Caros amigos e amigas, este blog é um meio que encontrei de compartilhar artigos, textos, reflexões bíblicas sobre a vida e os desafios de se por em prática aquilo que cremos. Boa leitura!
domingo, 27 de setembro de 2009
Pais Ausentes, filhos Infelizes
por Sérgio Andrade
As constantes demandas da agitada vida pos-moderna parecem colaborar para a fragilização das relações entre pais e filhos. Os afazeres e as exigências da sustentabilidade, das aquisições e da melhoria da condição de vida podem se revelar, ao longo do tempo, uma tremenda armadilha que corrói os laços familiares.
É também por estas razões que não se torna tarefa dificil encontrar adolescentes e jovens bastante desorientados, desanimados e, muitas vezes, profundamente inconformados com as relações estabelecidas com seus pais. O silêncio, a sonolência e a aparente quietude podem revelar outras condições d’alma. Quem sabe é saudade dos braços, da companhia e da segurança que se foram.
A falta de disponibilidade de tempo exige dos pais e algum tipo de atitude compensadora. É mais comum do que se imagina encontrar pais que trocam a impossibilidade da presença pelo direito à posse e à liberdade. Afinal, dizem eles: “se não podemos permanecer e dar atenção aos nossos filhos, que pelo menos comprem o que desejam, vivam livres e façam suas escolhas”.
Não basta dar dinheiro e dizer: “Vá!”. Outras perguntas se apresentam: “vai para onde? Vai com quem? Vai para que? Vai e volta?”. Dinheiro e liberdade solicitam a presença de diretrizes, diálogos e orientações. Sem estes, tais ingredientes tornam-se geradores de tragédias, dores e perdas irreparáveis, muitas das quais envolvendo outras famílias, pais e filhos.
Sem moralismos, é urgente franquear os ouvidos. Destituídos de qualquer iniciativa castradora, é necessário conhecer amigos, companheiros e namoradas.
Despojados de uma pretensa sabedoria, é preciso conversar abertamente sobre tudo: causas e consequências; ganhos e perdas; oportunidades e desastres; prazeres e responsabilidades.
Com tais palavras não pretendemos reinaugurar o controle dos pais sobre os filhos. É evidente que adolescentes e jovens devem crescer em busca da autonomia futura e, para tal, devem ser instados a construir seus caminhos.
É a volta que nos interessa. Só retornará aquele que partiu sabendo que o amor, o cuidado, o ensinamento e a presença dos pais estiveram com ele sem trocas, barganhas, compensações e ausências.
Pai, fica ao meu Lado!
Estamos inseridos numa sociedade marcada pela dinâmica cotidiana e pelos diversos atrativos que sacodem nossos corações. Atividades diferentes, oportunidades de ganho, esportes, amigos, relatórios, vendas e notícias são algumas palavras que preenchem os espaços de tempo que nos envolvem. E neste contexto, o tempo disponível parece tão pouco.
O que fazer quando nosso dia parece tão pequeno? Como encontrar um brecha nos meus horários para estar com meus filhos? Como eles e elas se sentem quando podem usufruir da presença do pai? Quais são as consequências de um pai presente?
Quando Deus convida os pais para estarem ao lado de seus filhos, Ele abre nossa mente e nosso coração para que possamos perceber os inúmeros benefícios que tal disposição poderá gerar naqueles que são bênçãos do Senhor às nossas vidas. Listo alguns ganhos para nossos filhos quando estamos por perto:
1. Meninos e meninas que contam com várias horas da presença do pai durante a semana desenvolvem melhor auto-estima, se sentem mais seguros e buscam cultivar novos relacionamentos. Com gestos e palavras, os pais, são exemplos para seus filhos.
2. Filhos que realizam atividades conjuntas com seus pais se saem melhor nos estudos e têm mais anos de escolaridade. É evidente que a educação formal tem maior alcançe quando impulsionamos nossos filhos nesta direção.
3. Meninos que convivem com o pai possuem menor tendência à violência, a se meterem em confusões e paticiparem de grupos de rua. O entrosamento na família e um bom ambiente em casa, ajudam os filhos a ouvirem os ensinamentos de seus pais.
4. Pais presentes que dialogam com seus filhos, cultivam neles o hábito de conversarem mais com outras pessoas e favorecem a abertura para o entendimento.
5. Filhos que oram e lêem a Bíblia com seus pais tendem a desenvolver uma relação saudável com Deus. Ensinar o bom caminho do Evangelho aos filhos deve ser com compromisso de todo pai que tem o Senhor como PAI!
http://www.catedraltrindade.org.br/
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Onde Estava Adão Quando Tudo Começou?
por Larry Crabb
Onde estava Adão quando a serpente tentou Eva? A Bíblia diz que após Eva ter sido enganada por Satanás, tomou do fruto proibido “... e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu" (Gn 3.6).
Será que Adão estava ali o tempo todo? Em pé, bem ao lado da esposa, enquanto a serpente a enganava com sua astúcia? Estava ali, ouvindo cada palavra?
