domingo, 13 de setembro de 2009

A Grande Pergunta

por John Eldredge e Gordon Dalbey

Existe uma pergunta que nasce no coração de todos os meninos, bem no início de sua vida. Não é uma pergunta simples, nem tampouco se expressa, já no princípio, de uma forma claramente enunciada. Antes, representa um anseio, um desejo profundo, e exige uma resposta. Se pudéssemos colocá-la em palavras, seria mais ou menos assim: “Tenho o que é necessário para ser homem? Sou capaz?”


Até que um homem tenha plena consciência de que é um homem, tentará provar isso constantemente, enquanto, ao mesmo tempo, fugirá de qualquer coisa que possa revelar que ele não o é. A maioria dos homens passa a vida inteira sentindo-se perseguida pela pergunta, ou deformada pela resposta que recebeu nos seus anos de formação.


No caso de pais violentos, a pergunta é respondida de modo devastador. “Eu tenho o que é necessário? Eu sou um homem, papai?” “Não, você é um filhinho da mamãe, um tolo, um efeminado, uma gaivota.” Essas são sentenças definidas que moldam a vida de um homem. São feridas de um ataque que entram fundo como um tiro no peito. Podem causar um mal indescritível, especialmente quando envolvem anos de abuso físico, sexual ou verbal.


Porém, há um outro tipo de resposta. É a resposta do silêncio, da falta de bênção. Os pais podem estar presentes fisicamente, contudo comportam-se como ausentes em relação a seus filhos. O silêncio é ensurdecedor e esmagador. Na verdade, é pior do que ter um pai que foi embora ou do que não ter um pai, pois deixa uma mensagem subliminar para o filho. “Eu tenho o que é necessário? Eu sou um homem, papai?” Como resposta, vem o silêncio. “Não sei... duvido... você terá que descobrir por si mesmo... provavelmente não.”


Essas feridas, recebidas de forma passiva, podem não ser percebidas de imediato, mas são perniciosas como um câncer. Por serem sutis, freqüentemente nem são reconhecidas como feridas e, por isso, tornam-se muito mais difíceis de serem curadas.


Você pode matar um organismo vivo, como uma planta, de duas maneiras. Você pode destruí-la agressivamente. Cortá-la, esmagá-la, pisoteá-la. Ou pode fazer de outro modo. Pode simplesmente abandoná-la. Não a regue. A vida requer entrada, suprimento. O abandono mata.


Nas almas dos homens, a arma da destruição é a vergonha. Quando o pai não abraça, encoraja, guia e protege, o filho cresce pensando: “Meu pai não me dá muito valor. Não devo mesmo ter valor algum”. Ele não se sente como um verdadeiro homem, confiante da sua identidade, com um destino e a capacitação de cumpri-lo. Sente enorme vergonha e ira por ter sido abandonado na sua maior necessidade.


Este não é um problema exclusivo dos adolescentes ou jovens. A pergunta não desaparece. Não existe uma hora em que o homem supera automaticamente sua crise de identidade. Ainda que tente, durante muitos anos, eliminá-la de sua consciência e apenas “continuar a sua vida”, ele não consegue. É um anseio tão essencial às nossas almas que nos persegue continuamente e brota vez após vez durante a nossa jornada, mesmo depois que achávamos tê-la sufocado terminantemente.


Tampouco é um problema exclusivo de alguns homens, produto apenas de lares divididos ou pais abusivos. Todo homem carrega a ferida, não importa como sua vida possa parecer boa para quem está de fora, pois ninguém teve pais perfeitos.


Cada ferida, seja causada por ataques diretos ou por ausência passiva, traz consigo uma mensagem. A mensagem parece final e verdadeira, absolutamente verdadeira, porque é entregue com muita força. A nossa reação a ela molda a nossa personalidade de maneiras muito significativas. Em geral, produz um falso ego. A maioria dos homens vive um falso ego, um fingimento, que está diretamente relacionado à sua ferida.

Extraído e adaptado do livro “Coração Selvagem”, de John Eldredge, CPAD, e de “Curando a Ferida do Pai”, por Gordon Dalbey.

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Caros(as) amigos(as).

Estas últimas semanas tenho enfocado nos textos que refletem a identidade do homem e suas implicações para as relações consigo mesmo, com sua familia, esposa, filhos, e também com amigos. Por mais algum tempo vamos continuar refletindo este tema.

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