
O homem que foge de sua ferida mortal e da necessidade do Salvador sempre acabará se tornando escravo da vergonha de não ter alcançado o padrão desejado. Sentindo abandono e frustração, procurará sua identidade no trabalho e, muitas vezes, nas mulheres, seja na mãe, na esposa ou em algum relacionamento superficial. Ficará vulnerável a uma porção de falsificações mundanas e até religiosas, que prometem calar a voz da vergonha e torná-lo, afinal, um “verdadeiro homem”.
Já a hombridade da Nova Aliança requer que enfrentemos os duros fatos de que não somos capazes de fazer o que Deus ordena e exige que clamemos a ele por livramento. Precisamos aprender a levar a nossa vergonha à cruz e não a encobri-la com tentativas de bom desempenho.
O caminho para a recuperação da hombridade perdida, então, é por meio da autenticidade, que tem uma grande relação com arrependimento. O que nos salvará não é a nova determinação de fazer “o que é certo”, mas o anseio de conhecer o verdadeiro Pai (Gl 5.1-6; Rm 7.18). Só autenticidade pode nos levar a ser homens da Nova Aliança – com a coragem de enfrentar a vergonha de nossa própria impotência e de entregá-la a Jesus para que ele a assuma totalmente.
Se nenhum pai humano é perfeito e todos nós carregamos as feridas que resultam dessa imperfeição, teremos de buscar a verdadeira filiação em Cristo para conhecermos o único Pai perfeito. Isso não é apenas uma questão de palavras ou de teoria. Precisamos aprender a nos relacionar de fato com o Pai, sentir sua aceitação, sua perseverança, sua disciplina e seus tratamentos até encontrarmos seu reconhecimento de que, de fato, algo novo está sendo gerado no nosso interior.
Aprendendo a Perdoar
Enfrentar a ferida inclui dois aspectos: o primeiro, já descrito acima, é reconhecer nossa doença, nossa incapacidade, nossa falta de hombridade. Isso nos leva à cruz, à obra consumada de Cristo, à filiação.
O segundo é entender que, embora a causa tenha sido a humanidade caída de nosso pai natural, ele, por sua vez, também sofreu as conseqüências de ter sido criado por um pai imperfeito, e precisa ser amado e perdoado. É diferente de defender o pai, que, muitas vezes, é uma reação natural do filho, mas pode significar um encobrimento da ferida. Se não enfrentarmos o fato de que realmente houve falhas, não abriremos o caminho para a cura, nem para mudanças em nossas próprias vidas. E o ciclo continuará para a próxima geração.
A promessa de Malaquias é que antes da consumação do dia do Senhor, haverá um ministério que tornará os corações dos pais aos filhos e dos filhos aos pais. Essa restauração pode acontecer em qualquer fase da nossa vida. Nunca é tarde demais para um pai voltar-se para seus filhos, ainda que sejam adultos. Nunca é tarde demais para um filho voltar-se para seu pai, ainda que este seja idoso. E jamais poderemos calcular os efeitos que tal restauração trará – não só para os membros imediatos da família envolvida.
Se virmos, de fato, a causa da doença, conseguiremos enxergar nosso pai ou nossos filhos não como inimigos, mas como vítimas, e Deus poderá encher nossos corações de verdadeira compaixão e perdão.
Outro aspecto que é importante ressaltar é que, ao enfrentarmos a ferida infligida pelo pai, jamais devemos culpá-lo pelo pecado em que porventura tenhamos caído na tentativa de compensar ou aliviar a dor. Não importa o que nos aconteceu no passado, precisamos assumir 100% da responsabilidade se recorremos à lascívia, se fomos omissos, ou se usamos qualquer outra forma errada de lidar com nossa ferida.
Encontrando Relacionamentos Saudáveis
Fomos feridos no nosso relacionamento com um homem, nosso pai; por isso, será em relacionamentos autênticos com ele ou com outros homens que o processo de cura começará a se processar.
Alguns não têm mais um pai vivo; outros precisarão esperar com fé e perseverança para que o relacionamento com o pai seja curado. Porém, amor masculino puro, não sexual, não é encontrado exclusivamente com o pai. Quando nossos irmãos nos aceitam e nos amam, apesar de nossas falhas, inconscientemente estão respondendo à nossa pergunta (a grande pergunta): “Sim, você tem o que é necessário para ser um homem... você é importante, você tem valor, tem dons que me abençoam, sua amizade é prazerosa para mim”. Através do seu apoio e encorajamento, nossos irmãos transmitem-nos a bênção do amor e da força masculinos.
Davi, que já conhecia o amor e o carinho do relacionamento conjugal, expressou assim a importância de sua amizade com Jônatas: “Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres” (2 Sm 1.27).
Amor puro de homem para homem não tem as complicações sexuais ou o atrito emocional que surgem das diferenças entre homens e mulheres. Quando um outro irmão me desafia sobre um determinado assunto na minha vida, desde que não o faça com insultos ou intenções cruéis, eu posso recebê-lo sem dificuldades. Os homens compreendem os temores e inseguranças de outros homens, o que permite que abençoem uns aos outros de formas que seriam impossíveis para as mulheres.
Relacionamentos de homem para homem dentro da grande família de Deus podem ser de irmãos (de igual para igual), ou de pai para filho. Além do nosso novo relacionamento com Deus Pai, podemos experimentar relacionamentos saudáveis dentro da igreja e sermos curados na nossa hombridade doentia. Acima de tudo, podemos ainda ser pais verdadeiros para nossos filhos naturais e ver o ciclo satânico quebrado nas nossas famílias, e a promessa de Deus a Malaquias começar a ser cumprida antes do grande dia do Senhor.
Extraído e adaptado de:
“The Real Men’s Movement” e “Healing the Father-Wound”, por Gordon Dalbey, que podem ser encontrados no site: www.abbafather.com. Gordon Dalbey é pastor, conferencista e autor de vários livros em inglês sobre o assunto de Hombridade, como “Healing the Masculine Soul” (“Curando a Alma Masculina”) e “Fight Like a Man” (“Lute Como um Homem”). Foi um dos preletores no primeiro evento dos “Promise Keepers” que foi realizado em um estádio do Colorado, EUA, em 1992.
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Caros(as) amigos(as).
Aqui termino as reflexões sobre a identidade do homem e suas implicações para as relações consigo mesmo, com sua familia, esposa, filhos, e também com amigos. Espero que tenha sido útil à sua vida.
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