Se estava – e há boa razão para pensar assim – então uma importante pergunta precisa ser feita: POR QUE ELE NÃO DISSE NADA?
Antes de Deus criar Eva, ele já ordenara a Adão que nunca comesse de certa árvore.
Era esperado que Adão transmitisse a proibição à esposa quando esta apareceu em cena. Presumimos que ele o fez. Mas quando a serpente encetou uma conversa com Eva com o intuito de confundir suas idéias a respeito da bondade de Deus, Adão não disse nada. Contudo, estava ouvindo cada palavra! Ele ouviu Eva citar incorretamente a ordem de Deus que ele, Adão, lhe transmitira cuidadosamente. Estava observando quando ela começou a olhar a árvore proibida. Viu quando ela deu um passo na direção da árvore e estendeu a mão para apanhar seu fruto. E não fez coisa alguma nem falou palavra alguma para detê-la. Adão permaneceu em silêncio! Por quê?
Lembre-se de que Eva foi enganada pela serpente, mas Adão não (1 Tm 2.14). Ele sabia o que estava acontecendo. Talvez devesse ter dito: "Ora, espere aqui um minuto só! Querida, essa serpente está aprontando encrenca. Estou vendo certinho sua lábia diabólica. Ela está enganando você para fazê-la pensar que tem mais a ganhar se desobedecer a Deus do que se permanecer fiel a ele. É uma mentira! Deixe-me contar-lhe exatamente o que Deus me disse antes de ter feito você. E olhe à nossa volta. Isto é o Paraíso. Deus o fez e deu todinho para nós. Não temos nenhuma razão para duvidar da sua bondade.” E depois, afastando-se de Eva: “Serpente, esta conversa acabou. SUMA!”
Mas Adão não disse nada. Ele ficou ali, ouviu e viu tudo e não disse uma palavra sequer. Ele falhou para com sua mulher. Falhou, em sua primeira luta espiritual, em representar Deus. Falhou como homem!
O silêncio de Adão é o começo da falha de cada homem, da rebeldia de Caim à impaciência de Moisés, da fraqueza de Pedro até a minha falha ontem em amar bem a minha esposa. E é um retrato – um retrato inquietante mas revelador – da natureza de nosso fracasso.
Desde Adão, todo homem tem tido uma inclinação natural para permanecer em silêncio quando deveria falar. O homem sente-se mais confortável em situações nas quais sabe exatamente o que fazer. Quando as coisas ficam confusas ou apavorantes, suas entranhas se contraem e ele se afasta. Quando a vida o frustra com sua enlouquecedora imprevisibilidade, ele sente a raiva crescer ¬dentro de si. E então, cheio de terror e fúria, ele se esquece da verdade de Deus e trata de defender-se.
Desse ponto em diante, tudo dá errado. Voltado apenas para si mesmo, ele se vira para fazer sua vida funcionar. O resultado é o que vemos todos os dias: paixões sexuais descontroladas, maridos e pais sem envolvimento, homens zangados que amam estar no controle de tudo. E tudo isso começou quando Adão se recusou a falar.
Os homens têm um chamado singular para se lembrarem do que Deus disse e falarem de acordo, a adentrarem a perigosa incerteza com confiança e sabedoria que vem de ouvir a Deus. Em vez disso, como Adão, esquecemo-nos de Deus e permanecemos em silêncio. E Satanás continua obtendo um número excessivo de vitórias: em nossa sociedade, em nossas igrejas e nas vidas de nossas esposas, filhos e amigos. Está na hora de os homens recobrarem a voz, de ouvirem a Deus – e de falarem. ¬
Nota da Redação: É importante observar que não há nenhuma base sólida para se afirmar que Adão ouviu a conversa entre a serpente e Eva. No entanto, as considerações do autor a respeito da omissão de Adão, mesmo quando Eva lhe deu o fruto proibido, continuam muito válidas.
Extraído de: “O Silêncio de Adão”, de Larry Crabb com Don Hudson e Al Andrews, Editora Sepal.
domingo, 13 de setembro de 2009
A Grande Pergunta
por John Eldredge e Gordon Dalbey
Existe uma pergunta que nasce no coração de todos os meninos, bem no início de sua vida. Não é uma pergunta simples, nem tampouco se expressa, já no princípio, de uma forma claramente enunciada. Antes, representa um anseio, um desejo profundo, e exige uma resposta. Se pudéssemos colocá-la em palavras, seria mais ou menos assim: “Tenho o que é necessário para ser homem? Sou capaz?”
Até que um homem tenha plena consciência de que é um homem, tentará provar isso constantemente, enquanto, ao mesmo tempo, fugirá de qualquer coisa que possa revelar que ele não o é. A maioria dos homens passa a vida inteira sentindo-se perseguida pela pergunta, ou deformada pela resposta que recebeu nos seus anos de formação.
No caso de pais violentos, a pergunta é respondida de modo devastador. “Eu tenho o que é necessário? Eu sou um homem, papai?” “Não, você é um filhinho da mamãe, um tolo, um efeminado, uma gaivota.” Essas são sentenças definidas que moldam a vida de um homem. São feridas de um ataque que entram fundo como um tiro no peito. Podem causar um mal indescritível, especialmente quando envolvem anos de abuso físico, sexual ou verbal.
Porém, há um outro tipo de resposta. É a resposta do silêncio, da falta de bênção. Os pais podem estar presentes fisicamente, contudo comportam-se como ausentes em relação a seus filhos. O silêncio é ensurdecedor e esmagador. Na verdade, é pior do que ter um pai que foi embora ou do que não ter um pai, pois deixa uma mensagem subliminar para o filho. “Eu tenho o que é necessário? Eu sou um homem, papai?” Como resposta, vem o silêncio. “Não sei... duvido... você terá que descobrir por si mesmo... provavelmente não.”
Essas feridas, recebidas de forma passiva, podem não ser percebidas de imediato, mas são perniciosas como um câncer. Por serem sutis, freqüentemente nem são reconhecidas como feridas e, por isso, tornam-se muito mais difíceis de serem curadas.
Você pode matar um organismo vivo, como uma planta, de duas maneiras. Você pode destruí-la agressivamente. Cortá-la, esmagá-la, pisoteá-la. Ou pode fazer de outro modo. Pode simplesmente abandoná-la. Não a regue. A vida requer entrada, suprimento. O abandono mata.
Nas almas dos homens, a arma da destruição é a vergonha. Quando o pai não abraça, encoraja, guia e protege, o filho cresce pensando: “Meu pai não me dá muito valor. Não devo mesmo ter valor algum”. Ele não se sente como um verdadeiro homem, confiante da sua identidade, com um destino e a capacitação de cumpri-lo. Sente enorme vergonha e ira por ter sido abandonado na sua maior necessidade.
Este não é um problema exclusivo dos adolescentes ou jovens. A pergunta não desaparece. Não existe uma hora em que o homem supera automaticamente sua crise de identidade. Ainda que tente, durante muitos anos, eliminá-la de sua consciência e apenas “continuar a sua vida”, ele não consegue. É um anseio tão essencial às nossas almas que nos persegue continuamente e brota vez após vez durante a nossa jornada, mesmo depois que achávamos tê-la sufocado terminantemente.
Tampouco é um problema exclusivo de alguns homens, produto apenas de lares divididos ou pais abusivos. Todo homem carrega a ferida, não importa como sua vida possa parecer boa para quem está de fora, pois ninguém teve pais perfeitos.
Cada ferida, seja causada por ataques diretos ou por ausência passiva, traz consigo uma mensagem. A mensagem parece final e verdadeira, absolutamente verdadeira, porque é entregue com muita força. A nossa reação a ela molda a nossa personalidade de maneiras muito significativas. Em geral, produz um falso ego. A maioria dos homens vive um falso ego, um fingimento, que está diretamente relacionado à sua ferida.
Extraído e adaptado do livro “Coração Selvagem”, de John Eldredge, CPAD, e de “Curando a Ferida do Pai”, por Gordon Dalbey.
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Caros(as) amigos(as).
Estas últimas semanas tenho enfocado nos textos que refletem a identidade do homem e suas implicações para as relações consigo mesmo, com sua familia, esposa, filhos, e também com amigos. Por mais algum tempo vamos continuar refletindo este tema.
Deixe seu comentario.
Existe uma pergunta que nasce no coração de todos os meninos, bem no início de sua vida. Não é uma pergunta simples, nem tampouco se expressa, já no princípio, de uma forma claramente enunciada. Antes, representa um anseio, um desejo profundo, e exige uma resposta. Se pudéssemos colocá-la em palavras, seria mais ou menos assim: “Tenho o que é necessário para ser homem? Sou capaz?”
Até que um homem tenha plena consciência de que é um homem, tentará provar isso constantemente, enquanto, ao mesmo tempo, fugirá de qualquer coisa que possa revelar que ele não o é. A maioria dos homens passa a vida inteira sentindo-se perseguida pela pergunta, ou deformada pela resposta que recebeu nos seus anos de formação.
No caso de pais violentos, a pergunta é respondida de modo devastador. “Eu tenho o que é necessário? Eu sou um homem, papai?” “Não, você é um filhinho da mamãe, um tolo, um efeminado, uma gaivota.” Essas são sentenças definidas que moldam a vida de um homem. São feridas de um ataque que entram fundo como um tiro no peito. Podem causar um mal indescritível, especialmente quando envolvem anos de abuso físico, sexual ou verbal.
Porém, há um outro tipo de resposta. É a resposta do silêncio, da falta de bênção. Os pais podem estar presentes fisicamente, contudo comportam-se como ausentes em relação a seus filhos. O silêncio é ensurdecedor e esmagador. Na verdade, é pior do que ter um pai que foi embora ou do que não ter um pai, pois deixa uma mensagem subliminar para o filho. “Eu tenho o que é necessário? Eu sou um homem, papai?” Como resposta, vem o silêncio. “Não sei... duvido... você terá que descobrir por si mesmo... provavelmente não.”
Essas feridas, recebidas de forma passiva, podem não ser percebidas de imediato, mas são perniciosas como um câncer. Por serem sutis, freqüentemente nem são reconhecidas como feridas e, por isso, tornam-se muito mais difíceis de serem curadas.
Você pode matar um organismo vivo, como uma planta, de duas maneiras. Você pode destruí-la agressivamente. Cortá-la, esmagá-la, pisoteá-la. Ou pode fazer de outro modo. Pode simplesmente abandoná-la. Não a regue. A vida requer entrada, suprimento. O abandono mata.
Nas almas dos homens, a arma da destruição é a vergonha. Quando o pai não abraça, encoraja, guia e protege, o filho cresce pensando: “Meu pai não me dá muito valor. Não devo mesmo ter valor algum”. Ele não se sente como um verdadeiro homem, confiante da sua identidade, com um destino e a capacitação de cumpri-lo. Sente enorme vergonha e ira por ter sido abandonado na sua maior necessidade.
Este não é um problema exclusivo dos adolescentes ou jovens. A pergunta não desaparece. Não existe uma hora em que o homem supera automaticamente sua crise de identidade. Ainda que tente, durante muitos anos, eliminá-la de sua consciência e apenas “continuar a sua vida”, ele não consegue. É um anseio tão essencial às nossas almas que nos persegue continuamente e brota vez após vez durante a nossa jornada, mesmo depois que achávamos tê-la sufocado terminantemente.
Tampouco é um problema exclusivo de alguns homens, produto apenas de lares divididos ou pais abusivos. Todo homem carrega a ferida, não importa como sua vida possa parecer boa para quem está de fora, pois ninguém teve pais perfeitos.
Cada ferida, seja causada por ataques diretos ou por ausência passiva, traz consigo uma mensagem. A mensagem parece final e verdadeira, absolutamente verdadeira, porque é entregue com muita força. A nossa reação a ela molda a nossa personalidade de maneiras muito significativas. Em geral, produz um falso ego. A maioria dos homens vive um falso ego, um fingimento, que está diretamente relacionado à sua ferida.
Extraído e adaptado do livro “Coração Selvagem”, de John Eldredge, CPAD, e de “Curando a Ferida do Pai”, por Gordon Dalbey.
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Caros(as) amigos(as).
Estas últimas semanas tenho enfocado nos textos que refletem a identidade do homem e suas implicações para as relações consigo mesmo, com sua familia, esposa, filhos, e também com amigos. Por mais algum tempo vamos continuar refletindo este tema.
Deixe seu comentario.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
A Doença dos Homens
Por Christopher Walker
Estamos vivendo em tempos difíceis. Para onde quer que você olhe, há crise, falta de esperança, falta de soluções. Na política, corrupção; na vida econômica, desigualdades sociais vergonhosas; na educação, desilusão e falta de modelos; na cultura, imoralidade e relativismo total; na sociedade, criminalidade, insegurança, isolamento e alienação. O pior de tudo – para nós cristãos – é que quando olhamos para a igreja, que deveria ser luzeiro de esperanças no meio das trevas, vemos as mesmas crises e estatísticas que há no restante da sociedade.
Não precisamos repetir aqui que a raiz de tudo isso está no desmoronamento da unidade familiar. Mais do que isso: nenhuma mudança verdadeira ou duradoura ocorrerá na sociedade sem mudanças anteriores e radicais no lugar onde tudo começa, na própria célula fundamental da sociedade. Não adianta, por exemplo, pensar em mudar o sistema educacional sem mudar a formação que as crianças recebem no lar; será inútil passar leis de moralidade no Congresso se não redescobrirmos como estabelecer e transmitir verdadeiros padrões morais dentro de casa – e assim sucessivamente.
A família está doente, desajustada, desestruturada. Por quê? O que aconteceu? Por um lado, podemos dizer que, sem Deus, a família sempre teve e sempre terá problemas. Porém, nas últimas décadas, a situação vem se agravando porque o homem, a peça chave que, de acordo com o plano original na Bíblia, representa a conexão vital entre a família e Deus (veja 1 Co 11.3), está cada vez mais distante do seu devido papel. E quando o homem sai do seu papel correto, todas as demais funções na família ficam desajustadas também.
O Papel Perdido do Homem
Durante muitos séculos, principalmente nos países que tinham influência cristã, o homem conhecia seu papel na família. Havia modelos errados, havia abusos, havia opressão e tirania, mas também havia muitos modelos certos. Mesmo nas famílias que não eram cristãs, havia uma semelhança ou sombra do padrão bíblico. O homem não só supria a família com sustento material, mas trazia direção, visão e identidade.
O padrão original de Deus pode ser visto em diversos exemplos bíblicos: Noé levando sua família toda para a arca (Gn 6.18; 7.1,7), Abraão deixando sua parentela para seguir uma palavra de Deus e ordenando a seus filhos depois dele (Gn 12.1; 17.23; 18.19), Josué definindo o futuro de sua família (Js 24.15), o carcereiro de Filipos trazendo toda sua família ao reino de Deus (At 16.31-34). Na qualificação dos líderes na igreja primitiva (1 Tm 3.4,5,12), um dos principais requisitos era o de que o homem estivesse cumprindo plenamente o seu papel.
Com as tendências do mundo secular, cada vez mais distantes dos alicerces cristãos, a pressão tem sido enorme no sentido de negar ao homem esse papel de prover liderança, visão e identidade à família. Embora seja verdade que no passado a mulher tenha sido oprimida e sufocada em muitos sentidos, sua emancipação para uma posição de igualdade no lar e na sociedade deixou o homem perplexo e sem função.
Como geralmente acontece, a situação saiu de um extremo e foi para outro: o homem não só deixou de exercer controle absoluto e tirânico sobre a mulher e os filhos, deixou também de oferecer qualquer tipo de direção, o que resulta, muitas vezes, em conflitos, separações, direções independentes em que cada membro da família faz o que bem entende, ou retração e passividade por parte do homem. Como a mulher, agora, geralmente trabalha, nem a função de prover sustento é mais uma função exclusivamente masculina.
O homem está se tornando, progressivamente, uma peça inútil e desnecessária na família. As estatísticas mostram um número cada vez maior de mulheres que são cabeças do lar – o que deixa ao homem uma mera função biológica de procriação.
O problema é que não há um entendimento ou fortalecimento do verdadeiro papel que Deus deu ao homem. E isso faz parte de uma grande estratégia do inimigo para domesticar e emascular o homem e para privá-lo de sua maior e mais essencial contribuição, deixando-o frustrado e inoperante. Pois, com isso, Satanás consegue desvirtuar a família e afetar radicalmente a igreja e a sociedade.
O resultado é isto que estamos vendo hoje, dentro e fora da igreja: homens sem identidade, frustrados, passivos ou irados (de acordo com o temperamento), sentindo-se inferiores, sem qualificações para encontrar sua verdadeira hombridade e função na família, e tentando se esconder ou refugiar em várias formas enganosas de compensação.
Um dos aspectos mais assustadores de tudo isso é que forma um processo cíclico, que piora a cada geração. Pois os homens que perderam sua identidade naturalmente não conseguem transmitir hombridade e senso de destino para os filhos. E estes, por sua vez, terão uma dificuldade maior ainda para passar algo de valor para a próxima geração.
O Nome da Doença
A situação está tão grave que vários autores (como Gordon Dalbey, John Eldredge, em Coração Selvagem, Mike Genung e outros) já estão diagnosticando essa deficiência nos homens como a ferida do pai.
Chama-se ferida do pai porque consiste na quebra do ciclo natural e saudável que Deus instituiu, no qual o pai transmite ao filho a bênção que inclui o nome (identidade), um senso de valor, uma visão (destino) e a segurança de que será capaz de alcançá-la. O pai é o único, na família, que é capaz de dar uma resposta firme e segura à grande pergunta que brota em todo coração masculino: Eu sou capaz? Tenho o que é necessário para ser um homem? (veja texto ao lado, A Grande Pergunta).
Quando essa função não é exercida na vida de um garoto, um abismo é gerado no seu interior, que se manifesta como vergonha, falta de direção, insegurança, necessidade de se afirmar etc. (A função do pai é essencial na formação de filhas também, porém aqui nos limitaremos a falar sobre o que acontece com os filhos, por estarmos tratando do papel perdido do homem na família.)
Há duas maneiras principais em que a ferida é infligida pelo pai. Na primeira, o pai menospreza e diminui o filho, de forma direta e cruel. Pode ser através de palavras, mas pode também chegar a abuso físico e sexual. Não é preciso dizer que causa danos terríveis e, humanamente falando, irreparáveis no interior de meninos e adolescentes em formação.
A ferida mais comum, entretanto, é bem mais sutil e difícil de ser identificada. É causada pela omissão dos pais, por seu silêncio, por sua ausência nos momentos mais críticos da vida. Muitas famílias (e isso acontece com muita freqüência dentro da igreja) têm a presença física de um pai que, por uma série de razões, não sabe como exercer sua função: não dá sua bênção, não dá opinião, não encoraja, não corrige, não oferece visão ou propósito, não explica, não sabe como situar o filho dentro da vida, como ensiná-lo a tomar decisões, como escolher, como achar o rumo certo. Ele pode até ser considerado um pai bonzinho, pai amigo, pai provedor, mas está ausente nas crises, não oferece segurança, identidade ou direção.
Com um senso de incapacidade e frustração, o homem tende a deixar a criação de filhos para a mãe – ou, como ela também se ausenta cada vez mais em virtude do trabalho secular, o papel de influenciar e direcionar acaba ficando para professores, amigos ou ninguém em particular.
A princípio, o jovem adolescente pode nem achar que algo está faltando. Pode até se sentir mais independente, dono de si. Contudo, isso vai gerando um vácuo de propósito e direção, uma falta de sentido, que o acompanhará por toda sua vida. Como escreve John Eldredge, em Coração Selvagem:
Um menino aprende quem é e o potencial que tem de um outro homem ou por estar em companhia dos homens. Ele não pode aprender isso de nenhum outro lugar, não de outros meninos, muito menos do mundo das mulheres.
Gordon Dalbey também escreve em Healing the Father Wound (Curando a Ferida do Pai):
O pai chama para fora o elemento masculino no seu filho. Sem essa entrada essencial do pai, o filho não consegue se ver mais adiante como homem. Rapidamente, pavorosamente a lacuna entre a sua insuficiência como homem e a imagem do que deseja se tornar é tomada por vergonha. Entra, então, o pai da mentira (Jo 8.44), e promete cobrir essa profunda vergonha nos homens de hoje através de impulsioná-los a uma variedade de comportamentos compulsivos e dependências, que vão desde drogas e pornografia ao excesso de trabalho (conhecido em inglês como workaholism ou vício do trabalho) e legalismo religioso.
Nenhuma dessas coisas, porém, lhe dará o que não recebeu do pai.
Modelos Bíblicos
Pais omissos podem ser mais abundantes no nosso mundo moderno, mas não são uma espécie nova. Há vários exemplos bíblicos, notadamente o sacerdote Eli, que acabou reproduzindo sua paternidade omissa no profeta Samuel, que foi criado por ele junto ao tabernáculo (veja 1 Sm 2.12; 8.3). O que se nota nesses casos é a falta de uma característica essencial para que os pais passem aos filhos caráter e integridade: a disciplina.
A firmeza de convicções, a capacidade de dizer não, de exigir disciplina e caráter é uma função que Deus deu ao pai e que é essencial para gerar verdadeira hombridade. A grande falha do sacerdote Eli era de não repreender, com suficiente firmeza, seus filhos (veja 1 Sm 3.13 e 2.23). Foi também uma grande falha de Davi, pois, de acordo com 1 Reis 1.6, ele jamais contrariou seu filho Adonias, cobrando dele coisa alguma. Sabemos dos frutos amargos que Davi também colheu dessa omissão com outros filhos.
Por outro lado, Davi oferece um modelo positivo de paternidade ao passar sua visão de edificar a casa de Deus ao filho Salomão (1 Rs 2.2-4). “Sê homem”, ele lhe disse, ou seja: “Pegue a visão, cumpra o seu destino, deixe de lado outras coisas e realize a vontade de Deus”. Davi não só lhe passou o encargo, mas deu instruções, mostrou como fazer, providenciou materiais e encorajou-o para que tivesse confiança no cumprimento da grande missão (veja 1 Cr 22.6-19). Também o comissionou e o reconheceu diante de todo o povo e dos líderes de Israel (1 Cr 28.1-11, 20; 29.22-25).
É na paternidade de Deus que temos o modelo perfeito, exemplificado na Bíblia inteira, de como se deve agir, com amor, perseverança, aceitação, mas também com firmeza e convicção na disciplina. No Velho Testamento, ao mesmo tempo em que Deus tem amor e compaixão superiores a uma mãe humana (Is 49.15,16), ele jamais deixará de corrigir e disciplinar para o nosso bem (veja Êx 34.6,7 e Dt 8.16). No Novo Testamento, vemos Jesus, o Filho perfeito que agradava ao Pai em tudo, não sendo atendido na sua súplica de ser isentado do cálice amargo (Lc 22.42), porque o Pai tinha um propósito maior (Is 53.10) e não seria demovido, mesmo ao ver o sofrimento do Filho amado. Jesus tinha total confiança e segurança no amor do Pai (Jo 3.35; 10.17; 13.3), mas sabia que sua missão no mundo era mais importante que sua felicidade ou proteção pessoal.
Estamos vivendo em tempos difíceis. Para onde quer que você olhe, há crise, falta de esperança, falta de soluções. Na política, corrupção; na vida econômica, desigualdades sociais vergonhosas; na educação, desilusão e falta de modelos; na cultura, imoralidade e relativismo total; na sociedade, criminalidade, insegurança, isolamento e alienação. O pior de tudo – para nós cristãos – é que quando olhamos para a igreja, que deveria ser luzeiro de esperanças no meio das trevas, vemos as mesmas crises e estatísticas que há no restante da sociedade.
Não precisamos repetir aqui que a raiz de tudo isso está no desmoronamento da unidade familiar. Mais do que isso: nenhuma mudança verdadeira ou duradoura ocorrerá na sociedade sem mudanças anteriores e radicais no lugar onde tudo começa, na própria célula fundamental da sociedade. Não adianta, por exemplo, pensar em mudar o sistema educacional sem mudar a formação que as crianças recebem no lar; será inútil passar leis de moralidade no Congresso se não redescobrirmos como estabelecer e transmitir verdadeiros padrões morais dentro de casa – e assim sucessivamente.
A família está doente, desajustada, desestruturada. Por quê? O que aconteceu? Por um lado, podemos dizer que, sem Deus, a família sempre teve e sempre terá problemas. Porém, nas últimas décadas, a situação vem se agravando porque o homem, a peça chave que, de acordo com o plano original na Bíblia, representa a conexão vital entre a família e Deus (veja 1 Co 11.3), está cada vez mais distante do seu devido papel. E quando o homem sai do seu papel correto, todas as demais funções na família ficam desajustadas também.
O Papel Perdido do Homem
Durante muitos séculos, principalmente nos países que tinham influência cristã, o homem conhecia seu papel na família. Havia modelos errados, havia abusos, havia opressão e tirania, mas também havia muitos modelos certos. Mesmo nas famílias que não eram cristãs, havia uma semelhança ou sombra do padrão bíblico. O homem não só supria a família com sustento material, mas trazia direção, visão e identidade.
O padrão original de Deus pode ser visto em diversos exemplos bíblicos: Noé levando sua família toda para a arca (Gn 6.18; 7.1,7), Abraão deixando sua parentela para seguir uma palavra de Deus e ordenando a seus filhos depois dele (Gn 12.1; 17.23; 18.19), Josué definindo o futuro de sua família (Js 24.15), o carcereiro de Filipos trazendo toda sua família ao reino de Deus (At 16.31-34). Na qualificação dos líderes na igreja primitiva (1 Tm 3.4,5,12), um dos principais requisitos era o de que o homem estivesse cumprindo plenamente o seu papel.
Com as tendências do mundo secular, cada vez mais distantes dos alicerces cristãos, a pressão tem sido enorme no sentido de negar ao homem esse papel de prover liderança, visão e identidade à família. Embora seja verdade que no passado a mulher tenha sido oprimida e sufocada em muitos sentidos, sua emancipação para uma posição de igualdade no lar e na sociedade deixou o homem perplexo e sem função.
Como geralmente acontece, a situação saiu de um extremo e foi para outro: o homem não só deixou de exercer controle absoluto e tirânico sobre a mulher e os filhos, deixou também de oferecer qualquer tipo de direção, o que resulta, muitas vezes, em conflitos, separações, direções independentes em que cada membro da família faz o que bem entende, ou retração e passividade por parte do homem. Como a mulher, agora, geralmente trabalha, nem a função de prover sustento é mais uma função exclusivamente masculina.
O homem está se tornando, progressivamente, uma peça inútil e desnecessária na família. As estatísticas mostram um número cada vez maior de mulheres que são cabeças do lar – o que deixa ao homem uma mera função biológica de procriação.
O problema é que não há um entendimento ou fortalecimento do verdadeiro papel que Deus deu ao homem. E isso faz parte de uma grande estratégia do inimigo para domesticar e emascular o homem e para privá-lo de sua maior e mais essencial contribuição, deixando-o frustrado e inoperante. Pois, com isso, Satanás consegue desvirtuar a família e afetar radicalmente a igreja e a sociedade.
O resultado é isto que estamos vendo hoje, dentro e fora da igreja: homens sem identidade, frustrados, passivos ou irados (de acordo com o temperamento), sentindo-se inferiores, sem qualificações para encontrar sua verdadeira hombridade e função na família, e tentando se esconder ou refugiar em várias formas enganosas de compensação.
Um dos aspectos mais assustadores de tudo isso é que forma um processo cíclico, que piora a cada geração. Pois os homens que perderam sua identidade naturalmente não conseguem transmitir hombridade e senso de destino para os filhos. E estes, por sua vez, terão uma dificuldade maior ainda para passar algo de valor para a próxima geração.
O Nome da Doença
A situação está tão grave que vários autores (como Gordon Dalbey, John Eldredge, em Coração Selvagem, Mike Genung e outros) já estão diagnosticando essa deficiência nos homens como a ferida do pai.
Chama-se ferida do pai porque consiste na quebra do ciclo natural e saudável que Deus instituiu, no qual o pai transmite ao filho a bênção que inclui o nome (identidade), um senso de valor, uma visão (destino) e a segurança de que será capaz de alcançá-la. O pai é o único, na família, que é capaz de dar uma resposta firme e segura à grande pergunta que brota em todo coração masculino: Eu sou capaz? Tenho o que é necessário para ser um homem? (veja texto ao lado, A Grande Pergunta).
Quando essa função não é exercida na vida de um garoto, um abismo é gerado no seu interior, que se manifesta como vergonha, falta de direção, insegurança, necessidade de se afirmar etc. (A função do pai é essencial na formação de filhas também, porém aqui nos limitaremos a falar sobre o que acontece com os filhos, por estarmos tratando do papel perdido do homem na família.)
Há duas maneiras principais em que a ferida é infligida pelo pai. Na primeira, o pai menospreza e diminui o filho, de forma direta e cruel. Pode ser através de palavras, mas pode também chegar a abuso físico e sexual. Não é preciso dizer que causa danos terríveis e, humanamente falando, irreparáveis no interior de meninos e adolescentes em formação.
A ferida mais comum, entretanto, é bem mais sutil e difícil de ser identificada. É causada pela omissão dos pais, por seu silêncio, por sua ausência nos momentos mais críticos da vida. Muitas famílias (e isso acontece com muita freqüência dentro da igreja) têm a presença física de um pai que, por uma série de razões, não sabe como exercer sua função: não dá sua bênção, não dá opinião, não encoraja, não corrige, não oferece visão ou propósito, não explica, não sabe como situar o filho dentro da vida, como ensiná-lo a tomar decisões, como escolher, como achar o rumo certo. Ele pode até ser considerado um pai bonzinho, pai amigo, pai provedor, mas está ausente nas crises, não oferece segurança, identidade ou direção.
Com um senso de incapacidade e frustração, o homem tende a deixar a criação de filhos para a mãe – ou, como ela também se ausenta cada vez mais em virtude do trabalho secular, o papel de influenciar e direcionar acaba ficando para professores, amigos ou ninguém em particular.
A princípio, o jovem adolescente pode nem achar que algo está faltando. Pode até se sentir mais independente, dono de si. Contudo, isso vai gerando um vácuo de propósito e direção, uma falta de sentido, que o acompanhará por toda sua vida. Como escreve John Eldredge, em Coração Selvagem:
Um menino aprende quem é e o potencial que tem de um outro homem ou por estar em companhia dos homens. Ele não pode aprender isso de nenhum outro lugar, não de outros meninos, muito menos do mundo das mulheres.
Gordon Dalbey também escreve em Healing the Father Wound (Curando a Ferida do Pai):
O pai chama para fora o elemento masculino no seu filho. Sem essa entrada essencial do pai, o filho não consegue se ver mais adiante como homem. Rapidamente, pavorosamente a lacuna entre a sua insuficiência como homem e a imagem do que deseja se tornar é tomada por vergonha. Entra, então, o pai da mentira (Jo 8.44), e promete cobrir essa profunda vergonha nos homens de hoje através de impulsioná-los a uma variedade de comportamentos compulsivos e dependências, que vão desde drogas e pornografia ao excesso de trabalho (conhecido em inglês como workaholism ou vício do trabalho) e legalismo religioso.
Nenhuma dessas coisas, porém, lhe dará o que não recebeu do pai.
Modelos Bíblicos
Pais omissos podem ser mais abundantes no nosso mundo moderno, mas não são uma espécie nova. Há vários exemplos bíblicos, notadamente o sacerdote Eli, que acabou reproduzindo sua paternidade omissa no profeta Samuel, que foi criado por ele junto ao tabernáculo (veja 1 Sm 2.12; 8.3). O que se nota nesses casos é a falta de uma característica essencial para que os pais passem aos filhos caráter e integridade: a disciplina.
A firmeza de convicções, a capacidade de dizer não, de exigir disciplina e caráter é uma função que Deus deu ao pai e que é essencial para gerar verdadeira hombridade. A grande falha do sacerdote Eli era de não repreender, com suficiente firmeza, seus filhos (veja 1 Sm 3.13 e 2.23). Foi também uma grande falha de Davi, pois, de acordo com 1 Reis 1.6, ele jamais contrariou seu filho Adonias, cobrando dele coisa alguma. Sabemos dos frutos amargos que Davi também colheu dessa omissão com outros filhos.
Por outro lado, Davi oferece um modelo positivo de paternidade ao passar sua visão de edificar a casa de Deus ao filho Salomão (1 Rs 2.2-4). “Sê homem”, ele lhe disse, ou seja: “Pegue a visão, cumpra o seu destino, deixe de lado outras coisas e realize a vontade de Deus”. Davi não só lhe passou o encargo, mas deu instruções, mostrou como fazer, providenciou materiais e encorajou-o para que tivesse confiança no cumprimento da grande missão (veja 1 Cr 22.6-19). Também o comissionou e o reconheceu diante de todo o povo e dos líderes de Israel (1 Cr 28.1-11, 20; 29.22-25).
É na paternidade de Deus que temos o modelo perfeito, exemplificado na Bíblia inteira, de como se deve agir, com amor, perseverança, aceitação, mas também com firmeza e convicção na disciplina. No Velho Testamento, ao mesmo tempo em que Deus tem amor e compaixão superiores a uma mãe humana (Is 49.15,16), ele jamais deixará de corrigir e disciplinar para o nosso bem (veja Êx 34.6,7 e Dt 8.16). No Novo Testamento, vemos Jesus, o Filho perfeito que agradava ao Pai em tudo, não sendo atendido na sua súplica de ser isentado do cálice amargo (Lc 22.42), porque o Pai tinha um propósito maior (Is 53.10) e não seria demovido, mesmo ao ver o sofrimento do Filho amado. Jesus tinha total confiança e segurança no amor do Pai (Jo 3.35; 10.17; 13.3), mas sabia que sua missão no mundo era mais importante que sua felicidade ou proteção pessoal.
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